Estava lendo o livro “A Revelação” de C. Baxter Kruger que, em determinado diálogo o personagem Aidan diz a João Evangelista ser difícil entender o Prólogo de seu Evangelho: “No princípio era o Verbo, e o Verbo era com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por Ele; e nada do que foi feito, foi feito sem Ele” (João, 1: 1-3).
Nesse diálogo, João diz: “Jovem Aidan, a Palavra é Jesus, e ele estava lá no princípio, a Palavra eterna, a primeira palavra antes de tudo o mais. Não há nenhuma palavra antes de Jesus. Nunca houve”. Depois, acrescenta: “Jesus é a primeira, a última e a única Palavra de Deus, o caminho para o Pai, a verdade, a vida e a luz do cosmo”. (…) “Jesus fez milagres, expulsou demônios, curou os doentes porque ele é o Criador de todas as coisas”. (KRUGER. A Revelação, pg. 63 e pg. 65)
Esse diálogo romanceado, despertou o interesse para entender o que realmente João Evangelista quis dizer no início de seu Evangelho.
Uma das chaves para abrir a porta do entendimento, segundo a Doutrina Espírita, está na codificação de Allan Kardec: “Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas” (Allan Kardec. O Livro dos Espíritos).
A inteligência suprema precede a criação de todas as coisas (causa primária), a qual é representada pela Palavra que exprime a vontade e a força criadora de Deus, porquanto nada no universo é por acaso e tampouco está em desordem, tudo tem um princípio inteligente diretor. O Verbo é de Deus, ou a Palavra vem de Deus.
No princípio, era a Palavra, pois ela traduz o princípio inteligente de tudo advindo de Deus, criador de todas as coisas.
Na pergunta 261, em “O Consolador”, pelo Espírito Emmanuel, na psicografia de Francisco Cândido Xavier, temos: “Pergunta: ‘No princípio era o Verbo…’ Como deveremos entender esta afirmativa do texto sagrado? Resposta: O apóstolo João ainda nos adverte que ‘o Verbo era Deus e estava com Deus’. Deus é amor e vida e a mais perfeita expressão do Verbo para o orbe terrestre era e é Jesus, identificado com a Sua Misericórdia e Sabedoria, desde a organização primordial do planeta. Visível ou oculto, o Verbo é o traço da Luz divina em todas as coisas e em todos os seres, nas mais variadas condições do processo de aperfeiçoamento”. (EMMANUEL. O Evangelho por Emmanuel: comentários ao Evangelho segundo João, pg. 28)
Assim, na gênese do orbe terrestre, desde a organização primordial do planeta, Jesus Cristo, escolhido por Deus, estava com a mais perfeita expressão do Verbo divino, identificado com a Sua Misericórdia e Sabedoria, quando tudo se fez, e, nada foi feito sem Ele, pois Jesus absorveu a palavra divina, assimilando-a para a co-criação do planeta Terra.
“E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (João 1: 14).
Uma resposta a esse versículo de João (1: 14) encontramos em “O Consolador”, na pergunta 283: “Com referência a Jesus, como interpretar o sentido das palavras de João: ‘E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e verdade?’ Resposta: Antes de tudo, precisamos compreender que Jesus não foi um filósofo e nem poderá ser classificado entre os valores propriamente humanos, tendo-se em conta os valores divinos de sua hierarquia espiritual, na direção das coletividades terrícolas. Enviado de Deus, Ele foi a representação do Pai junto do rebanho de filhos transviados do seu amor e da sua sabedoria, cuja tutela lhe foi confiada nas ordenações sagradas da vida no Infinito. Diretor angélico do orbe, seu coração não desdenhou a permanência direta entre os tutelados míseros e ignorantes, dando ensejo às palavras do apóstolo, acima referidas”. (EMMANUEL. O Evangelho por Emmanuel: comentários ao Evangelho segundo João, pg. 32)
Isso comprova os valores divinos de Jesus da mais alta hierarquia espiritual, Espírito puro, que se fez carne, representação do Pai e Diretor angélico do orbe terrestre. Jesus tomou a forma carnal e habitou entre nós como Filho do Homem e Filho de Deus e sentimos a sua glória como expressão do Pai, pois foi o maior Espírito que já encarnou na Terra.
Por fim, o Prólogo de João diz que Jesus, desde o início, já existia junto ao Pai, como se extrai de Jeremias 1: 5: “antes que te formasse no ventre, te conheci, e antes que saísses da madre, te consagrei profeta das nações”.
O Espírito Emmanuel, na psicografia de Francisco Cândido Xavier, em “A caminho da luz”, traz mais algumas considerações:
“Sob a orientação misericordiosa e sábia do Cristo, laboravam na Terra numerosas assembleias de operários espirituais. Como a engenharia moderna, que constrói um edifício prevendo os menores requisitos de sua finalidade, os artistas da espiritualidade edificavam o mundo das células iniciando, nos dias primevos, a construção das formas organizadas e inteligentes dos séculos porvindouros”. (…)
“As formas de todos os reinos da natureza terrestre foram estudadas e previstas. Os fluidos da vida foram manipulados de modo a se adaptarem às condições físicas do planeta, encenando-se as construções celulares segundo as possibilidades do ambiente terrestre, tudo obedecendo a um plano preestabelecido pela misericordiosa sabedoria do Cristo, consideradas as leis do princípio e do desenvolvimento geral”. (pg. 19 e pg. 20)
“Os tipos adequados à Terra foram consumados em todos os reinos da natureza, eliminando-se os frutos teratológicos e estranhos, do laboratório de suas perseverantes experiências”. (pg. 23)
“As forças espirituais que dirigem os fenômenos terrestres, sob a orientação do Cristo, estabeleceram, na época da grande maleabilidade dos elementos materiais, uma linhagem definitiva para todas as espécies, dentro das quais o princípio espiritual encontraria o processo de seu acrisolamento, em marcha para a racionalidade. Os peixes, os répteis, os mamíferos, tiveram suas linhagens fixas de desenvolvimento e o homem não escaparia a essa regra geral”. (pg. 24)
Por mais este esclarecimento, verifica-se que Jesus e seus operários espirituais participaram da gênese da humanidade construindo formas organizadas e inteligentes, de modo a se adaptarem às condições físicas do planeta, segundo as possibilidades do ambiente terrestre, em que os tipos mais adequados sobreviveram e os imperfeitos foram eliminados pelo laboratório das forças espirituais. A linhagem definitiva prosseguiu o seu caminho em direção da racionalidade.
Agora entendendo o Prólogo de João Evangelista, Jesus é o Diretor angélico do orbe terrestre, portador da mais perfeita expressão da Palavra de Deus, identificado com a Sua Misericórdia e Sabedoria, desde a organização primordial do planeta, em que nada foi feito sem Ele. Jesus é o guia, o modelo da Humanidade terrestre, o caminho, a verdade e a vida, ninguém chega ao Pai, senão por Ele. Para o homem, Jesus constitui o tipo de perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar.
Autor: Juan Carlos Orozco
Revisora: Heloisa Castro
Bibliografia:
BIBLIA SAGRADA.
KARDEC, Allan; tradução de Guillon Ribeiro. O Livro dos Espíritos. 1ª Edição. Brasília/DF, Federação Espírita Brasileira, 2019.
KRUGER, C. Baxter. A Revelação. Rio de Janeiro/RJ: Sextante, 2018.
EMMANUEL (Espírito); (psicografado por) Francisco Cândido Xavier. A Caminho da Luz. 38ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2016.
EMMANUEL (Espírito); (psicografado por) Francisco Cândido Xavier. O Evangelho por Emmanuel: comentários ao evangelho segundo João. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2017.
Jesus é maravilhoso!
Amo o Senhor Jesus de todo o meu coração….