Nascer e renascer: a evolução em pluralidade de existências

Esta reflexão trata da crença na reencarnação em que o Espírito, depois da morte, retorna à vida em outro corpo, que nada tem de comum com o antigo, porque os Espíritos preexistem e são imortais, ou seja, eles são criados por Deus e não têm fim.

Manoel Philomeno de Miranda, na psicografia de Divaldo Pereira Franco, no livro “Transição Planetária”, expressa: “Religiosamente, todos estamos informados de que o túmulo não significa aniquilamento, portanto, sabemos que a vida prossegue. Seria lógico, em consequência, vivermos de maneira compatível com essa convicção, o que realmente não ocorre. (…) Jesus morreu, a fim de que pudesse ressuscitar ao terceiro dia, demonstrando a imortalidade e comunicando-se com os amigos queridos que haviam ficado na retaguarda, aguardando a confirmação das Suas palavras luminosas. Graças ao Seu retorno, é que o Evangelho pôde ser confirmado e a mensagem de que é portador tornou-se esperança de todos aqueles que sofrem e se encontram à borda do abismo, sem entregar-se ao medo ou ao desamino. Confiar, portanto, que há um reino além da carne que nos espera a todos, é dever de todo cristão, cuja doutrina se assenta na certeza da vitória sobre o decesso tumular”.

Pelo texto, Jesus ressuscitou ao terceiro dia para demonstrar a imortalidade da alma ou do Espírito, da vida que nunca acaba, mas estamos sempre duvidando da vida futura.

Bezerra de Menezes disse: “o princípio da pluralidade das existências é uma das mais belas expressões da misericórdia do Pai. (…) …a reencarnação é contínua oportunidade de renovação, de transformação da consciência do Espírito, que sinaliza suas necessidades de refazer em seu mundo íntimo conceitos e pontos de vista movidos pelas energias comprometedoras do egoísmo e do orgulho” (MENEZES. Estudando o Evangelho com Bezerra de Menezes).

Para renascer, juntam-se corpo e Espírito. O corpo procede do corpo e o Espírito independe deste. Com a morte, o corpo físico se decompõe e o Espírito sobrevive em outra dimensão, no mundo espiritual.

No princípio, o Espírito é criado simples e ignorante, começando a sua jornada evolutiva na busca da perfeição em pluralidade de existências, porque sem a reencarnação não se pode atingir o aperfeiçoamento e a evolução espiritual, pois Deus a impõe com o fim de atingir a perfeição. O renascer do Espírito reporta-se à capacidade de transformação ou renovação moral e intelectual, que conduz ao progresso espiritual.

Pela lei de causa e efeito, a reencarnação proporciona ao Espírito devedor as condições de refazimento do seu destino em nova existência, sobretudo se há o empenho em melhorar mediante o uso correto do livre-arbítrio. O mecanismo de progresso espiritual é instrumento de manifestação da justiça e misericórdia divina que não condena o Espírito ao sofrimento eterno. A alma que não alcançou a perfeição em uma existência pode acabar de se depurar submetendo-se à prova de uma nova reencarnação. A cada existência, o Espírito dá um passo no caminho do progresso. Quando se libertar de todas as impurezas, não tem mais necessidade das provações da vida corporal.

O número de reencarnações não é o mesmo para todos os Espíritos. Todavia, as encarnações sucessivas são numerosas, porque o progresso é quase infinito.

O Espírito após a última reencarnação torna-se Espírito puro. Mas, para alcançar a perfeição, tem que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a expiação. Visa ainda outro fim a reencarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Assim, a reencarnação, para uns, é expiação e, para outros, missão.

Manoel Philomeno de Miranda, no livro “Transição Planetária”, acrescenta: “Mediante as reencarnações, etapa a etapa, dá-se-lhe o processo de eliminação das imperfeições morais, que se transforma em valores relevantes, impulsionando-o na direção da plenitude que lhe é destinada. Errando e corrigindo-se, realizando tentativas de progresso e caindo, para logo levantar-se, esse é o método de desenvolvimento que a todos propele na direção da sua felicidade plena. (…) A existência no corpo físico é uma oportunidade de aprendizado que a vida concede ao ser espiritual no seu processo de crescimento interior, facultando-lhe os recursos apropriados para que a divina chama que existe em todos alcance a plenitude. De acordo com a maneira como cada um se comporte no mister, estará semeando as ocorrências do futuro, que terá de enfrentar, a fim de recompor-se e corrigir o que foi danificado. Cada reencarnação é sublime concessão divina para a construção ditosa da imortalidade pessoal. Escola abençoada, a Terra é o reduto formoso no qual todos nos aperfeiçoamos, retirando a ganga pesada do primarismo, que impede o brilho do diamante estelar do Espírito que somos. Os golpes do processo evolutivo encarregam-se de liberar-nos, permitindo que as facetas lapidadas pela dor e buriladas pelo amor reflitam as belezas siderais”.

Por fim, a reencarnação não rompe os laços espirituais da família fraterna universal, porquanto todos os que se amaram, amam e amarão tornarão a se encontrar na Terra ou no espaço e juntos gravitarão para Deus. Com a reencarnação, há a perpétua solidariedade entre encarnados e desencarnados pelo estreitamento dos laços de afeição. Com a pluralidade de existências, há a certeza na continuidade das relações entre os que se amaram, constituindo a verdadeira família pelos laços espirituais: nascendo e renascendo.

Bibliografia:

BÍBLIA SAGRADA.

KARDEC, Allan; tradução de Guillon Ribeiro. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.

KARDEC, Allan; tradução de Guillon Ribeiro. O Livro dos Espíritos. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.

MENEZES, Bezerra de (Espírito), (psicografado por) Alda Maria. Estudando o Evangelho com Bezerra de Menezes. 1ª Edição. Belo Horizonte/MG: Centro Espírita Manoel Felipe Santiago (CEMFS), 2014.

MIRANDA, Manoel Philomeno de (Espírito); Divaldo Pereira Franco (psicografado por). Transição Planetária. 5ª Edição. Salvador/BA: Editora Leal, 2017.

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