Tesouros na Terra e tesouros no Céu

Não ajunteis tesouros na Terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam. Mas ajunteis tesouros no Céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.” (Mateus, 6: 19-21)

O Mestre Jesus, em sua jornada na Terra, ensinou a lei maior do amor, lançando as sementes necessárias para conquistar o Reino de Deus dentro de nós pela aquisição dos tesouros celestiais do verdadeiro amor divino.

As suas palavras de vida eterna convidavam a todos buscar as coisas de Deus para impulsionar a própria renovação, regeneração e transformação na busca da perfeição, apontando para uma vida futura de bem-aventuranças.

Assim, o Cristo compartilhou com todos os tesouros do Céu.

Bens materiais, imateriais, transcendentais e espirituais

Existem diferentes tipos de bens para atender as necessidades humanas.

Os bens materiais são tangíveis ou palpáveis.

Os bens imateriais são intangíveis ou abstratos.

Os bens transcendentais ultrapassam, excedem e fogem à normalidade por suas características superiores, essenciais e absolutas, tais como: ideais; verdades e belezas.

Os bens espirituais, ou religiosos, têm grande valor moral, essencial e permanente, que devem ser conquistados e incorporados pelo ser humano, como, por exemplo: verdadeiro amor, humildade, mansidão, misericórdia, pureza de coração, bondade, perdão, generosidade, gentileza, paciência, tolerância, respeito, dentre outros tantos.

Tesouros

Tesouros são bens valorizados por suas importâncias, grandezas, qualidades, características, virtudes, atributos, raridades, preciosidades ou riquezas.

Pode-se, ainda, entender tesouros com outros significados, dependendo do contexto de situação, interpretação, estima ou compreensão, que ressalta seu valor, principalmente, de cunho pessoal. Por exemplo, para uma mãe: o seu filho é um grande tesouro.

Valoração dos bens

A valoração de um bem pode ser absoluta ou relativa.

A valoração absoluta de um bem está relacionada às caraterísticas intrínsecas de suas propriedades, que fazem parte de sua essência. Por exemplo, água, alimento e ar têm valores intrínsecos para a sobrevivência da vida humana na Terra.

A valoração relativa de um bem considera o seu valor extrínseco, comparando-o a outros bens. Na relatividade da avaliação, cada um atribui determinado valor a certo bem, ou seja, o bem terá o valor que você der a ele.

Valores morais e éticos

Os valores morais são preceitos, regras, hábitos e costumes do que é certo e errado, que orientam e asseguram uma boa convivência em sociedade

Os valores éticos são conjuntos de princípios que orientam o comportamento e as ações das pessoas coletivamente, normalmente com base em um código de ética ou de conduta que deve ter aplicabilidade àquele segmento.

Os valores religiosos são princípios que orientam o comportamento das pessoas que compartilham uma mesma religião. São valores justificados pela fé e associados aos ensinamentos de uma doutrina religiosa.

Os tesouros na Terra

Para a Doutrina Espírita, a vida na Terra é oportunidade educativa de recomeço, renovação, transformação e regeneração para o Espírito imortal evoluir moral e espiritualmente, em pluralidade de existências, na busca da perfeição.

Os tesouros materiais na Terra têm caráter transitório, pois eles são consumidos pela ação da Natureza, que promove suas decomposições, destruições ou transformações.

Muitos acham que os bens materiais lhes pertencem, criando sentimentos de apego, orgulho, egoísmo, dominação, escravidão, dentre outros.

Entretanto, esses tesouros materiais não constituem propriedade individual do ser humano, pois, com a morte do corpo físico, aqui permanecem e são transferidos a outros destinatários.

Na verdade, como depositários fiéis e administradores desses bens emprestados por Deus, seremos cobrados dos seus empregos em função do nosso livre-arbítrio.

Ao final de nossas existências, teremos que os restituir ao verdadeiro proprietário.

Assim, a riqueza é meio de experimentar-nos moralmente, porque o melhor emprego da riqueza é na prática do amor ensinado por Jesus. É a riqueza pelas boas obras.

O vínculo que prende o ser humano aos bens materiais desvia-lhe os pensamentos do Céu. O avarento será algemado às riquezas que amontoou.

O desapego aos bens terrenos consiste em apreciá-los no seu justo valor, em saber servir-se deles em benefício próprio e dos outros, em não sacrificar por eles os bens celestiais para a vida futura.

Os tesouros no Céu

Há bens infinitamente mais preciosos do que os materiais na Terra, são os tesouros no Céu, ou tesouros espirituais, que têm valor para a evolução moral e espiritual do ser humano, que devem ser adquiridos pelo trabalho e esforço próprio pelas boas obras na busca de virtudes morais para si e seus semelhantes.

Esses tesouros são conquistas permanentes do Espírito, individuais, inalienáveis e intransferíveis, acumulados na bagagem evolutiva na jornada de progresso.

Tesouros no coração

Jesus fala dos tesouros no coração, porquanto o coração abriga a essência do ser, em uma relação direta entre amor e espiritualidade com o Pai, órgão que constitui o termômetro dos sentimentos e das emoções, caracterizado pelo centro vital cardíaco, que age sobre a circulação do sangue e da emotividade.

Os tesouros no coração podem ser entendidos, ainda, como ter puro o coração, representando aquele que limpou o coração dos sentimentos contrários aos ensinamentos de Jesus, que afastou o egoísmo e o orgulho, semeando a simplicidade e a humildade.

A pureza do coração evitará o endurecimento espiritual na alma, porque ela aquecerá e irradiará amor em todas as direções, estimulando a alegria dos bons e reduzindo a infelicidade dos nossos irmãos.

A pureza do coração ajudará, também, a identificar e sentir a presença de Deus em toda parte.

Tesouros perecíveis e imperecíveis

“Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? Ou que dará o homem em recompensa da sua alma?” (Mateus, 6: 26)

O ser humano, como ser espiritual imortal, pelo seu valor intrínseco, vale mais do que qualquer riqueza da Terra e, ao longo de várias existências, vem acumulando tesouros celestiais em sua bagagem. No fundo da alma, estão escondidos tesouros inestimáveis.

No entanto, o homem não se dá conta desse valor intrínseco inestimável, consumindo-se na conquista de bens perecíveis, daquilo cujo valor é discutível, que só vale na convenção estabelecida pelos caprichos e desejos do mesmo homem.

Damos muito valor àquilo que de fato tem valor relativo e, em realidade, poderá não ter nenhum valor positivo para si mesmo.

Nesse contexto, o ser humano trata com grande zelo os tesouros perecíveis, menosprezando os tesouros imperecíveis que já acumulou e os que deverá conquistar para o prosseguimento de sua jornada evolutiva.

Conclusão

A questão do apego aos bens materiais, pelo domínio e fascínio que eles despertam, é o grande desafio dos seres humanos a ser enfrentado em sua vida na Terra.

Esse excessivo apego impõe sérios obstáculos ao seu processo evolutivo, sobretudo quando o homem se deixa governar pelo materialismo, agindo como se não houvesse continuidade da vida além da existência física, ou que o Espírito se desintegra com a morte do corpo físico.

Na verdade, nada possuímos em termos de bens materiais. Somos meros usufrutuários dos meios e recursos divinos disponibilizados por Deus para impulsionar o progresso, intelectual e moral.

Os tesouros celestiais não podem ser consumidos pela ação da Natureza e tampouco furtados de quem os adquiriu.

Os tesouros transitórios na Terra aqui ficam, e os tesouros no Céu acompanham o Espírito imortal com posse permanente.

A busca da vida eterna consiste no cumprimento da lei: “Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” (Mateus, 6: 33).

Precisamos aprender a acumular os tesouros imperecíveis, que representam as virtudes e as conquistas edificantes interiorizadas na alma.

É preciso aprender a distinguir o supérfluo do necessário, o bom do ruim, o superior do inferior, educando a conduta, pois, onde está o seu tesouro aí estará o seu coração.

O ser humano espiritualizado conhece o valor relativo dos bens materiais e o peso que eles representam, esforçando-se para não ser dominado pelas paixões inferiores.

Esforça-se para levar uma vida mais simples, conduzindo-se com prudência ao longo do processo ascensional, evitando excessos de qualquer natureza, e trabalha para ter o necessário à existência, não entorpecendo os sentidos com os excessos que a vida material oferece.

Por tudo isso, acumule bens celestiais para progredir moral e espiritualmente!

Autor: Juan Carlos Orozco

Bibliografia:

BÍBLIA SAGRADA.

ABREU, Honório Onofre de (Coordenador). Luz imperecível: Estudo Interpretativo do Evangelho à Luz da Doutrina Espírita. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira FEB/UEM, 2024.

KARDEC, Allan; tradução de Guillon Ribeiro. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.

VINÍCIUS. Nas pegadas do Mestre. 12ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2014.

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https://juancarlosespiritismo.blog/

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