Reflexão sobre a pequena história do discípulo

Esta reflexão apoia-se no texto “Pequena história do discípulo” do livro “No Roteiro de Jesus”, do Espírito Humberto de Campos, na psicografia de Francisco Cândido Xavier, que narra a caminhada de um aprendiz de discípulo do Mestre Jesus em sete fases de evolução que conduzem para a sublimação daqueles que desejam seguir as pegadas do Cristo na estrada da renovação que liberta a alma na busca da verdadeira felicidade.

A narrativa começa com o Mestre visitando o seu aprendiz pela primeira vez, encontrando-o mergulhado na leitura das informações divinas, procurando sabedoria no conhecimento superior. Do que viu, o Mestre entrega-o aos cuidados de seus prepostos.

Em uma segunda visita, o aprendiz estava entusiasmado e dominado pela luz da revelação, propondo divulgá-la a todos os cantos da Terra. Queria ganhar o mundo para o Criador, multiplicando promessas de sacrifício e interpretando a salvação como serviço da esperança contemplativa. O Mestre louvou o apóstolo ideal, confiando-o a dedicados mensageiros.

Na terceira ocasião, observou mudança no aprendiz, que se guiava pelos propósitos combativos, presumindo ter a posse da realidade universal e lutando com os que não alcançavam o degrau evolutivo. Acusava, julgava e punia sem comiseração. Enfileirava adversários, pretendia destruir e renovar tudo, desconhecia o respeito ao próximo, assumindo graves responsabilidades para o futuro. O Mestre reconhecendo-lhe a sinceridade, acariciou as mãos do defensor da verdade, entregando-o à proteção de missionários fiéis.

Em época diferente, o Mestre percebeu o discípulo pregando princípios edificantes, condicionando-os aos seus pontos de vista. Escrevia páginas e fazia discursos comovedores. Projetava nos ouvintes a vibração de sua fé. Era condutor das massas. O Mestre declarou-o iluminado ministro da palavra celestial, ganhando outros rumos sob a inspiração de valorosos emissários.

No quinto encontro, o Mestre notou o aprendiz com feridas na alma. A conquista do mundo não era fácil. Fora defrontado pela falsidade alheia. Desejoso de praticar o bem, era incessantemente visado pelo mal. Via-se rodeado de espinhos. Suportava calúnias e sarcasmo. Era incompreendido nas melhores intenções. Lia os livros santos intensamente. Sustentava os seus ideais com dificuldades. Ensinava de coração dilacerado. O Mestre enxugou-lhe o suor dizendo para ser peregrino da experiência, confiando-o a carinhosos benfeitores.

Pela sexta vez, o Salvador surpreendeu o discípulo chorando, o qual reconhecia que o domínio de si mesmo era mais difícil do que a conquista do mundo. Entregara-se a forças inferiores, cedendo às sugestões menos dignas que combatia. Aprendera que era mais difícil e doloroso edificar o bem no próprio íntimo. Renunciava ao combate exterior para lutar consigo. Vivia sob a pressão da renovação. Ciente das suas fraquezas e imperfeições, confiava em Deus, a cuja bondade infinita submetia os torturantes problemas individuais pela prece e vigilância. O divino Amigo secou-lhes as lágrimas, exaltando a dor que santifica e recomendando-o aos colaboradores celestiais.

No sétimo encontro, o Mestre admirou-se com o discípulo renovado completamente. O pupilo, dentre outras virtudes, preferia calar-se para ouvir; analisava as dificuldades alheias pelos tropeços; compreendia sem qualquer tendência à superioridade que humilha; via irmãos em toda parte e estava disposto a auxiliá-los e socorrê-los sem preocupação de recompensa; entendia que os filhos de outros lares deviam ser tão amados quanto os filhos do teto em que nascera; entendia os dramas dolorosos dos vizinhos; honrava os velhos e estendia mãos protetoras às crianças e aos jovens; orava pelos adversários, convencido de que não eram maus e, sim, ignorantes e incapazes; socorria os ingratos; interpretava dores e problemas como recursos de melhoria substancial; as lutas eram degraus de ascensão; sua palavra jamais condenava; suas mãos ajudavam sempre; sintonizava sua mente com a Esfera Superior; pregava a verdade e a ensinava a quantos procurassem ouvi-lo; guardava, feliz, a disposição de servir a todos; sabia que era imprescindível amparar o fraco; e suas palavras revestiam-se de ciência celestial. O Mestre abraçou-o proclamando: “Bem-aventurado o servo fiel que busca a Divina Vontade de Nosso Pai! E, desde então, passou a habitar com o discípulo para sempre”.

O texto de Humberto de Campos mostra as diferentes fases daqueles que se propõem a seguir os passos do Mestre Jesus para tornar-se um verdadeiro discípulo.

Tudo na vida tem o seu tempo, a sua preparação e o seu amadurecimento para o serviço edificante na prática do bem, do amor e da caridade, sendo resultado do acúmulo de reflexões, aprendizados e experiências vividas diante de diversas situações de expiações e provas.

O aprendiz do Mestre passou pelas fases de aprendizagem, experiências e provações necessárias para se tornar um discípulo: da busca da sabedoria celestial pelos estudos que educam o Espírito; do despertar da alma pela luz reveladora das verdades eternas; do defensor da verdade divina junto aos seres em evolução; do pregador da palavra celestial; do enfrentamento da dor e incompreensão alheia para tornar-se peregrino da experiência; da luta íntima do bem contra o mal para superar as provações, resistindo às tentações; e do serviço edificante na prática do bem em harmonia com a vontade do Pai.

Importante destacar que em todas essas fases o Mestre sempre colocou à disposição do aprendiz os seus prepostos, mensageiros, missionários, emissários, benfeitores e colaboradores celestiais, pois nunca o deixou desamparado para a aquisição dos bens espirituais.

Nestas fases, o aprendiz: colocou-se a adquirir os ensinamentos da Palavra; entusiasmou-se diante da revelação e desejou divulgar e pregar a Palavra; procurou purificar e renovar seres necessitados de evolução e em círculos religiosos; escreveu, discursou e conduziu massas; sentia os efeitos da dor e do sofrimento, era colocado a prova e tentado pelo mal, provocava perseguições e sustentava-se com dificuldade, construindo a sua bagagem de experiencias dignificantes; reconhecia que muito mais difícil que a conquista do mundo era o domínio de si mesmo, entregara-se também às forças e sugestões inferiores, verificou quão difícil edificar o reino dos Céus dentro de si, constatou que não havia eliminado os sentimentos de egoísmo, orgulho, vaidade e, pela prece e pela vigilância, passou a lutar dentro de si mesmo na busca da ação renovadora; por fim, o discípulo renovara-se completamente depois de suportar e superar todas as provas e expiações.

Assim, o texto de Humberto de Campos ensina-nos o longo caminho para ser um discípulo de Jesus, cuja trajetória de aprendizado, revelação, autoconhecimento, iluminação interior, semeadura, resignação, reforma íntima e serviço edificante conduzem para a verdadeira renovação que liberta a alma na busca da felicidade das bem-aventuranças.

Bibliografia:

CAMPOS, Humberto de (Espírito); (psicografado por) Francisco Cândido Xavier; Gerson Simões Monteiro (organizado por). No Roteiro de Jesus. 3ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2018.

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