“Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha; e desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha. E aquele que ouve estas minhas palavras, e não as cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia; e desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda”. (Mateus 7: 24-27; Lucas, 6: 46-49)
Nessa alegoria, Jesus compara a conduta de um homem prudente e sábio, que escuta as suas palavras e pratica os seus ensinamentos, com uma casa construída sobre a rocha, ou seja, com aquele cristão que edificou o próprio caráter (a casa) em bases sólidas (rocha), escutando a palavra e praticando os seus ensinamentos.
As chuvas e os ventos das provações e expiações
As chuvas, os ventos, as enchentes e correntes de água nessa passagem evangélica representam as provações, expiações, dificuldades e os desafios da vida, intempéries que assolam a existência humana, sobretudo quando o indivíduo se dispõe a melhorar.
A casa edificada na rocha
A casa edificada na rocha simboliza aquele que ouve e coloca em prática a mensagem cristã, orientando-se pelo Evangelho, em que o Espírito se coloca acima das coisas transitórias, comuns da vida no plano físico, porque segue um roteiro moral e seguro.
É a casa interior de quem conhece a verdade divina, livre de ideias preconcebidas, edificando-a na rocha pelas eternas palavras de Jesus.
A base dessa casa tem alicerces sólidos, resistindo às intempéries, assentados pelos ensinamentos e exemplos do Mestre Jesus, que sustentam a força moral necessária para impulsionar a evolução moral e espiritual do ser, protegendo-o principalmente do peso das provações provocadas pelas tempestades da vida, sem se abalar pelas ilusões materiais, livrando-se dos malfeitores e proporcionando sossego e paz.
Essa edificação de valores espirituais erguer-se pouco a pouco, no dia a dia, pedra a pedra, tijolo a tijolo, juntados pelo cimento celestial da atenção, vigilância e perseverança.
A construção do caráter não se deve restringir às boas intenções, mas sim no esforço de combater as suas próprias imperfeições e más inclinações.
Para que tal solidez seja alcançada, necessitamos de componentes selecionados, de disposição para o trabalho, perseverança e projeto bem definido.
Com os bens celestiais disponibilizados, mediante trabalho e esforço, devemos, pouco a pouco, construir a nossa casa na rocha.
A casa edificada na areia
Em outra direção, há os que não se preocupam com o terreno da casa e tampouco com os seus alicerces.
Constroem em qualquer lugar e até mesmo sem alicerces.
Essas casas não oferecem garantia e se tornam perigosas aos moradores.
Os cristãos insensatos, que ouvem as palavras divinas e não as praticam, serão como a casa edificada na areia, em que a chuva, o vento e o rio arrastarão essa morada em grande queda.
Quem se submete a qualquer doutrina, sem consciência do que faz, edifica sem base e em terreno movediço.
Nesse sentido, a prática dos ensinos do Mestre tem sido o maior desafio enfrentado pelo cristão.
Construindo a casa na rocha
O verdadeiro cristão consola-se nas provações e expiações, livrando-se das emboscadas dos Espíritos maléficos.
Tem calma, coragem, boa vontade e fortaleza, livre de ideias preconcebidas, para vencer as montanhas de dificuldades da vida.
O verdadeiro cristão sabe que não basta encontrar o terreno para ter a casa feita e muito menos encontrar a verdade para tê-la em si, pois é preciso construir a crença religiosa como se constrói uma casa na rocha.
Esse processo de construção, logo que acha o terreno e toma posse dele, deve vencer as etapas de: estabelecer os alicerces, levantar as paredes, cobrir com o telhado e, depois, proceder o acabamento interior e exterior.
Assim, também, quando se encontra a verdade, depois de tê-la procurado e de se estar certo pela investigação, exame e raciocínio do que é de fato a verdade, urgindo tratar da construção da crença, a começar pelo alicerce e este há de ser forçosamente o mesmo posto por Jesus.
Com o material de construção vindo do Céu, trabalho e esforço, vamos, pouco a pouco, construindo o edifício da crença que tanto mais sólido e belo será, quanto maior for a dedicação que tivermos para ver terminada essa obra grandiosa, que será o nosso eterno abrigo.
Um edifício bem construído guarda-nos das intempéries e das tempestades, livra-nos dos malfeitores e dá-nos sossego e paz.
Edificar a casa de modo seguro e adequado é a meta do progresso moral e espiritual.
Com o Espírito fortificado pelo conhecimento que tem das leis divinas, facilmente triunfará das vicissitudes terrenas e edificará a vida em bases sólidas, que não poderá ser abalada pelas ilusões da Terra.
Autor: Juan Carlos Orozco
Bibliografia:
BÍBLIA SAGRADA.
KARDEC, Allan; tradução de Guillon Ribeiro. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.
MOURA, Marta Antunes de Oliveira. Estudo aprofundado da doutrina espírita: Ensinos e parábolas de Jesus – Parte II. Orientações espíritas e sugestões didático-pedagógicas direcionadas ao estudo do aspecto religioso do Espiritismo. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2016.
SCHUTEL, Cairbar. Parábolas e Ensino de Jesus. 28ª Edição. Matão/SP: Casa Editora O Clarim, 2016.
