O Espírito Emmanuel em “Consegues ir”, na psicografia de Francisco Cândido Xavier, no livro “Fonte viva”, Capítulo 5, aborda como é fácil escutar palavras abençoadas, falar sobre verdades divinas de conforto espiritual para ouvintes interessados, mas quão difícil é praticar os ensinamentos e exemplos morais do Mestre Jesus, representado pelo ir até Ele.
Conhecimento sem prática não serve para nada, é inútil, mera informação.
Muitos religiosos possuem entendimentos morais das passagens evangélicas, mas não costumam colocá-los em prática.
Uma razão seria que para praticar ensinamento moral há que enfrentar você mesmo para mudar o comportamento.
Temos coragem para muitas coisas, mas, quando se trata de combater no nosso interior, melhor empreender uma luta externa, onde encontraremos as desculpas para justificar os equívocos, erros, falhas e vícios, postergando a introspectiva que devemos realizar para mudar o comportamento e corrigir o rumo na vida.
É a dificuldade para enfrentar a luta íntima contra as próprias imperfeições, pois exige ações de autodescobrimento, autoconhecimento, vontade, consciência de si mesmo, livre-arbítrio e responsabilidade.
O progresso moral acompanha o progresso intelectual, mas nem sempre o segue imediatamente. O progresso moral segue o intelectual quando o Espírito desenvolve o seu livre-arbítrio e começa a compreender o bem e o mal, realizando escolhas corretas e tendo consciência das responsabilidades dos seus atos.
Enquanto o Espírito não desenvolve o senso moral, pode acontecer de a inteligência estar a serviço da prática do mal. A moral e a inteligência são duas forças que só com o tempo chegam a se equilibrar.
A moral envolve valores que regem o comportamento diante das normas instituídas pela sociedade ou pelo grupo social, determinando o sentido moral de cada indivíduo em suas relações saudáveis e harmoniosas. Busca o bem-estar social.
Entretanto, para ser efetivamente bom, o ser humano precisa vivenciar a lei maior do amor: bem é tudo o que é conforme a lei de Deus, e mal é tudo o que dela se afasta.
A consciência moral decorre da estruturação do mundo moral no íntimo do ser, pois o indivíduo moralizado é alguém que considera o sentido da vida dentro de um contexto maior, que não se resume apenas ao atendimento às necessidades de sobrevivência biológica da espécie.
Para que um ato seja considerado efetivamente moral é necessário que seja voluntário, espontâneo, livre, consciente, intencional, jamais imposto. Revestido dessas características, o ato moral apresenta responsabilidade e compromisso.
Responsável é aquele que responde pelos seus atos, isto é, a pessoa consciente e livre assume a autoria do seu ato, reconhecendo-o como seu e respondendo pelas suas consequências.
As dificuldades da vida são muitas, desde os impedimentos do trabalho diário, o apego às coisas materiais e transitórias, os compromissos assumidos, dentre outras.
Assim, o mais difícil para nós seres imperfeitos praticar é a libertação da alma para seguir Jesus, principalmente para despirmos das vestes do orgulho, do egoísmo, da vaidade, da soberba, da inveja, de tudo contrário às leis de Deus.
Por tudo isso, diante do convite “vinde a mim” do Mestre Jesus a todos nós, pergunte a você mesmo: Consegues ir?
Vejamos o texto de Emmanuel:
Consegues ir?
“Vinde a mim – Jesus. (Mateus, 11:28.)
O crente escuta o apelo do Mestre, anotando abençoadas consolações. O doutrinador repete-o para comunicar vibrações de conforto espiritual aos ouvintes.
Todos ouvem as palavras do Cristo, as quais insistem para que a mente inquieta e o coração atormentado lhe procurem o regaço refrigerante…
Contudo, se é fácil ouvir e repetir o ‘vinde a mim’ do Senhor, quão difícil é ‘ir para Ele’!
Aqui, as palavras do Mestre se derramam por vitalizante bálsamo, entretanto, os laços da conveniência imediatista são demasiado fortes; além, assinala-se o convite divino, entre promessas de renovação para a jornada redentora, todavia, o cárcere do desânimo isola o espírito, através de grades resistentes; acolá, o chamamento do Alto ameniza as penas da alma desiludida, mas é quase impraticável a libertação dos impedimentos constituídos por pessoas e coisas, situações e interesses individuais, aparentemente inadiáveis.
Jesus, o nosso Salvador, estende-nos os braços amoráveis e compassivos. Com ele, a vida enriquecer-se-á de valores imperecíveis e à sombra dos seus ensinamentos celestes seguiremos, pelo trabalho santificante, na direção da Pátria Universal…
Todos os crentes registram-lhe o apelo consolador, mas raros se revelam suficientemente valorosos na fé para lhe buscarem a companhia.
Em suma, é muito doce escutar o ‘vinde a mim”…
Entretanto, para falar com verdade, já consegues ir?.” (Espírito Emmanuel, na psicografia de Francisco Cândido Xavier. Fonte viva. FEB Editora. Cap. 5)
Bibliografia:
EMMANUEL (Espírito); psicografado por Francisco Cândido Xavier. Fonte viva. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2020.
EMMANUEL (Espírito); psicografado por Francisco Cândido Xavier. Pão nosso. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2018.
