
“(…) iam dois deles para uma aldeia que distava de Jerusalém sessenta estádios, cujo nome era Emaús. E iam falando entre si de tudo aquilo que havia sucedido. E aconteceu que, indo eles falando entre si e fazendo perguntas um ao outro, o mesmo Jesus se aproximou e ia com eles. Mas os olhos deles estavam como que fechados, para que o não conhecessem. (…) E aconteceu que, estando com eles à mesa, tomando o pão, o abençoou e partiu-o e lho deu. Abriram-se-lhes, então, os olhos, e o conheceram, e Ele desapareceu-lhes. (…) E, na mesma hora, levantando-se, voltaram para Jerusalém e acharam congregados os onze, e os que estavam com eles (…) E eles lhes contaram o que lhes acontecera no caminho, e como deles foi conhecido no partir do pão”. (Lucas, 24: 13-35)
Os acontecimentos ocorridos na estrada de Jerusalém a Emaús dizem respeito à aparição de Jesus, após a crucificação, a dois discípulos, Cléopas e outro desconhecido, com o testemunho do Mestre acerca da imortalidade do Espírito que fortalece a fé e a crença na vida futura e do amparo que Jesus sempre nos proporciona, mesmo que não percebemos a sua presença.
Os discípulos abatidos e desiludidos caminhavam pela estrada falando sobre o Jesus crucificado de alguns dias antes, quando um “estranho” se juntou a eles. Depois de longa caminhada, aquele homem foi convidado para cear com Cléopas e seu companheiro, quando Jesus se revelou ao benzer o pão e parti-lo. Após isso, o Cristo desapareceu. Então, os dois voltaram com pressa para Jerusalém para levar a notícia aos outros discípulos.
Na caminhada, os dois aprendizes não conseguiram identificar Jesus pelas palavras e pelo gesto afetuoso, contudo, tão logo surgiu o pão materializado, dissiparam todas as dúvidas e creram. Somente ao partir do pão, reconheceram o Mestre muito amado. Após ouvi-lo, restauraram o bom ânimo, conduzindo-os à nova posição vibracional. O Cristo havia percebido que os discípulos tinham pouco esclarecimento a respeito da vida após a morte do corpo físico, daí terem sido assaltados pelo desânimo e pelas dúvidas. Foi necessário que Jesus falasse de forma incisiva, convocando-os a se libertarem daquela postura mental cristalizada.
Quando aprendemos exercitar a observação, percebemos que há um sentido maior nas coisas mais simples que fazem parte do cotidiano. Entendemos que uma sabedoria divina rege todas as manifestações relacionadas à existência do ser humano.
Outra lição diz respeito à atmosfera espiritual no final da jornada: completamente diferente de quando ela foi iniciada. Envolvidos numa vibração de paz, o Senhor, ao partir o pão, retira o bloqueio mental que os impedia de ver com lucidez. Então, reconheceram que Jesus estivera com eles o tempo todo.
Por onde formos, o Mestre silencioso nos chama ao testemunho da lição que aprendemos. Nas menores experiências, Ele nos convida ao exercício incessante do bem. Nesse sentido, o discípulo do Evangelho encontra no mundo o santuário de sua fé e na humanidade a sua própria família. Tendo a norma cristã como inspiração para todas as lides cotidianas, ouçamos a palavra do Senhor em todos os ângulos do caminho, procurando segui-lo com invariável fidelidade, hoje e sempre.
Bibliografia:
BÍBLIA SAGRADA.
MOURA, Marta Antunes de Oliveira de (Organizadora). Estudo aprofundado da doutrina espírita: Ensinos e parábolas de Jesus – Parte II: orientações espíritas e sugestões didático-pedagógicas direcionadas ao estudo do aspecto religioso do Espiritismo. 1ª Edição. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2016.