Parábola dos primeiros lugares

“Ao anotar como os convidados escolhiam os primeiros lugares, propôs-lhes esta parábola: Quando fores por alguém convidado para um casamento, não te sentes no primeiro lugar; para não suceder que seja por ele convidada uma pessoa mais considerada do que tu e, vindo o que te convidou a ti e a ele, te diga: Dá o lugar a este; e então irás envergonhado ocupar o último lugar. Pelo contrário, quando fores convidado, vai tomar o último lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, senta-te mais para cima; então isto será para ti uma honra diante de todos os mais convivas. Pois todo o que se exalta, será humilhado; mas todo o que se humilha, será exaltado”.  (Lucas, 14: 7-11) 

Esta Parábola nos faz refletir sobre a humildade como virtude necessária à evolução moral e espiritual, como componente essencial à felicidade que faz oposição ao orgulho e à vaidade, sendo que a humildade deve e pode ser exercitada.

Em todas as circunstâncias, Jesus põe a humildade na categoria das virtudes que aproximam de Deus e o orgulho entre os vícios que dele afastam a criatura. A humildade é ato de submissão a Deus, ao passo que o orgulho é a revolta contra ele.

O benfeitor esclarecido sabe operar com humildade, sem exigências ou constrangimentos, garantindo, diante de qualquer situação, a paz que cultiva nas bases do entendimento e da compreensão.

O “escolher o primeiro lugar” pode ter vários sentidos: colocar-se em evidência; ofuscar os demais; exaltar o seu conhecimento ou a sua posição social; satisfazer a vaidade; demonstrar o orgulho e a superioridade; dentre outros.

O casamento, como em outras passagens Evangélicas, representa a união dos seres humanos com o Criador. A cerimônia de casamento representa o processo gradativo de auto iluminação do ser humano. O convidado para um casamento é aquele que recebeu o convite para a evolução moral e espiritual.

O poder e a consideração de que um homem gozou na Terra não lhe dão supremacia no mundo dos Espíritos, pois que os pequenos serão elevados e os grandes rebaixados. A elevação e o rebaixamento estão relacionados a diferentes ordens dos Espíritos, conforme os seus méritos.

O maior da Terra pode pertencer à última categoria entre os Espíritos. Por outro lado, o seu servo pode estar na primeira categoria. Jesus disse: “aquele que se humilhar será exalçado e aquele que se exalçar será humilhado”. Assim, quem foi grande na Terra, como Espírito, pode achar-se entre os de ordem inferior, experimentando alguma humilhação devido ao orgulhoso e à inveja. O título da Terra nada vale no plano espiritual.

O Espírito Emmanuel, em “Boas maneiras”, no livro “Pão Nosso”, na psicografia de Francisco Cândido Xavier, disse: “Não assaltes os lugares de evidência por onde passares. E, quando te detiveres com os nossos irmãos em alguma parte, não os ofusques com a exposição do quanto já tenhas conquistado nos domínios do amor e da sabedoria. Se te encontras decidido a cooperar pelo bem dos outros, apaga­te, de algum modo, a fim de que o próximo te possa compreender. Impondo normas ou exibindo poder, nada conseguirás senão estabelecer mais fortes perturbações”.

Em “Ninguém é inútil”, o Espírito Emmanuel, na psicografia de Francisco Cândido Xavier, discorre: “Para cumprir a missão que nos cabe, não são necessários cargo diretivo, uma tribuna brilhante, um nome preclaro ou uma fortuna de milhões. Basta estimemos a disciplina no lugar que nos é próprio, como o prazer de servir”.

Cairbar Schutel, em “Parábolas e Ensinos de Jesus”, ensina que “É costume dos orgulhosos, que querem ostentar grandeza, ocupar na sociedade as posições mais distintas; tornarem-se salientes, para atrair atenções. 

Jesus, que costumava frequentar certas reuniões em ocasiões que julgava próprias, para estudar o caráter e a psicologia das gentes, antes de propor a seus discípulos a Parábola da Grande Ceia, julgou de bom aviso ensinar-lhes que, mesmo como convivas desse ‘banquete espiritual’, não deveriam pleitear os primeiros lugares, posições inadequadas aos que devem observar estritamente a humildade, único meio de exaltação e de conquista de mérito. 

Nenhum valor tem para Jesus os que se salientam pomposamente nos primeiros lugares e praticam todas as obras que aparentemente são boas, para serem visto pelos homens; os que alargam seus filactérios, alongam suas fímbrias, e gostam do primeiro lugar nos banquetes, das primeiras cadeiras nas sinagogas, das saudações nas praças públicas e de serem chamados mestres. 

O conviva da ‘grande ceia’ deve ser sóbrio, modesto, prudente, recatado, cheio de boa vontade, laborioso, e, em vez de se recostar comodamente no primeiro lugar que encontra vago em torno da mesa do banquete, deve fazer-se como o servo que, depois de bem examinar as iguarias, serve equitativamente aos convivas, segundo o paladar de cada um deles. (…)

A sentença do Mestre ‘O que se exalta, será humilhado; mas o que se humilha, será exaltado’, tem estrita aplicação a todos os que já receberam a Palavra de Jesus em Espírito e Verdade. 

Na Parábola do Bom Servo está escrita a obrigação dos que desejam os ‘primeiros lugares espirituais’. Não é por ocupar os ‘primeiros lugares na sociedade’ que os obteremos. Ninguém pense galgar as eminências da glória, sem haver prestado seus serviços à causa da Verdade, sem ter experimentado, para tal fim, provas difíceis de vencer, sem haver triunfado nas lutas, sem ter vencido o mundo com suas enganadoras miragens. 

Os primeiros lugares espirituais não são aqueles em que somos honrados, mas aqueles em que nos colocamos para honrar; não são aqueles em que somos servidos, mas os em que nos dão ensejo de servir. ‘O Filho do Homem não veio ao mundo para ser servido, mas para servir’.”  

Bibliografia:

BÍBLIA SAGRADA.

EMMANUEL (Espírito), na psicografia de Francisco Cândido Xavier; Saulo Cesar Ribeiro da Silva (Coordenação). O Evangelho por Emmanuel: comentários ao evangelho segundo Lucas. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2016.

SCHUTEL, Cairbar. Parábolas e Ensino de Jesus. 1ª Edição. Matão/SP: Gráfica da Casa Editora o Clarim, 1928.

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