Da ilusão para a busca da realidade espiritual

O ser humano vê as coisas e o mundo como são.

Ilusão é uma percepção falsa, inadequada, parcial ou incorreta de um estímulo sensorial existente, em que a mente interpreta mal o que observa, sente ou ignora, criando uma visão subjetiva que não corresponde à realidade objetiva ou a uma esperança com fundamento. 

Pode haver, ainda, a distorção de um estado mental em que os desejos se confundem com a “verdade”.

Na ilusão, criam-se entendimentos, imagens e fantasias, ludibriando a consciência que se conflita com a verdade.

Acredita-se que ideias, pessoas, coisas, informações, opiniões, pensamentos, dentre outros tantos, são absolutos, racionais e lógicos.

Nos sonhos ilusórios, esforça-se para materializá-los e, quando não são realizados, sofre com desilusões, frustrações e decepções.

Os iludidos querem que pessoas deem o que não podem e ajam como se imagina que devam agir.

A consciência fica envolvida por ilusões que impossibilitam a autopercepção e dificultam o contato com a realidade das coisas e das pessoas.

Fascinação

A ilusão pode conduzir para a fascinação, que é um estado mental de autoengano com atração dominadora intensa e encantamento irresistível.

A fascinação paralisa o senso crítico e a capacidade de julgamento da pessoa, tornando-a cega com a ilusão reinante, impedindo-a de enxergar a falsidade ou o absurdo daquilo que a cativa. 

Nesse estado, a pessoa pode aceitar ideias estranhas ou ridículas, agindo sem perceber que está sendo enganada.

A fascinação espiritual obsessiva coloca a vítima sob controle mental intenso, fazendo-a acreditar que não é enganada, fugindo à realidade, cujo processo é de difícil tratamento para a volta à realidade.

A pessoa fascinada é atraída pelo ego, pelo orgulho e pela vaidade, que a iludem pela autoadmiração e pela autovalorização externas em detrimento da percepção da realidade. 

A realidade e os mecanismos de defesa da ilusão

As ilusões servem, também, com mecanismos de defesa contra a realidade amarga para poupar dores momentâneas, ficando preso à irrealidade.

É preciso ter capacidade de aceitação da realidade sem fugir dela.

Contudo, não é fácil renunciar às ilusões sem se conscientizar de que alegria e sofrimento não estão nos fatos e nas coisas da vida, mas sim na forma como a mente os percebe.

Assim, usamos os mecanismos de defesa, consciente ou inconscientemente, para evitar ou reduzir os efeitos, as coisas ou os fatos indesejados da vida.

Entretanto, quando a realidade se estabelece, o ser é tomando pela desilusão, pela decepção e pela queda.

A busca da realidade espiritual

O iludido pelos bens transitórios ignora o que seja essencial para a sua vida, permanecendo em estado de sono para a sua realidade adormecida.

Essa realidade fundamenta-se na imortalidade espiritual de quem precisa evoluir na busca do seu destino em pluralidade de existências para alcançar a felicidade da paz de Espírito na conquista do infinito.

O verdadeiro sentido existencial será percebido quando o ser atingir certo grau de consciência da própria realidade, que transcende a forma física, transitória e experimental.

A crença ilusória de que tudo é eterno no mundo físico conflita com a realidade universal de transformações incessantes que ocorrem por força da própria transitoriedade da matéria e de tudo quanto ela se reveste.

Autodescobrimento, autoconhecimento e conscientização

O autodescobrimento, o autoconhecimento e a conscientização de si mesmo auxiliam a distinguir o real do que é ilusório e o perene do que é passageiro, percebendo as mudanças e transformações que ocorrem em tudo que existe, com amadurecimento psicológico de realização interior.

O autodescobrimento conduz ao interior oculto, penetrando-o, explorando-o e desvendando a sua personalidade que deve progredir.

O autoconhecimento permite identificar atitudes, comportamentos, virtudes, atributos, vícios e sentimentos inferiores, que podem abrir o caminho para a conscientização dos deveres e das responsabilidades a desempenhar para uma vida edificante na prática do bem.

A conscientização de si mesmo permite vivenciar, experimentar e compreender aspectos do seu interior e perceber o mundo em que vive, dentro da relação do “eu” com o ambiente em sociedade, para realizar avaliação crítica do que é moralmente certo ou errado.

Indispensável estar sempre desperto para a sua realidade e consciente das suas responsabilidades e dos seus objetivos perante os desafios existenciais, encontrando os seus significados para construir um futuro de elevadas realizações na vida.

Realidade, dor e sofrimento

Nem sempre a realidade significará viver sem dor e sofrimento, pois tudo servirá de lições educativas para o Espírito aprender, renovar, regenerar, transformar e evoluir.

Na vida, o ser sofrerá as consequências da lei de causa e efeito dos próprios atos, cabendo compreendê-las para viver conscientemente e desperto para a realidade do existir.

Enquanto não se conscientizar da sua realidade, poderá viver na condição de vítima de seus conflitos e transtornos decorrentes, sendo assolado por um vazio existencial, sem identificar um sentido para a sua vida.

Somente quando se compreende a realidade interior, descobrindo-se e desperto para a ação do pensamento lógico e consciente, é que se liberta dos efeitos danosos do passado e estabelece novas condutas para o futuro.

Reforma íntima na busca de si mesmo

Dominado pela ilusão, o ser resiste às mudanças, mas a realidade vence o tempo e o espaço, avançando para o cosmo sem cessar.

Quando se atinge certa evolução intelectual, moral e espiritual, a transição da ilusão para a sua realidade será inadiável na aquisição da harmonia pessoal e da felicidade íntima.

O grande esforço de progresso será a busca de si mesmo, em que cada pessoa é única para a sua realidade existencial.

Nesse esforço, deve-se conduzir a transformação moral, descobrindo o que perturba para tentar superá-lo, diluindo suas sombras pela conscientização de sua integridade interior em harmonia com suas manifestações exteriores.

A busca da realidade deve ser orientada para o mundo interior, superando as paixões perturbadoras e as sensações primitivas a que se vinculava.

Com a consciência dos próprios limites, ampliam-se as possibilidades de realização que fazem parte da sua jornada evolutiva.

A prática do verdadeiro amor ensinada por Jesus é meio de progresso para o bem de todos, na conquista de si mesmo, do seu próximo e da vida em geral.

Viver é reconstruir-se interiormente, superando cada patamar de evolução mediante o aprimoramento de si mesmo.

A maior dificuldade desse processo será abandonar as ilusões transitórias e adotar novos comportamentos e atitudes edificantes.

Mensagem final

Quando compreender que a verdadeira felicidade não consiste na ilusão da posse transitória das coisas do mundo, passaremos a trabalhar ativamente para entrarmos na posse dos verdadeiros tesouros para viver a realidade espiritual do nosso destino.

Por tudo isso, procure a sua realidade alicerçada nos tesouros perenes e essenciais para a vida que nunca acaba, que representam bens, virtudes e conquistas interiorizadas na alma com valores no caminho para a vida eterna, porquanto: “Onde está teu tesouro, aí estará também teu coração” (Mateus, 6: 21).

Autor: Juan Carlos Orozco

Bibliografia:

ÂNGELIS, Joanna de (Espírito); na psicografia de Divaldo Pereira Franco. Vida: desafios e soluções.  14ª Edição. Salvador/BA: Editora Leal, 2020.

BÍBLIA SAGRADA.

HAMMED (Espírito), na psicografia de Francisco do Espírito Santo Neto. A imensidão dos sentidos. 17ª Edição. Catanduva/SP: Boa Nova Editora, 2000.

HAMMED (Espírito), na psicografia de Francisco do Espírito Santo Neto. As dores da alma. 31ª Edição. Catanduva/SP: Boa Nova Editora, 1998.

KARDEC, Allan; tradução de Guillon Ribeiro. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.

VINÍCIUS. Nas pegadas do Mestre. 12ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2014.

Para acessar o Blog Reflexões espíritas, clicar no link abaixo:

https://juancarlosespiritismo.blog/

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