“E dizia-lhes uma parábola: Pode porventura o cego guiar o cego? Não, cairão ambos na cova?” (Lucas, 6: 39)
“Então, acercando-se dele os seus discípulos, disseram-lhe: Sabes que os fariseus, ouvindo essas palavras, se escandalizaram? Ele, porém, respondendo, disse: Toda a planta, que meu Pai celestial não plantou, será arrancada. Deixai-os; são cegos condutores de cegos. Ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão na cova”. (Mateus, 15: 12-14)
A Parábola do cego que guia outro cego está no contexto do Evangelho em que os fariseus, em suas hipocrisias, valorizavam mais as práticas exteriores do que realmente seguir os preceitos das leis de Deus, e tinham a pretensão de ser os mais esclarecidos da sua nação. As práticas do bem e da caridade sucumbiam para o formalismo religioso. A maioria dos fariseus e escribas estava cega e surda espiritualmente.
Cairbar Schutel esclarece: “Há cegos do corpo e cegos do Espírito, e se horrível é a cegueira do corpo, mil vezes pior é a do Espírito. Entretanto, bem difícil, ou quase impossível é encontrar-se um cego a guiar outro cego, ao passo que, no que se refere às coisas do Espírito, vemos, por toda parte, cegos que guiam cegos!” (Fonte: Parábolas e ensinos de Jesus).
Em termos de fé, devemos estar atentos aos cegos do Espírito que se julgam aptos bastante para ser guia de cegos das coisas do Espírito, porquanto estes são incapazes de enxergar as verdades divinas, em que o orgulho é a catarata que cobre a visão.
Por analogia com um cego físico guiando outro cego, para o cego do Espírito, o Mestre ensina a consequência: “se um cego guiar outro cego, ambos cairão na cova”.
Antes de conhecermos Jesus, estávamos cegos para as verdades espirituais que a Palavra oferece aos olhos, porquanto cegos espirituais não conseguem reconciliar-se com Deus: “Porque vendo, eles não veem e, ouvindo, não ouvem nem entendem. Neles se cumpre a profecia de Isaías: Ainda que estejam sempre ouvindo, vocês nunca entenderão; ainda que estejam sempre vendo, jamais perceberão” (Mateus, 13: 13-14).
Assim, “Tende, pois, a fé, com o que ela contém de belo e de bom, com a sua pureza, com a sua racionalidade. Não admitais a fé sem comprovação, cega filha da cegueira. Amai a Deus, mas sabendo porque o amais; crede nas suas promessas, mas sabendo porque acreditais nelas; segui os nossos conselhos, mas compenetrados do fim que vos apontamos e dos meios que vos trazemos para o atingirdes. Crede e esperai sem desfalecimento: os milagres são obras da fé” (José, Espírito protetor. Bordeaux, 1862)
Bibliografia:
BÍBLIA SAGRADA.
KARDEC, Allan; tradução de Guillon Ribeiro. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.
SCHUTEL, Cairbar. Parábolas e Ensino de Jesus. 28ª Edição. Matão/SP: Casa Editora O Clarim, 2016.