Porta estreita e porta larga

“Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; e porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontram.” (Mateus 7: 13-14)

Encontraremos na vida muitas portas que conduzem a diferentes caminhos: as portas largas, que se abrem para as estradas de perturbações, desarmonias e degradações; e as portas estreitas, que mostram o caminho da renúncia aos valores transitórios e às ilusões da matéria, apontando a direção da evolução moral e espiritual.

A porta estreita e o caminho apertado

A porta estreita, que abre para o caminho apertado, exige esforços sobre si mesmo para transpor e vencer as más tendências. Poucos são os que desejam abri-la.

Os que abrem a porta estreita e seguem o seu caminho são aqueles que trabalham, praticam o amor, a caridade, a humildade, a tolerância, o desinteresse, a dedicação para com todos, bem cumprindo suas provas e resistindo aos maus instintos, às tendências más, através de sucessivas encarnações necessárias à purificação e ao progresso do Espírito.

A porta larga e o caminho espaçoso

Larga é a porta que conduz para a perdição, as ilusões, as facilidades e as paixões transitórias. É a estrada do egoísmo, da soberba, do orgulho, da ambição, da avareza, da luxúria, da intemperança, da ira, do ódio, da cólera, da preguiça, da inveja, do materialismo, da incredulidade, da intolerância, do fanatismo, de que o mundo está cheio.

Muitos são os que por ela passam e dela não querem sair, por ser espaçosa e facultar uma série de atrativos, adormecendo, aniquilando e adoecendo o Espírito.

Tudo na vida tem o seu preço e as escolhas as suas consequências.

Jesus é a porta da salvação

Em outra passagem, Jesus disse: “Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á …” (João, 10: 9)

Jesus apresenta-se como a personificação da porta estreita para que os seres humanos pudessem compreender e entrar por ela na busca da vida eterna.

Jesus é a verdade, a vida e o caminho em direção ao Pai. É guia e modelo para a Humanidade na busca do progresso e da salvação. É referência legítima do bem e da felicidade, cuja mensagem conduz para níveis mais elevados e edificantes para o Espírito.

A quem obedece e segue?

No Evangelho de João, extraímos: “Muitos dos seus discípulos se retiraram e não andavam mais com ele. Perguntou então Jesus aos doze: Quereis vós também retirar-vos? Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem havemos nós de ir? Tu tens palavras de vida eterna; e nós temos crido e conhecemos que és o Santo de Deus”.  (João, 6: 66-69) 

Essa passagem está logo após a revelação de Jesus sendo o pão descido do céu como alimento para a vida, provocando incompreensão entre os judeus. E muitos de seus discípulos, receosos do dever que lhes caberiam, também se afastaram do Mestre.

Diante dos abandonos, sem violar o livre arbítrio, Jesus perguntou aos doze se eles também queriam se retirar. Pedro responde: “Senhor, para quem havemos nós de ir? Tu tens palavras de vida eterna”, indicando que “quem começa o serviço de espiritualidade superior junto com Jesus jamais sentirá emoções idênticas à distância d’Ele. (…) Quem comunga efetivamente no banquete da revelação cristã em tempo algum olvidará o Mestre amoroso que lhe endereçou o convite. (…) Por esse motivo, Simão Pedro perguntou com muita propriedade: ‘Senhor, para quem iremos nós’?” (Espírito Emmanuel. Pão nosso. Capítulo 151. Ninguém se retira. Na psicografia de Francisco Cândido Xavier)

As palavras do Cristo são de vida eterna porque verdadeiras, luz da vida e esperança que sustentam a fé e a confiança na justiça, na bondade e na misericórdia de Deus. Palavras de vida eterna como legado abençoado que aponta diretrizes seguras, devendo nortear o aprendizado na escalada evolutiva, pois atendem às necessidades e aos anseios de todos. Só a fé na vida eterna nos livra da escuridão.

Seguir as pegadas de Jesus e andar com Ele é decisão de cada ser no uso do seu livre-arbítrio. Se escolhida a porta estreita, com consciência e discernimento, aprenderemos a conciliar as expectativas de vida com as necessidades espirituais.

Entretanto, envolvidas por cegueira dominante, algumas pessoas se identificam com ideais e pensamentos que contaminam a alma, exemplificando ao que disse o Mestre Jesus em uma de suas parábolas: Pode porventura o cego guiar o cego? Não cairão ambos na cova?” (Lucas, 6: 39; e Mateus, 15:  12-14)

Em termos de fé, devemos estar atentos aos cegos do Espírito que se julgam aptos bastante para ser guia de cegos espirituais, porquanto estes são incapazes de enxergar as verdades divinas, em que o orgulho e a soberba são cataratas que cobrem a visão.

O Espírito Emmanuel, no livro Pão Nosso, no Capítulo 16, em “A quem obedeces?”, ensina: “Toda criatura obedece a alguém ou a alguma coisa. (…) O discípulo necessita examinar atentamente o campo em que desenvolve a própria tarefa. A quem obedeces? Acaso, atendes, em primeiro lugar, às vaidades humanas ou às opiniões alheias, antes de observares o conselho do Mestre Divino? É justo refletir sempre, quanto a isso, porque somente quando atendemos, em tudo, aos ensinamentos vivos de Jesus, é que podemos quebrar a escravidão do mundo em favor da libertação eterna.”

Não podemos servir a dois senhores, ou obedeço e sigo a um ou ao outro. Não podemos viver a vida que Deus quer para nós e ceder aos desvarios da vida mundana.

Aquele que abre a porta de Jesus e segue as suas pegadas caminha para conquistar o reino de Deus dentro de si mesmo.

A edificação do reino divino, em cada ser deste mundo, será decorrente do uso correto do livre arbítrio nas escolhas pelo caminho da verdade e da vida, do constante aprimoramento, do indispensável esforço e pela prática dos ensinamentos do Cristo que produz bons frutos.

Jesus revelou outro mundo sob a ótica do amor, da fraternidade universal, da caridade, da justiça, da bondade e da misericórdia divina. É esse mundo, ou reino de Deus, que Ele promete aos que cumprirem os seus mandamentos, onde os bons encontrarão suas recompensas e bem-aventuranças.

Devemos juntar os bens celestiais. É preciso ter fé, confiança em Deus, crer na imortalidade do Espírito, na vida que nunca acaba.

O Mestre ensina que dia virá em que o reino de Deus será deste mundo. Isso dar-se-á quando os homens forem regenerados pela verdade na estrada do progresso e da fé.

A retidão de comportamentos, atitudes e procedimentos no caminho do bem e da caridade terá um efeito aglutinador pela fé e confiança, valendo mais do que mil palavras.

A escolha da porta estreita

Pelo livre-arbítrio, o ser humano escolhe a porta a ser aberta e o caminho a seguir.

Os efeitos da escolha da porta larga e de seus caminhos geram tribulações.

Entretanto, não se consegue seguir essa rota espaçosa todo o tempo, chegando um momento de saturação, em que o ser humano, pela dor e pelo sofrimento, sente a necessidade de mudança de rumo na vida.

A dor e o sofrimento agem como meios educativos para a redenção do Espírito, sendo meios para o despertar por mudança, renovação, regeneração e transformação.

Cansados de tanta dor e sofrimentos, o Espírito começa a enxergar a porta estreita.

Aqueles que escolhem caminhar pela estrada da evolução, forçosamente terão de abrir a porta estreita que conduz à vida futura de bem-aventuranças.

Para entrar pela porta do progresso e subir a estrada da evolução, é preciso prudência, fortaleza, temperança, retidão, fé, esperança e caridade. Para tanto, será importante saber a quem segue e qual caminho está rumando.

Por tudo isso, nesse momento de transição planetária, não tenha dúvida em abrir a porta estreita e seguir as pegadas do Mestre Jesus na direção da vida eterna.

Autor: Juan Carlos Orozco

Bibliografia:

ABREU, Honório Onofre de (Coordenador). Luz imperecível: Estudo Interpretativo do Evangelho à Luz da Doutrina Espírita. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira FEB/UEM, 2024.

BÍBLIA SAGRADA.

EMMANUEL (Espírito); (psicografado por) Francisco Cândido Xavier. Pão nosso. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2018.

KARDEC, Allan; tradução de Guillon Ribeiro. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.

MOURA, Marta Antunes de Oliveira de (Organizadora). Estudo aprofundado da doutrina espírita: Ensinos Estudo aprofundado da doutrina espírita: Ensinos e parábolas de Jesus – Parte I. Orientações espíritas e sugestões didático pedagógicas direcionadas ao estudo do aspecto religioso do espiritismo. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2016.

MOURA, Marta Antunes de Oliveira. Estudo aprofundado da doutrina espírita: Ensinos e parábolas de Jesus – Parte II. Orientações espíritas e sugestões didático-pedagógicas direcionadas ao estudo do aspecto religioso do Espiritismo. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2016.

SCHUTEL, Cairbar. Parábolas e Ensino de Jesus. 28ª Edição. Matão/SP: Casa Editora O Clarim, 2016.

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https://juancarlosespiritismo.blog/

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