Esta reflexão destaca a importância da prática do perdão incondicional para qualquer situação a que venhamos enfrentar e da necessidade de se perdoar os nossos inimigos na busca do caminho da perfeição.
A vida é uma grande escola, cujo Mestre maior é Jesus Cristo. Os seus ensinamentos e exemplos servem de roteiros de vida, principalmente para a nossa evolução moral e espiritual. Devemos ter Jesus como guia e modelo de perfeição para a Humanidade, sendo a expressão mais pura da lei de Deus, pois Cristo é o caminho, a verdade e a vida; ninguém vai ao Pai senão por Ele (João, 14: 6).
Um dos grandes ensinamentos e exemplos do Mestre é a prática do perdão, em que se deve perdoar sempre (Mateus, 18: 21-22), mas o caminho da perfeição passa pelo perdão aos inimigos (Mateus, 5: 44, 46-48).
A finalidade da evolução espiritual é desenvolver todo o potencial divino existente em cada ser, transformando-se em um ser bom, perfeito e feliz. O Espírito tem que aperfeiçoar a inteligência e a moral, pela prática do bem e da caridade, sem causar sofrimentos a si e aos outros. Para isso, tem o livre-arbítrio para fazer as escolhas corretas com a consequente responsabilidade dos efeitos das decisões e atitudes tomadas.
Pela evolução espiritual, o ser vai progredindo mediante pluralidade de existências até atingir a perfeição relativa às suas capacidades e possibilidades. Não basta crescer intelectualmente, necessário, também, o desenvolvimento moral.
Jesus veio ensinar a lei maior do amor como um dos pilares a ser buscado por cada ser humano para as conquistas evolutivas. Resumiu toda a lei e os profetas em dois mandamentos: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.
Amar o diferente não é algo fácil. Somos levados a escolher a quem ajudar, incluindo pessoas à nossa volta e acolhendo as de maior afinidade, bem como o momento de fazer a caridade. Isto é consequência do egoísmo e do orgulho. Quantas desculpas dão os homens para poupar-se dos problemas em ajudar o próximo. Amar alguém fora do seu círculo, é experimentar entender o mundo pela ótica do outro.
Não basta amar os que nos amam, fazer bem aos que nos fazem bem. É preciso muito mais: “amai os vossos inimigos, fazei bem ao que vos tem ódio, e orai pelos que vos perseguem e caluniam” (Mateus, 5: 44). A lógica do amor não é retributivo, onde somente damos amor a quem nos deu amor, como uma transação comercial, mas sim doar amor em abundância, o amor fraterno universal que irradia e multiplica.
É possível amar os inimigos, os que odeiam ou os que perseguem?
Jesus disse: “reconciliai-vos o mais depressa possível com o vosso adversário, enquanto estais com ele a caminho, para que ele não vos entregue ao juiz, o juiz não vos entregue ao ministro da justiça e não sejais metido em prisão. Digo-vos, em verdade, que daí não saireis, enquanto não houverdes pago o último ceitil”. (Mateus, 5: 25-26)
Jesus mostra que a essência da perfeição é a caridade e o perdão, sem distinção, na mais ampla acepção, porque ela implica na prática de todas as outras virtudes. Caridade é o amor ao próximo em ação, é ver em qualquer pessoa um filho de Deus, um irmão em processo de desenvolvimento, sujeito a enganos, erros e omissões, mas, perfectível, enviando-lhe sempre vibrações de harmonia e paz, e fazendo por ele o que lhe for possível.
Quantas vezes devo perdoar?
“Se contra vós pecou vosso irmão, ide fazer-lhe sentir a falta em particular, a sós com ele; se vos atender, tereis ganho o vosso irmão. Então, aproximando-se dele, disse-lhe Pedro: Senhor, quantas vezes perdoarei a meu irmão, quando houver pecado contra mim? Até sete vezes? – Respondeu-lhe Jesus: não vos digo que perdoeis até sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes”. (Mateus, 18: 15, 21-22)
“Inúmeras vezes fez o Mestre referência ao perdão, destacando-o por valioso e indispensável imperativo à evolução humana. Interpelado por Pedro se devia perdoar ‘sete vezes’, respondeu-lhe que devia perdoar ‘setenta vezes sete’ [Mt 18: 21-22], que equivale a dizer: perdoar indefinitivamente, tantas vezes quantas forem necessárias”. (Marta Antunes de Oliveira Moura. Estudo aprofundado da doutrina espírita: Livro III – Ensinos e parábolas de Jesus – Parte II)
Do amor ao próximo até amar os inimigos, mede-se a evolução moral, donde decorre o grau da perfeição. Foi por isso que Jesus, depois de haver dado a seus discípulos as regras, lhes disse: “sede perfeitos, como perfeito é vosso Pai celestial”.
Não devemos esquecer o grande exemplo dado pelo Mestre Jesus em seu momento derradeiro na cruz: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lucas 23: 34).
A busca da perfeição é longo processo de evolução, cujo modelo e guia é Jesus, o Semeador divino, por meio do seu Evangelho, a semente de elevação, no contexto de uma perfeição relativa à Humanidade, representada por diferentes tipos de solos espirituais.
Jesus sempre está lançando suas sementes, “transferindo a imagem para o solo do espírito, em que tantos imperativos de renovação convidam os obreiros da boa vontade à santificante lavoura da elevação, somos levados a reconhecer que o servidor do Evangelho é compelido a sair de si próprio, a fim de beneficiar corações alheios”. (EMMANUEL. O Evangelho por Emmanuel: comentários ao evangelho segundo Mateus.)
Os problemas não se encontram no Semeador divino e tampouco nas suas sementes, mas sim nos diversos tipos de solo, sendo causas dos insucessos para germinar a Palavra dentro de cada ser, que sufocam a sementeira do amor.
Temos que remover as pedras, os espinhos, as dificuldades e os obstáculos da vida para prosseguir firme, estendendo as mãos ao serviço do amor, tendo como terreno o próximo que nos propicia a colheita.
Basta plantar o bem, sempre agindo pelo amor e perseverando no trabalho dignificante do bem, na produção para o benefício de todos.
O perdão é oportunidade para que o ofensor se arrependa, o pecador se recomponha, o criminoso se libere do mal e se erga, redimido, para a ascensão luminosa.
A caridade consiste no esquecimento e perdão das ofensas. Não há caridade sem esquecimento das ofensas, dos ultrajes e das injúrias; não há caridade sem perdão, nem com o coração tomado de ódio, rancor ou ressentimento.
Amar os inimigos é perdoar, retribuindo o mal com o bem, e praticando o perdão, experimentaremos o consolo de sermos perdoados.
Comece a sua caminhada rumo à perfeição perdoando os seus inimigos!
Bibliografia:
BÍBLIA SAGRADA.
EMMANUEL (Espírito); (psicografado por) Francisco Cândido Xavier; coordenação de Saulo Cesar Ribeiro da Silva. O Evangelho por Emmanuel: comentários ao evangelho segundo Mateus. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2017.
KARDEC, Allan, na tradução de Guillon Ribeiro. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.
KARDEC, Allan, na tradução de Guillon Ribeiro. O Livro dos Espíritos: filosofia espiritualista. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.
MOURA, Marta Antunes de Oliveira. Estudo aprofundado da doutrina espírita: Livro II – Ensinos e parábolas de Jesus – Parte I. Orientações espíritas e sugestões didático-pedagógicas direcionadas ao estudo do aspecto religioso do Espiritismo. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2015.
MOURA, Marta Antunes de Oliveira. Estudo aprofundado da doutrina espírita: Livro III – Ensinos e parábolas de Jesus – Parte II. Orientações espíritas e sugestões didático-pedagógicas direcionadas ao estudo do aspecto religioso do Espiritismo. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2013.