O espaço e o tempo

Do Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita, no livro V, Filosofia e ciência espíritas, no Roteiro 28, Pluralidade de mundo habitados: origem do Universo, temos:

“A teoria do Big Bang foi anunciada em 1948 pelo cientista russo naturalizado estadunidense, George Gamow (1904-1968). Segundo ele, o Universo teria surgido após uma grande explosão cósmica, entre 10 e 20 bilhões de anos atrás. O termo explosão refere-se a uma grande liberação de energia, criando o espaço-tempo”.

No site da Wikipédia, sob o título Espaço-tempo, extraímos:

“Na Física, espaço-tempo é o sistema de coordenadas utilizado como base para o estudo da relatividade restrita e relatividade geral, porquanto o tempo e o espaço tridimensional são concebidos, em conjunto, como uma única variedade de quatro dimensões a que se dá o nome de espaço-tempo. Um ponto, no espaço-tempo, pode ser designado como um “acontecimento”. Cada acontecimento tem quatro coordenadas (t, x, y, z); ou, em coordenadas angulares, t, r, θ, e φ que dizem o local e a hora em que ele ocorreu, ocorre ou ocorrerá.

Na mecânica clássica (não-relativista), o tempo é tomado como uma unidade de medida universal, uniforme por todo o espaço, e independente de qualquer movimentação nesse, enquanto que no contexto da relatividade especial, o tempo é tratado integralmente à dimensão espacial, pois a taxa observada da passagem do tempo depende da velocidade do objeto em relação ao seu observador.

Pontos no espaço-tempo são chamados de eventos e são definidos por quatro números, por exemplo, (x, y, z, ct), onde c é a velocidade da luz e pode ser considerado como a velocidade que um observador se move no tempo. Isto é, eventos separados no tempo de apenas 1 segundo estão a 299.792.458 metros um do outro no espaço-tempo. Assim como utilizamos as coordenadas x, y e z para definir pontos no espaço em 3 dimensões, na relatividade especial utilizamos uma coordenada a mais para definir o tempo de acontecimento de um evento”.

Allan Kardec, no livro “A Gênese”, no Capítulo VI – Uranografia geral, trata do tema “O espaço e o tempo”, que nos auxilia a ter uma visão da Doutrina Espírita, como a seguir:

“1. Já foram dadas várias definições de espaço, sendo a principal esta: o espaço é a extensão que separa dois corpos, na qual certos sofistas deduziram que onde não haja corpos não haverá espaço. Foi nisto que se basearam alguns doutores em Teologia para estabelecer que o espaço é necessariamente finito, alegando que certo número de corpos limitados não poderiam formar uma série infinita e que, onde acabassem os corpos, o espaço igualmente acabaria. Também definiram o espaço como o lugar onde se movem os mundos, o vácuo onde a matéria atua etc. Deixemos todas essas definições, que nada definem, nos tratados em que repousam.

Todos sabemos o que é o espaço, e eu apenas quero firmar que ele é infinito, a fim de que os nossos estudos ulteriores não encontrem nenhuma barreira que se oponha às investigações do nosso olhar. Ora, digo que o espaço é infinito, pela razão de ser impossível imaginar-se um limite qualquer para ele e porque, apesar da dificuldade com que nos defrontamos para conceber o infinito, mais fácil nos é avançar eternamente pelo espaço, em pensamento, do que parar num ponto qualquer, depois do qual não mais encontrássemos extensão a percorrer.

Para figurarmos a infinidade do espaço, tanto quanto no-lo permitam as nossas limitadas faculdades, suponhamos que, partindo da Terra, perdida no meio do infinito, para um ponto qualquer do universo, com a velocidade prodigiosa da centelha elétrica, que percorre milhares de léguas por segundo, hajamos percorrido milhões de léguas tão logo tenhamos deixado este globo, a ponto de nos acharmos num lugar de onde apenas o divisamos sob o aspecto de pálida estrela.

Passado um instante, seguindo sempre a mesma direção, chegamos a essas estrelas longínquas que mal distinguis da vossa estação terrestre. Daí, não só a Terra nos desaparece inteiramente do olhar nas profundezas do céu, como também o próprio Sol, com todo o seu esplendor, se haverá eclipsado pela extensão que dele nos separa. Animados sempre da mesma velocidade do relâmpago, a cada passo que avançamos na imensidão, transpomos sistemas de mundos, ilhas de luz etérea, estradas estelíferas, paragens suntuosas onde Deus semeou os mundos com a mesma profusão com que semeou as plantas nas pradarias terrenas.

Ora, caminhando há poucos minutos e já centenas de milhões e milhões de léguas nos separam da Terra, bilhões de mundos nos passaram sob as vistas e, na realidade, não avançamos um só passo que seja no universo. Se continuarmos durante anos, séculos, milhares de séculos, milhões de períodos cem vezes seculares e sempre com a mesma velocidade do relâmpago, nem um passo igualmente teremos avançado, qualquer que seja o lado para onde nos dirijamos, a partir desse grãozinho invisível que deixamos e que se chama Terra. Eis aí o que é o espaço!

2. Como o espaço, o tempo é também um termo que se define por si mesmo. Dele se faz ideia mais exata, relacionando-o com o todo infinito. O tempo é a sucessão das coisas. Está ligado à eternidade do mesmo modo que as coisas estão ligadas ao infinito. Suponhamo-nos na origem do nosso mundo, na época primitiva em que a Terra ainda não se movia sob a divina impulsão; numa palavra: no começo da Gênese. O tempo então ainda não saíra do misterioso berço da natureza e ninguém pode dizer em que época de séculos nos achamos, visto que o pêndulo do tempo ainda não foi posto em movimento.

Mas silêncio! Soa na sineta eterna a primeira hora de uma Terra isolada, o planeta se move no espaço e, desde então, há tarde e manhã. Para lá da Terra, a eternidade permanece impassível e imóvel, embora o tempo marche com relação a muitos outros mundos. Para a Terra, o tempo a substitui e durante uma determinada série de gerações contar-se-ão os anos e os séculos.

Transportemo-nos agora ao último dia desse mundo, à hora em que, curvado sob o peso da vetustez, ele se apagará do livro da vida para aí não mais reaparecer. Interrompe-se então a sucessão dos eventos; cessam os movimentos terrestres que mediam o tempo, e o tempo acaba com eles.

Esta simples exposição das coisas naturais que dão nascimento ao tempo, que o alimentam e deixam que ele se extinga, basta para mostrar que, visto do ponto em que devemos nos colocar para os nossos estudos, o tempo é uma gota de água que cai da nuvem no mar e sua queda é medida.

Tantos mundos na vasta amplidão, quantos tempos diversos e incompatíveis. Fora dos mundos, somente a eternidade substitui essas efêmeras sucessões e enche tranquilamente da sua luz imóvel a imensidade dos céus. Imensidade sem limites e eternidade sem limites, tais as duas grandes propriedades da natureza universal.

O olhar do observador, que atravessa, sem jamais encontrar o que o detenha, as incomensuráveis distâncias do espaço, e o do geólogo, que remonta além dos limites das idades, ou que desce às profundezas da eternidade, em que ambos um dia se perderão, atuam em concordância, cada um na sua direção, para adquirir esta dupla noção do infinito: extensão e duração.

Dentro desta ordem de ideias, ser-nos-á fácil conceber que, sendo o tempo apenas a relação das coisas transitórias e dependendo unicamente das coisas que se medem, se tomássemos os séculos terrestres por unidade e os empilhássemos aos milheiros, para formar um número colossal, esse número nunca representaria mais que um ponto na eternidade, do mesmo modo que milhares de léguas adicionadas a milhares de léguas não dão mais que um ponto na extensão.

Assim, por exemplo, estando os séculos fora da vida etérea da alma, poderíamos escrever um número tão longo quanto o equador terrestre e supormo-nos envelhecidos desse número de séculos, sem que na realidade nossa alma conte um dia a mais. E juntando a esse número indefinível de séculos uma série de números semelhantes, longa como daqui ao Sol, ou ainda mais consideráveis, se imaginássemos viver durante uma sucessão prodigiosa de períodos seculares representados pela adição de tais números, quando chegássemos ao termo, o inconcebível amontoado de séculos que nos pesaria sobre a cabeça seria como se não existisse: diante de nós estaria sempre toda a eternidade.

O tempo é apenas uma medida relativa da sucessão das coisas transitórias. A eternidade não é suscetível de medida alguma, do ponto de vista da duração; para ela não há começo nem fim: tudo lhe é presente. Se séculos e séculos são menos que um segundo, relativamente à eternidade, que vem a ser a duração da vida humana?”

Kardec, em o “Livro dos Espíritos”, na questão 240, pergunta: “Os Espíritos compreendem o tempo como nós?” A reposta é: “Não. É por isso que vós também não nos compreendeis quando se trata de fixar datas ou épocas”. Kardec comenta: “A ideia e a ação do tempo para os Espíritos não são como nós os compreendemos. O tempo, para eles, é nulo, por assim dizer, e os séculos, tão longos para nós, são, a seus olhos, apenas instantes que se perdem na eternidade, como o relevo do solo se apaga e desaparece para quem o vê de longe quando se eleva no espaço”.

O Espírito Emmanuel, em “Tempo”, no livro Caminho, verdade e vida, na psicografia de Francisco Cândido Xavier, adverte”: “Aquele que faz caso do dia, patrão Senhor o faz.” – Paulo. (ROMANOS, capítulo 14, versículo 6.) (…) Os interesses imediatistas do mundo clamam que o “tempo é dinheiro”, para, em seguida, recomeçarem todas as obras incompletas na esteira das reencarnações… Os homens, por isso mesmo, fazem e desfazem, constroem e destroem, aprendem levianamente e recapitulam com dificuldade, na conquista da experiência. Em quase todos os setores de evolução terrestre, vemos o abuso da oportunidade complicando os caminhos da vida; entretanto, desde muitos séculos, o apóstolo nos afirma que o tempo deve ser do Senhor”.

Emmanuel, em “O Consolador”, na psicografia de Francisco Cândido Xavier, na questão 14: “Como compreender a afirmativa dos astrônomos relativamente à morte térmica do planeta?” A Resposta: “- É certo que todo organismo material se transformará, um dia, revestindo novas formas. As energias do Sol, como as forças telúricas do orbe terrestre, serão esgotadas aqui, para surgirem noutra parte. Alguns astrônomos calculam a morte térmica do planeta para daqui a um milhão de anos, aproximadamente. Já se disse, porém, que a vida é o eterno presente. E o nosso primeiro dever não é o de contar o tempo, demarcando, em bases inseguras, a duração das obras conhecidamente transitórias, mas o de valorizá-lo como oportunidade sagrada para as edificações definitivas do nosso Espírito, as quais são inacessíveis a todas as transformações da matéria, em face do Infinito”.

Assim, o espaço e o tempo são relativos, infinitas sucessões de coisas e eventos transitórios ligados à eternidade de Deus. Como no dizer de Kardec: “Imensidade sem limites e eternidade sem limites, tais as duas grandes propriedades da natureza universal. (…) A eternidade não é suscetível de medida alguma, do ponto de vista da duração; para ela não há começo nem fim: tudo lhe é presente”.  E, também, como bem afirmou o Espírito Emmanuel: “a vida é o eterno presente”.

Bibliografia:

BÍBLIA SAGRADA.

EMMANUEL (Espírito); na psicografia de Francisco Cândido Xavier. Caminho, verdade e vida. (?) Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, (?).

EMMANUEL (Espírito); na psicografia de Francisco Cândido Xavier. O Consolador. 29ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.

KARDEC, Allan; tradução de Evandro Noleto Bezerra. A Gênese. 2ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2013.

KARDEC, Allan; tradução de Guillon Ribeiro. O Livro dos Espíritos. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.

MOURA, Marta Antunes de Oliveira de (organizadora). Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita: Filosofia e ciência Espíritas. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2017.

WIKIPÉDIA. Espaço-tempo. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Espa%C3%A7o-tempo#:~:text=Na%20f%C3%ADsica%2C%20espa%C3%A7o%2Dtempo%20%C3%A9,o%20nome%20de%20espa%C3%A7o%2Dtempo. Publicado em: fevereiro de 2019. Atualizado em: 31 de março de 2020. Acessado em: 13 de julho de 2020.

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