Limites da encarnação (palestra no GEABL, em 15 MAI 2023)

Para assistir a palestra, clicar no ícone abaixo do YouTube do GEABL.

Limite da encarnação | Juan Carlos Orozco, dia 15/05, às 20h.
A palestra poderá ser assistida presencialmente no Salão do Bloco A do Grêmio Espírita Atualpa Barbosa Lima e online em nosso Youtube, Facebook e também pelo site http://www.atualpa.org.br
Nossa programação de palestras: domingo 9h, segunda e quinta 20h.

Arquivo em PDF da apresentação em PowerPoint.

Arquivo da apresentação em PowerPoint.

A seguir o texto da palestra

Limites da encarnação (palestra)

Palavras iniciais

Pelo tema proposto, abordaremos os “Limites da encarnação”, baseado no item 24 das Instruções dos Espíritos, do Capítulo IV – “Ninguém poderá ver o Reino de Deus se não nascer de novo”, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec.

No item 24, o Espírito São Luís responde a pergunta de Allan Kardec: Quais os limites da encarnação?

Ao falar do tema proposto sem explicações preliminares, é bem provável que não se consiga transmitir os esclarecimentos necessários.

Pois, poderíamos questionar ainda: O que é encarnação ou reencarnação?

Quem revelou os conhecimentos acerca da reencarnação para a Doutrina Espírita? Quantas encarnações tivemos? Quantas ainda teremos?

Ressalta-se que os limites da encarnação é um dos seus aspectos.

Os evangelhos de Jesus trazem os fundamentos da reencarnação, mediante interpretações à luz do entendimento espírita, sem cunho pessoal, literal ou dogmático, priorizando a transformação moral do ser humano.

Esse entendimento tem origem nas revelações da Codificação Espírita de Allan Kardec, cuja elaboração foi presidida pelo Espírito de Verdade com o auxílio de Espíritos Superiores, desvendando coisas que o homem não poderia descobrir por si mesmo.

Contudo, a Doutrina Espírita não foi ditada completa, porque as revelações são incessantes, complementares e acumulativas de conhecimentos, sendo transmitidas por diversos meios e médiuns.

Pela dinâmica das revelações espíritas, outros espíritos trouxeram esclarecimentos complementares, conforme nossa evolução.

Além disso, as reflexões desse tema envolvem compreensões dos três aspectos da Doutrina Espírita: científico, filosófico e religioso.

Os aspectos científicos e filosóficos são de suma importância para iluminar o nosso interior com as verdades eternas e purificar os nossos corações no caminho do bem.

Mas é a prática do verdadeiro amor que nos impulsionará para a evolução moral e espiritual, fazendo-nos agir de acordo com os ensinamentos e os exemplos do Mestre Jesus, tendo eles como roteiro de vida.

Isso porque todo conhecimento sem prática é inútil: é mera informação.

Nesse contexto, a Doutrina Espírita tem seus esclarecimentos a respeito da encarnação e seus limites, segundo as leis de Deus, assim como identifica as consequências morais do ensino científico-filosófico, buscando o que deve nortear a nossa conduta em direção ao Criador, com foco na transformação e na regeneração da alma.

São compreensões que auxiliam a ter consciência de nós mesmos e vivenciar os ensinamentos obtidos, abrindo caminho para a libertação da alma que salva.

Contextualização no Capítulo IV

Para melhor compreensão do tema, importante contextualizá-lo no Capítulo IV, que trata da reencarnação, apoiado nos evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas, sobre: o que pensavam ser Jesus, em que muitos o identificavam como Elias, Jeremias ou profetas do passado; a revelação de João Batista como sendo a reencarnação de Elias; e a conversa de Jesus com Nicodemos acerca de “Ninguém pode ver o Reino de Deus se não nascer de novo”.

Esses textos evangélicos comprovam a imortalidade do Espírito e a doutrina da reencarnação, em que os antigos entendiam como ressureição.

Ressurreição e reencarnação possuem percepções próximas, mas com princípios doutrinários diferentes: para um, o retorno da carne; e para outro, o retorno do Espírito em novo corpo.

À época de Jesus, os hebreus acreditavam que o homem poderia reviver mediante a ressurreição, mas sem saber exatamente como isso ocorria.

Em alguns casos, ressureição e reencarnação representavam entendimentos semelhantes, quando acreditavam que alguém fosse outra pessoa falecida do passado.

Em outros, ressurreição relacionava-se a reviver de aparente morte corporal que não teria ocorrido, mas as evidências conduziam a imaginar que a pessoa estaria morta.

Para o Espiritismo, a ressurreição é do Espírito e não da carne, porquanto o corpo físico se decompõe com a morte e o Espírito sobrevive em outra dimensão, no mundo espiritual.

Composição do ser humano

Preciso compreender, ainda, alguns fundamentos relacionados a reencarnação para se adentrar no tema proposto.

O ser humano é constituído de: alma (Espírito encarnado); perispírito (envoltório ou corpo etéreo do Espírito), que liga a alma ao corpo; e corpo físico, envoltório material, grosseiro e transitório do Espírito.

Espírito é matéria quintessenciada que escapa aos sentidos humanos.

Ele individualiza o princípio inteligente, povoando todo Universo.

Deus sempre cria os Espíritos por sua vontade, sobrevivendo à morte do corpo, porque imortais, sem perder suas individualidades.

Depois de uma existência, os Espíritos retornam ao plano Espiritual.

Perispírito sempre reveste o Espírito, sendo instrumento de ação do Espírito sobre a matéria e vice-versa.

É substância semimaterial, vaporosa e sutil, que tem a forma humana, invisível no estado normal, mas pode tornar-se visível em certas circunstâncias, como sucede nas aparições espirituais.

Espíritos chamados a viver em certo mundo tiram dele seus perispíritos, formando-se das partes puras ou grosseiras do fluido peculiar daquele mundo, conforme seu grau de evolução.

Na desencarnação, a união do perispírito com o corpo se desfaz, quando o princípio vital deixa de agir, cuja destruição do corpo pela morte restitui a liberdade ao Espírito.

Em pluralidade de existências, os Espíritos revestem diversos corpos, que são apropriados aos estágios de progresso alcançados.

Os corpos modificam-se com as evoluções dos mundos, até se confundirem com a sutileza do perispírito em mundos mais elevados.

Objetivo da encarnação

Os Espíritos Superiores, em “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec, na questão 132, sobre o objetivo da encarnação dos Espíritos, esclarecem:

“Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a expiação. Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta.”

A encarnação é um determinismo divino a todos Espíritos na busca da perfeição, por meio de expiação, provação ou missão.

O destino de todos os Espíritos, sem exceção, é a perfeição.

A passagem dos Espíritos pela vida corporal é necessária para cumprir, por meio de ação material, em diferentes mundos, os desígnios de Deus e as atividades para seus progressos, mediante a aquisição de virtudes morais, agregando experiências e lições aprendidas.

Sem a reencarnação, não é possível atingir o aperfeiçoamento e a evolução moral e espiritual, pois a vida material é prova que lhes cumpre sofrer repetidamente, até que atinjam a perfeição moral.

A vida tem sentido existencial

A vida tem sentido existencial e propósito divino na construção do destino de todos os seres humanos e na cocriação de um mundo mais fraterno universal.

O Espírito Joanna de Ângelis, no livro “Amor imbatível amor”, na psicografia de Divaldo Pereira Franco, ensina:

“Existir significa ter vida, fazer parte do Universo, contribuir para a harmonia do Cosmos. A existência humana é uma síntese de múltiplas experiências evolutivas, trabalhadas pelo tempo através de automatismos que se transformam em instintos e se transmudam nas elevadas expressões do sentimento e da razão.”

Reencarnação – fundamentos

No princípio, Deus cria todos os Espíritos simples e ignorantes, começando seus processos evolutivos em pluralidade de existências.

Reencarnação é oportunidade de recomeço, aprendizado, regeneração e transformação do Espírito na construção do seu destino.

A alma que não alcançou a perfeição, depura-se sofrendo prova de nova existência, experimentando benefícios que indicam a justiça, bondade e misericórdia divinas, que não condenam o Espírito ao sofrimento eterno.

Nas reencarnações, o Espírito conserva sua individualidade, conectando-se passado, presente e futuro.

A cada existência, o Espírito dá um passo no caminho do progresso e, quando se libertar de todas as impurezas, não tem mais necessidade das provações da vida corporal.

Encarnação em diferentes mundos

Para o Espiritismo, todos os mundos do Universo são habitados: “Há muitas moradas na casa de meu Pai.” (João, 14: 2)

Mundos e Espíritos estão sujeitos à lei do progresso: todos evoluem.

“Ao mesmo tempo que todos os seres vivos progridem moralmente, progridem materialmente os mundos em que eles habitam. (…) Marcham assim, paralelamente, o progresso do homem, o dos animais, seus auxiliares, o dos vegetais e o da habitação, porquanto nada em a Natureza permanece estacionário.” (Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. III)

Cada mundo é apropriado ao grau de evolução do Espírito, lugar adequado às suas necessidades e aos seus merecimentos.

Espíritos não estão presos a determinado mundo e tampouco nele cumprem todas as fases do progresso para atingir a perfeição.

Quando em um mundo alcançam o grau de adiantamento que ele comporta, passam para outro mais adiantado, até chegar ao estado de puros Espíritos.

À medida que se desenvolvem, diminui a influência da matéria, de tal maneira que, nos mundos mais adiantados, a vida é toda espiritual.

Há mundos que o Espírito deixa de revestir corpos materiais, tendo somente o perispírito, o qual se torna tão etéreo que é como se não existisse.

Limites da encarnação

Em resposta à pergunta de Kardec, o Espírito São Luís disse:

“A bem dizer, a encarnação carece de limites precisamente traçados, se tivermos em vista apenas o envoltório que constitui o corpo do Espírito, dado que a materialidade desse envoltório diminui à proporção que o Espírito se purifica.

Em certos mundos mais adiantados do que a Terra, já ele é menos compacto, menos pesado e menos grosseiro e, por conseguinte, menos sujeito a vicissitudes.

Em grau mais elevado, é diáfano e quase fluídico. Vai desmaterializando-se de grau em grau e acaba por se confundir com o perispírito.

Conforme o mundo em que é levado a viver, o Espírito reveste o invólucro apropriado à natureza desse mundo.

O próprio perispírito passa por transformações sucessivas. Torna-se cada vez mais etéreo, até a depuração completa, que é a condição dos puros Espíritos.

Se mundos especiais são destinados a Espíritos de grande adiantamento, estes últimos não lhes ficam presos, como nos mundos inferiores. O estado de desprendimento em que se encontram lhes permite ir a toda parte onde os chamem as missões que lhes estejam confiadas.

Se se considerar do ponto de vista material a encarnação, tal como se verifica na Terra, poder-se-á dizer que ela se limita aos mundos inferiores. Depende, portanto, de o Espírito libertar-se dela mais ou menos rapidamente, trabalhando pela sua purificação.

Deve também considerar-se que no estado de desencarnado, isto é, no intervalo das existências corporais, a situação do Espírito guarda relação com a natureza do mundo a que o liga o grau do seu adiantamento. Assim, na erraticidade, é ele mais ou menos ditoso, livre e esclarecido, conforme está mais ou menos desmaterializado. – São Luís. (Paris, 1859.)”

Comentários – Limites da encarnação

A resposta do Espírito São Luís esclarece que a encarnação não tem limites nitidamente traçados.

À medida que o Espírito evolui, seu períspirito também progride, diminuindo sua materialidade e, quando atingir o grau de Espírito puro, o períspirito perde a materialidade, confundindo-se com o Espírito.

Ninguém poderá chegar ao fim das encarnações enquanto não houver alcançado a perfeição.

Quando isso ocorrerá não se sabe, pois depende do progresso de cada ser: uns caminham depressa; e outros mais lentamente.

Na última encarnação, o Espírito é bem-aventurado: Espírito puro.

Espíritos puros percorreram todos os graus da escala espírita, despojaram-se de todas as impurezas da matéria, tendo alcançado a soma de perfeição de que é suscetível.

Eles não têm mais que sofrer provas, expiações e reencarnação.

Esses Espíritos realizam serviço de cocriação em plano maior, segundo os desígnios de Deus, sendo agentes da Criação Excelsa.

Essas Inteligências ligadas ao Criador, obedecendo às leis divinas, podem formar ou cocriar, mas somente Deus é o Criador Eterno.

Na comunidade de Espíritos puros, temos o Mestre Jesus como governador do orbe terrestre.

Aspectos religiosos dos ensinamentos

Pela imortalidade do Espírito, na dinâmica evolutiva, cumprindo o determinismo divino, somos movidos pelos anseios de melhorar sempre na construção dos progressos moral e espiritual.

Independente das encarnações que tivemos ou ainda teremos, dos mundos que passamos ou passaremos, o mais importante é viver o agora para renovar e edificar a futura morada.

A Doutrina Espírita, com seus esclarecimentos e ensinamentos, foca a pessoa e o seu interior para estimular a renovação e a regeneração.

Propõe a reforma íntima como a luta necessária contra as próprias imperfeições para seguir o caminho do progresso espiritual.

Tudo isso mediante esforço próprio e trabalho edificante pela prática do verdadeiro amor: da caridade que salva.

Somos mundo interior, local de transformação, renovação e de progresso, na batalha íntima do bem contra o mal, com um ritmo evolutivo próprio condizente com o grau de consciência e amor.

A construção da verdadeira felicidade começa na edificação do próprio ser, tendo Jesus como modelo e guia para as nossas condutas.

A transformação do ser humano é uma ação de dentro para fora, mediante processo contínuo de aprimoramento.

Perante as leis divinas, seremos julgados e condenados pela própria consciência. 

A conscientização de si mesmo, por meio do autodescobrimento e do autoconhecimento, permite ao ser humano vivenciar, experimentar e compreender aspectos do seu mundo interior e a percepção de onde vive, para realizar uma avaliação crítica do que é moralmente certo ou errado.

A reflexão e a introspecção conduzem para identificar as próprias imperfeições e reconhecer o que é preciso melhorar para seguir o caminho da renovação decorrente das transformações vivenciadas pelo Espírito.

Auxiliam, ainda, reconhecer as possibilidades, os recursos latentes e os meios que poderão ser utilizados na luta renovadora.

Quem vai julgar pelo que fizemos ou deixamos de fazer é a própria consciência, pois somos responsáveis pelos nossos atos ou omissões.

É a própria consciência também que vai atrair as oportunidades de reajustes, reabilitação e regeneração da alma.

A Terra, mundo de provas e expiações, é escola abençoada e estágio necessário para essa evolução, e não uma prisão de penas eternas.

A busca da felicidade é uma realidade a que todos estamos destinados pelo determinismo divino da reencarnação na busca da perfeição.

Devemos nos manter no caminho do bem e resistir às tentações, até o último momento de nossa existência terrena.

Mensagem final – Domicílios espirituais (Emmanuel)

“Há muitas moradas na casa de Nosso Pai” – assevera-nos o Senhor nas bênçãos da Boa Nova.

Entretanto viverás naquela que houveres erguido para ti mesmo, segundo o ensinamento do próprio Mestre, que manda conferir a cada um de acordo com as próprias obras.

Repara, pois, como te situas no campo do mundo, compreendendo que o teu sentimento é a força a impelir-te para os círculos superiores ou para as esferas inferiores, onde tecerás o próprio ninho. (…)

Lembremo-nos de que não há céu para quem não edificou o paraíso em si mesmo, e aprendamos, sobretudo, a sentir com o amor, a fim de que o amor nos eduque para a extinção das trevas.” (Reformador, fevereiro 1957, p. 33)

Você poderia perguntar ao seu inconsciente profundo quantas reencarnações tevê?

Ele poderia responder: talvez umas 300, 400, 1.000 ou mais vezes em processo de nascer, morrer, renascer, renovar e progredir.

Você poderia perguntar, também, o que era e como está hoje?

O que precisa ou não consegue melhorar? O que precisa fazer?

Uma grande possibilidade seria: colocar os ensinamentos divinos em prática para seguir em frente no caminho do progresso.

Transforme-se agora! Aproveite as oportunidades hoje.

Não deixe para amanhã.

Reconstrua você mesmo.

Renasce agora, antecipando a sua vitória sobre você mesmo da luta interna do bem contra o mal. Não há como colher o que não foi plantado!

Renasça no jardim que Deus lhe plantou!

Busque a felicidade dentro de você.

Bibliografia

ÂNGELIS, Joanna de (Espírito); na psicografia de Divaldo Pereira Franco. Amor imbatível amor.  18ª Edição. Salvador/BA: Editora Leal, 2021.

BÍBLIA SAGRADA.

KARDEC, Allan; tradução de Guillon Ribeiro. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.

KARDEC, Allan; tradução de Guillon Ribeiro. O Livro dos Espíritos. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.

EMMANUEL (Espírito); psicografado por Francisco Cândido Xavier. Fonte viva. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2020.

Para acessar o Blog Reflexões espíritas, clicar no link abaixo:

https://juancarlosespiritismo.blog/

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