“… o semeador saiu a semear. Enquanto lançava a semente, parte dela caiu à beira do caminho, e as aves vieram e a comeram. Parte dela caiu em terreno pedregoso, onde não havia muita terra; e logo brotou, porque a terra não era profunda. Mas quando saiu o sol, as plantas se queimaram e secaram, porque não tinham raiz. Outra parte caiu entre espinhos, que cresceram e sufocaram as plantas. Outra ainda caiu em boa terra, deu boa colheita, a cem, sessenta e trinta por um. Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça! (…)
Portanto, ouçam o que significa a parábola do semeador: quando alguém ouve a mensagem do Reino e não a entende, o maligno vem e lhe arranca o que foi semeado em seu coração. Este é o que foi semeado à beira do caminho. Quanto ao que foi semeado em terreno pedregoso, este é aquele que ouve a palavra e logo a recebe com alegria. Todavia, visto que não tem raiz em si mesmo, permanece por pouco tempo. Quando surge alguma tribulação ou perseguição por causa da palavra, logo a abandona. Quanto ao que foi semeado entre os espinhos, este é aquele que ouve a palavra, mas a preocupação desta vida e o engano das riquezas a sufocam, tornando-a infrutífera. E, finalmente, o que foi semeado em boa terra: este é aquele que ouve a palavra e a entende, e dá uma colheita de cem, sessenta e trinta por um”. (Mateus, 13: 1-23; Marcos, 4: 1-20; e Lucas, 8: 4-15)
Na Parábola do semeador, Jesus, o semeador divino, mostra quatro fases de evolução moral e espiritual dos distintos tipos de solos. A semente é o seu Evangelho, entendido como roteiro de vida, em que o Mestre sempre está lançando as sementes ao longo dos tempos, independentemente dos solos e das circunstâncias, oferecendo oportunidades de acolher a Palavra, convidando ao aprendizado na busca da perfeição.
A primeira fase, em que as sementes caíram a beira do caminho e as aves comeram, simboliza as pessoas que permanecem à margem das orientações espirituais. Podem ser solos indiferentes, que se achegam ao Evangelho, ouvem as lições e retiram-se. São terrenos ainda não preparados para a semeadura. Guardam a promessa de acolher a semente quando as provações e o conhecimento lhes marcarem a existência.
As sementes que caíram em solo pedregoso indicam os seres com formações mentais cristalizadas, em que as pedras precisam ser removidas, pois elas não permitem que a raiz se aprofunde. São entusiastas de primeiro momento que, ante os menores obstáculos que surgem no exercício do bem, não conseguem se manter fiéis aos ensinamentos de Jesus, deles se afastando.
Nos solos espinhosos, as sementes cresceram, mas foram sufocadas pelos espinhos das viciações, das más inclinações, do egoísmo, da intolerância, da maledicência, do autoritarismo, do orgulho, da vaidade, entre tantos outros obstáculos à evangelização do ser humano. Devemos ter cuidado com os espinhos que podem colocar em risco a boa produção da semeadura e sufocar os projetos de evolução.
A boa terra representa o solo em condições de germinar a semente, desenvolver a planta e produzir frutos. Neste solo, os ensinamentos do Evangelho são assimilados e difundidos num processo natural. A semente germina em um coração mais amadurecido e receptivo ao Evangelho, renunciando antigas e infelizes aquisições. Contudo, mesmo em solo fértil, cada um produz de acordo com a sua evolução espiritual, pois uns produzem mais, outros produzem menos.
A busca da perfeição é longo processo evolutivo, com diversas fases para a semente e os solos: acolhimento, germinação, desenvolvimento, florescimento e produção de bons frutos. Os problemas não estão no semeador divino e tampouco nas suas sementes, mas nos diversos tipos de solo, sendo causas dos insucessos para germinar a Palavra dentro de cada ser, quer sejam diante de corações indiferentes no meio do caminho, petrificados ou cheios de espinhos que sufocam a sementeira do amor. Senhor, que sejamos solos férteis para acolher a Palavra de Deus e possamos produzir bons frutos!
Bibliografia:
BÍBLIA SAGRADA.
KARDEC, Allan; tradução de Guillon Ribeiro. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Da 3ª Edição francesa. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.
DIAS, Haroldo Dutra; Rafael Papa (Organizador). Parábolas de Jesus à luza da Doutrina Espírita: Parábola do Semeador. 2ª Edição. Juiz de Fora/MG: Editora Fergus, 2019.