Mediunidade e médiuns

Os fenômenos psíquicos estudados pelo Espiritismo têm como agente o Espírito, sendo que eles são de duas categorias: mediúnicos e anímicos.

Os fenômenos mediúnicos, de efeitos físicos ou inteligentes, são intermediados pelo médium, toda pessoa que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos.

Os fenômenos anímicos, de emancipação da alma, são produzidos pelo próprio Espírito encarnado que não age como intermediário ou intérprete do pensamento dos Espíritos.

Mediunidade é a faculdade psíquica que os médiuns possuem, mais ou menos intensa, por meio de variedade significativa de tipos. A mediunidade é inerente a uma disposição orgânica, que qualquer um pode ser dotado, como de ver, ouvir e falar. A mediunidade é conferida sem distinção, a fim de que os Espíritos possam trazer luz a todas as camadas da sociedade. A mediunidade é classificada de acordo com a natureza dos efeitos que os Espíritos produzem: físicos e inteligentes (ou intelectuais).

O médium serve de instrumento para que os Espíritos possam se comunicar com os homens: Espíritos encarnados. Sem o médium, não há comunicações tangíveis, mentais, escritas, físicas, de qualquer natureza. Assim sendo, o médium é o instrumento humano de que se servem os Espíritos desencarnados para se comunicarem e a mediunidade é a faculdade psíquica inerente ao ser humano, manifestada em diferentes graus e tipos.

Neste ponto, cabe ressaltar a diferença entre a mediunidade, que qualquer um pode ser dotado desta faculdade, o médium, o intermediário humano para que os Espíritos possam se comunicar, e o Espírita, aquele que estuda e segue a ética e a moral da Doutrina Espírita ou do Espiritismo. Os adeptos do Espiritismo são Espíritas ou Espiritistas. Nesse sentido, vários religiosos ou não, até mesmo ateus, podem ser dotados da mediunidade e serem médiuns, sem que sejam Espíritas.

Enquanto faculdade psíquica, a mediunidade acompanha a evolução intelectual e moral do Espírito, e se manifesta em qualquer plano de vida, físico ou espiritual. Como instrumento de melhoria do ser humano, a mediunidade pode desenvolver-se gradualmente, ao longo das reencarnações sucessivas, ou adquirir a feição de compromisso ou de missão, previstos no planejamento reencarnatório.

O bom médium não é o que se comunica facilmente, mas aquele que é simpático aos bons Espíritos e somente deles tem assistência. Unicamente neste sentido é que a excelência das qualidades morais se torna onipotente sobre a mediunidade.

Os grandes Instrutores da Espiritualidade utilizam-se dos médiuns para a transmissão de mensagens edificantes, enriquecendo o Mundo com novas revelações, conselhos e exortações que favorecem a definitiva integração a programas emancipadores.

Os bons Espíritos vêm em nosso auxílio e seus conselhos, dados diretamente, são de natureza a impressionar-nos de modo mais vivo, do que se os recebêssemos indiretamente.

Os médiuns apresentam uma gama de aptidões, particularizando-os na obtenção de fenômenos ou gênero de comunicações. Os médiuns podem ser divididos em 2 grandes categorias: médiuns de efeitos físicos, que provocam efeitos materiais ou manifestações ostensivas; e médiuns de efeitos intelectuais, aptos a receber e a transmitir comunicações inteligentes.

Nos diferentes fenômenos de influência mediúnica, em quase todos há efeitos físico e inteligente. Difícil delimitá-los.

Médiuns de efeitos físicos

Médiuns tiptólogos: produzem ruídos ou pancadas.

Médiuns motores: produzem movimento nos corpos inertes.

Médiuns de translações e suspensões: produzem a translação aérea e a suspensão dos corpos inertes no espaço, sem ponto de apoio. Entre eles há os que podem elevar-se.

Médiuns de efeitos musicais: provocam a execução de composições em instrumentos de música, sem contato com estes.

Médiuns de aparições ou materializações: provocam aparições fluídicas ou tangíveis, visíveis aos assistentes.

Médiuns de transporte: servem de auxiliares aos Espíritos para o transporte de objetos materiais. Variedade dos médiuns motores e de translações.

Médiuns pneumatógrafos: obtêm a escrita direta. Podem obter simples traços, sinais, letras, palavras, frases ou páginas inteiras. Basta colocar uma folha de papel dobrada num lugar qualquer, ou indicado pelos Espíritos.

Médiuns curadores: faculdade de curar pelo simples contato, pela imposição das mãos, pelo olhar, por um gesto, mesmo sem o concurso de qualquer medicamento. Tem o princípio na força magnética que exige um tratamento metódico mais ou menos longo. Os magnetizadores são aptos a curar, se proceder corretamente. Nos médiuns curadores, a faculdade é espontânea e alguns a possuem sem nunca ter ouvido falar em magnetismo.

Médiuns de efeitos intelectuais

Médiuns audientes: ouvem os Espíritos como se escutassem uma voz interna que ressoasse no íntimo; doutras vezes é uma voz exterior, clara e distinta, qual a de uma pessoa viva. Podem conversar com os Espíritos. Quando se habituam a comunicar-se com certos Espíritos, reconhecem imediatamente pelo som da voz. Nada mais fazem do que transmitir o que ouvem.

Médiuns falantes ou psicofônicos: o Espírito atua sobre os órgãos da palavra do médium. Em geral, o médium exprime sem ter consciência do que diz, coisas inteiramente fora do âmbito de suas ideias habituais, de seus conhecimentos e fora do alcance da sua inteligência. Não raro, verem-se pessoas iletradas e de inteligência vulgar expressar-se com verdadeira eloquência e tratar de questões sobre as quais seriam incapazes de emitir uma opinião. Raro o médium falante guardar lembrança do que disse. Nem sempre é integral a sua passividade. Alguns há que têm intuição do que dizem, no próprio instante em que proferem as palavras.

Médiuns videntes: em estado normal e perfeitamente despertas, gozam da faculdade de ver os Espíritos. A possibilidade de vê-los em sonho resulta, sem contestação, de uma espécie de mediunidade, mas não são médiuns videntes propriamente ditos.

Médiuns sonambúlicos: sonambulismo é variedade da faculdade mediúnica. O sonâmbulo age sob a influência do próprio Espírito, que vê, ouve e percebe além dos limites dos sentidos. Exprime o que vem de si, vivendo antecipadamente a vida dos Espíritos. O médium, ao contrário, é instrumento de uma inteligência estranha; é passivo e o que diz não vem do seu próprio eu. O sonâmbulo externa seus próprios pensamentos e o médium exprime os de outrem.

Médiuns inspirados: a ação dos Espíritos é intelectual e moral, revelando-se nas circunstâncias da vida. Difícil distinguir as ideias próprias das que são sugeridas. Espontaneidade é a característica principal. Nos trabalhos da inteligência, evidencia-se a inspiração. Os Espíritos para a execução de certos trabalhos sugerem as ideias necessárias, em que na maioria dos casos eles são médiuns sem o saberem. Têm vaga intuição de uma assistência estranha, porquanto aquele que apela para a inspiração nada mais faz do que uma evocação.

Médiuns de pressentimentos: têm imprecisa intuição das coisas futuras, que provem de uma espécie de dupla vista, facultando entrever consequências das coisas presentes; em outras vezes, resulta de comunicações ocultas.

Médiuns proféticos: recebem, com permissão de Deus, a revelação das coisas futuras, de interesse geral, para tornar conhecidas aos homens e servir-lhes de ensinamento. O pressentimento é para uso pessoal e a profecia é excepcional, implicando a ideia de uma missão na Terra.

Médiuns extáticos: em estado de êxtase, recebem revelações dos Espíritos.

Médiuns pintores, pictógrafos ou desenhistas: pintam ou desenham trabalhos sob a influência dos Espíritos. Não é o caso de médiuns que Espíritos zombeteiros levam a fazer coisas grotescas.

Médiuns músicos: executam, compõem ou escrevem músicas, sob a influência dos Espíritos. Há médiuns músicos, mecânicos, semi-mecânicos, intuitivos e inspirados.

Médiuns escreventes ou psicógrafos: escrevem sob a influência dos Espíritos, servindo-se da mão para escrever. A apresentam três variedades bem distintas: médiuns mecânicos, intuitivos e semi-mecânicos.

No médium mecânico, o Espírito atua diretamente sobre a mão, impulsionando-a. O que caracteriza este gênero de mediunidade é a inconsciência absoluta do médium ao que a mão escreve. O movimento da mão independe da vontade, movimentando-se sem interrupção e parando quando concluído.

No médium intuitivo, a transmissão do pensamento serve ao Espírito do médium, atuando sobre a alma e imprimindo a sua vontade e as suas ideias. A alma recebe o pensamento do Espírito, transcrevendo-o. O médium escreve voluntariamente e tem consciência do que escreve, embora não grafe seus próprios pensamentos.

Difícil distinguir o pensamento do médium do que é sugerido. Podem reconhecer-se os pensamentos sugeridos pelo fato de não serem nunca preconcebidos; eles surgem à proporção que o médium vai escrevendo e são opostos à ideia que concebera.

Há analogia entre a mediunidade intuitiva e inspiração.

A intuição restringe-se quase sempre a questões de atualidade e pode aplicar-se ao que esteja fora das capacidades intelectuais do médium. Por intuição, pode-se tratar de assunto completamente estranho.

A inspiração estende-se por um campo vasto e geralmente vem em auxílio das capacidades e preocupações do Espírito encarnado.

Os médiuns semi-mecânicos ou semi-intuitivos têm dois gêneros. No mecânico, o movimento da mão independe da vontade. No intuitivo, o movimento é voluntário e facultativo. O médium semi-mecânico sente na mão uma impulsão dada mau grado seu, mas ao mesmo tempo tem consciência do que escreve, à medida que as palavras se formam. No primeiro, o pensamento vem depois do ato de escrever; no segundo, precede-o; no terceiro, acompanha-o.

Kardec inclui entre médiuns psicógrafos: os médiuns polígrafos, cuja escrita muda com o Espírito que se comunica, ou aptos a reproduzir a escrita que o Espírito tinha em vida; médiuns poliglotas ou de xenoglossia, que têm a faculdade de escrever ou falar em línguas desconhecidas; e médiuns iletrados, que escrevem, como médiuns, sem saberem ler, nem escrever, no estado ordinário.

Bibliografia:

KARDEC, Allan; tradução de Evandro Noleto Bezerra. A Gênese. 2ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2013.

KARDEC, Allan; tradução de Guillon Ribeiro. O Livro dos Espíritos. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.

KARDEC, Allan; tradução de Guillon Ribeiro. O Livro dos Médiuns. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.

MOURA, Marta Antunes de Oliveira de (Organizadora). Mediunidade: estudo e prática. Programa I. 2ª Edição. Brasília/DF, Federação Espírita Brasileira, 2018.

ROCHA, Cecília (Organizadora). Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita: programa complementar. Tomo Único. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2018.

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