Haroldo Dutra Dias – Justiça divina e justiça humana – Maryland / USA

Excepcional essa palestra de Haroldo Dutra Dias realizada em Maryland, nos EUA, em 26 de março de 2018.

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Justiça divina e justiça humana

Da palestra de Haroldo Dutra Dias realizada em Maryland, nos EUA, em 26 de março de 2018, com o endereço no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=p7k_zqDvBm8, destacam-se as principais ideias abordadas:

  • Haroldo Dutra Dias inicia sua reflexão comentando acerca da terceira parte de “O Livro dos Espíritos” que estabelece as leis morais;
  • cita um ditado jurídico do Direito Romano que diz: “Não importa o quão alto você suba, a lei sempre estará acima de você”. Essa frase não se aplica apenas ao Direito humano e à justiça humana, mas também às leis morais que regem o Universo;
  • acima da inteligência humana, acima dos nossos sentimentos, e regendo os nossos destinos, há um conjunto de leis imutáveis, perfeitas, cujo objetivo é garantir o bem comum, o bem de todos. Assim, o Criador, que é inteligência suprema, que é o amor infinito da criação, nos dá total liberdade para que cada consciência construa o seu destino, estabeleça os seus caminhos, faça as suas escolhas, ame e seja amado. Mas, estabelece um princípio de responsabilidade espiritual;
  • o Espiritismo não vem nos falar de uma lei de castigo. O castigo é uma medida pedagógica, que se justifica em alguns casos, quando tratamos com crianças. Mas, em atingindo a maturidade espiritual, devemos substituir a expressão por responsabilidade. As leis divinas estabelecem que somos responsáveis. Tudo o que fazemos é de nossa responsabilidade, inclusive retificar se necessário;
  • a responsabilidade funciona na justiça humana e na justiça na divina;
  • a justiça humana estabelece uma regra basilar: aquilo que não é bom para nós mesmo, não pode ser bom para o outro. Essa é uma regra que funciona na maioria dos casos;
  • o filósofo Immanuel Kant disse: toda vez que você tiver dúvida se o seu comportamento é justo ou não, você deve fazer a seguinte pergunta: se todas as pessoas do mundo começarem a fazer o que estou fazendo, isso vai ser bom ou ruim? Essa é uma boa pergunta. Se o meu comportamento for generalizado, e se toda a Humanidade começar a adotar esse comportamento, isso será bom ou ruim?
  • o egoísmo: é bom ou ruim eu cuidar apenas dos meus interesses? Sem me importar, o mínimo que seja, com os interesses dos outros. Vamos submeter isso ao critério de Kant.  Se os 8 bilhões de pessoas do mundo viverem cada um para si mesmo, o que será do mundo? Não é bom. Esse é um critério básico de justiça. Por que não é bom? Porque nenhum ser humano nasce autônomo. Todos necessitamos, por muitos anos, da colaboração de diversas pessoas para nos tornarmos um ser humano;
  • o egoísmo não é bom porque ele não pode ser universalizado. Ele não pode se tornar uma conduta universal, porque o mundo entra em colapso. Portanto, o egoísmo é injusto;
  • pensemos, agora, na solidariedade: se os 8 bilhões de habitantes do mundo se tornarem pessoas solidárias. Preocupadas com o bem-estar do outro. O que aconteceria?   Esse mundo se transformaria em um paraíso. Portanto, a solidariedade é um valor da justiça;
  • vamos trabalhar mais três aspectos da justiça humana: liberdade, igualdade e fraternidade, que nasceram nos EUA e na França. Três critérios para a justiça humana;
  • liberdade: a justiça deve resguardar um espaço de movimentação para cada indivíduo. Você precisa ter um espaço. Uma faixa de privacidade. Significa que eu preciso ter autonomia. Significa que ninguém pode impor a mim um rumo à minha própria vida. Preciso ter um grau de autonomia, que não é absoluto. Um grau relativo de autonomia e de liberdade;
  • igualdade: conquista difícil, que ainda não foi alcançada. Igualdade do ponto de vista da justiça e não da utopia. Exemplo: deficientes que necessitam de certo apoio, a igualdade é para equilibrar determinadas situações. Tratamento desigual para os desiguais. A igualdade não pode uniformizar a todas as pessoas, pois todos somos intrinsicamente diferentes;
  • fraternidade: no sentido de justiça, significa que todos podem usufruir dessa justiça. Sociedade que cuida das pessoas quando elas estão em necessidade. A sociedade fraterna estabelece espaços que podem ser utilizados por todos. Os idosos necessitam de amparo na velhice e a sociedade cuida deles;
  • o excesso de liberdade e a falta de liberdade produzem injustiças;
  • o excesso de igualdade produz injustiça. Porque retira a individualidade, não respeita a diversidade, e acaba afetando a liberdade;
  • a falta de igualdade produz a falta de oportunidade, produz a exploração de uns pelos outros;
  • a falta de fraternidade ou solidariedade produz a barbárie. O ser humano regride a um estado primário de sua evolução, regride à selva;
  • essa é a justiça humana;
  • mas quando pensamos na justiça divina, ela conta com elementos ou recursos que a justiça humana não possui;
  • a justiça divina trabalha com objetivos que a justiça humana não trabalha;
  • exemplos: o assassino de alguma pessoa de sua família. Esse ato causou uma perda afetiva irreparável. A prisão do assassino irá equilibrar em que a sua dor? Em nada. O maior problema filosófico da justiça é prender o assassino, medida de proteção da sociedade, sem a colocar em risco. Mas como faço o ressarcimento da vítima que foi assassinada? Porque justiça é ressarcimento. Se a pessoa foi assassinada, como a justiça humana devolve o equilíbrio de quem foi assassinada? Ressuscita? O que a justiça dá para a mãe que perdeu o filho assassinado? Dinheiro? Quanto vale o seu filho? Reparar como?
  • alguém embriagado dirige em alta velocidade o seu veículo; você é atingido e perde a sua perna. Quanto vale a sua perna? E se você perdeu as duas pernas? Quanto vale? Como se faz justiça nesse caso?
  • assim, a atuação do ser humano na justiça possui um limite. O trabalho da justiça humana é de contenção, um trabalho auxiliar, mas ele não resolve as questões fundamentais, como acabamos de concluir;
  • pensando na justiça divina, precisamos pensar: todos somos Espíritos imortais. Você não pode ser definido eternamente por um ato que você praticou;
  • o que você faz durante por uma vida, se isso foi mal, você vai para o inferno e fica eternamente por lá. Isso parecia satisfazer as pessoas. Merecia mesmo. Mas, hoje, há uma outra reflexão filosófica na justiça humana. Se eu, como juiz, aplicar uma pena injusta, quem é o criminoso? Se ao aplicar a lei, eu me excedo, tornei-me criminoso. Por isso, em todos os países desenvolvidos, há um esforço no sentido de limitar os órgãos que exercem a justiça. Por exemplo, a existência de uma legislação de abuso de autoridade, para manter o estrito cumprimento do dever legal;
  • assim, a sociedade atual criou um problema para o inferno. Pois, se o inferno fosse verdadeiro, Deus seria injusto. Aplicaria uma pena desproporcional à falta cometida. Parece lógico e razoável?
  • temos que perceber Deus com os seus atributos, imaterial, imutável, perfeito, com destaque a soberanamente justo e bom;
  • lei de justiça, amor e caridade. Não são três leis, apenas uma só. Não há justiça verdadeira se não houver amor e caridade. Não caridade verdadeira se não houver amor e justiça. Não há amor verdadeiro se não houver justiça. É uma lei só;
  • a justiça divina que cuida do espírito imortal, e que estabelece que todos os seres irão progredir. Ela precisa garantir esse progresso;
  • apresenta o maior instrumento da justiça divina, o primeiro mais importante instrumento da justiça divina e, depois, vai apresentar o segundo. Com esses dois instrumentos, vamos começar a aproximar os nossos pensamentos dos padrões da justiça divina;  
  • primeiro elemento: o tempo.
  • Em “Tempo”, do Espírito Emmanuel, no livro recanto de paz, de Francisco Cândido Xavier:
  • “Alguém te prejudica? Entrega o assunto ao tempo. O orgulho te humilhou? Deixa a resposta ao tempo. De provações que sofras, Aguarda a voz do tempo.
  • Recordações amargas? Confia tudo ao tempo. Olha o mundo em que vives. O tempo tudo acerta.  Serve. Não percas tempo. Todo tempo é de Deus.”
  • O Espírito Humberto de Campos ou Irmão X, no livro “Estante da vida”, em “A cura”, disse: “Deus utiliza o tempo e não a violência”. Porque a violência é explosiva, escandalosa e dá muita publicidade, mas resolve muito pouco;
  • o tempo desgasta e transforma tudo. Todas as imperfeições estão sujeitas ao tempo. Você vai ser perfeito. Não tem saída. Todos os defeitos têm prazo de validade. O tempo tudo corrige. A ação de Deus é lenta, mas soberanamente eficaz;
  • todos os ditadores terminaram no caixão. Há um arco do tempo no uso do livre arbítrio. Há um tempo determinado para a ação da pessoa. Atingido um determinado ponto, cessa o tempo. O recurso de tempo é retirado. Daí o pavor da morte, pois no momento da morte você entrega tudo, inclusive o corpo: nome, títulos, patrimônio, reputação, fama, beleza, juventude, entrega tudo;
  • e todos vão morrer, mas tem uma notícia boa: os nossos espíritos vão sobreviver;
  • o tempo tem essa caraterística extraordinária: ele estabelece um limite para a ação, inclusive do mal;
  • mas, há outro elemento do tempo, ele transforma os seres. Transforma, de modo que, o benfeitor de hoje, foi o déspota de ontem. O tempo nos leva de um estado de imperfeição espiritual, e às vezes de maldade, para um estado de luz, de espiritualidade e de bondade. Isso se chama evolução espiritual. A justiça humana não tem esse recurso. Só a justiça divina;
  • o segundo recurso da justiça divina é a reencarnação;
  • contou um exemplo de uma mãe que tem o seu filho, em que eles foram mortos por um assaltante, o qual foi julgado. Que elementos a justiça humana põe na mão de um juiz? Um processo e uma prisão. Que justiça se pode fazer para a mãe e para a criança? Nenhuma;
  • o assassino foi preso e a sociedade protegida, porque esse assassino não tem condições de viver em sociedade. O que se pode ter dado à criança? Nada; Foi feita a justiça? Não, integral não. Parcial.
  • mas a justiça divina conta com um instrumento: reencarnação;
  • talvez nessa reencarnação, você receba no útero aquele Espírito do qual você tirou a vida. Agora você tirou, agora você restitui. Porque a lei é de reparação;
  • em uma reencarnação, você retirou todos os bens de uma criatura, deixando-a em uma situação constrangedora. Você em outra encarnação constrói todo um patrimônio, e de repente você deixa todos esses bens para quem? Àquele de quem você tirou. Você restitui. Repara;
  • a lei é de responsabilidade. A lei é de reparação para restituir o equilíbrio, que um dia você tirou.
  • tempo e reencarnação: ferramentas ocultas e sublimes de Deus que operam nas nossas vidas e nos nossos destinos, concertando tudo que um dia estragou. Harmonizando tudo, que um dia foi desarmonizado;
  • há muita injustiça no mundo, todos os dias milhares de injustiça são cometidas, mas não há nenhum injustiçado;
  • um amigo do Haroldo, que conviveu com Chico Xavier, era contador, narrou que um dia levaram tudo do escritório dele. Quebraram o escritório inteiro. Naquele dia à noite, ele tinha reunião no Centro. Chegou triste no Grupo Espírita que o Chico frequentava em Uberaba. Chico perguntou o que aconteceu?  Ele contou tudo. Chico o abraçou. Ai o Chico disse: é tão bom devolver;
  • não nascemos apenas para ajustar, mas também para construir o amanhã. Estamos reparando o passado e construindo o futuro. Construir uma vida mais justa. Construir uma nova vida;
  • quando o resgate terminar, terá um grande desafio: fazer diferente. Fazer uma nova escolha. Recomeçar. É a maior luz. Ter a certeza de que tudo pode ser reconstruído;
  • boa dose de paciência, fé, esperança, pois o tempo opera a favor de quem deseja reconstruir;
  • leu uma mensagem de Emmanuel, Deus em nós:
  • “Quem pode delimitar a extensão das bênçãos que dimanam da Altura? Por ser sempre de origem inferior, o mal é limitado como todas as manifestações devidas exclusivamente às criaturas; o bem, no entanto, possui caráter divino e, semelhante aos atributos do Pai excelso, traz em si a qualidade de ser infinito em qualquer direção. (…) Por mais sombrios te pareçam aos ideais de hoje, os dias do passado, não te entregues ao desânimo. Ergue os sentimentos e conjuga as próprias ações ao novo roteiro entrevisto. Após a purificação necessária, a água mais poluída da sarjeta se torna límpida e cristalina como se jamais houvesse experimentado o convívio da impureza. O presente é perene traço de união entre os resquícios do pretérito e uma vida futura melhor. Plasma em ti mesmo as forças reconstrutivas de tuas novas resoluções, para que se exprimam em obras de aprimoramento e de amor.”
  • porque o terceiro elemento da justiça divina é nos ensinar a escolher. Porque sofremos as consequências dos nossos atos. Para aprender a escolher. Não repetir os mesmos erros. Hora, somos vítimas; em outra, agressores. É preciso por um fim nesse ciclo. Construir uma vida de acordo com as leis divinas;
  • não importa o quanto você suba, a lei sempre estará acima de você;
  • a justiça e a caridade são instrumentos do amor. Os espíritos que amam governam a vida (na obra de Espírito André Luiz). Os nossos destinos são regidos por aqueles que amam. Só o amor sublime é capaz de cumprir a justiça totalmente;
  • normalmente, é na família que somos convidados a reparar os laços de ódio; e
  • intervalo e debates com perguntas.

Bibliografia

DIAS, Haroldo Dutra. Justiça divina e justiça humana. Disponível no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=p7k_zqDvBm8. Palestra realizada em Maryland, nos EUA, em 26 de março de 2018. Acessado em: 30 de abril de 2022.

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https://juancarlosespiritismo.blog/

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