“Bom é o sal; mas, se o sal degenerar, com que se há de salgar? Nem presta para a terra, nem para o monturo; lançam-no fora. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”. (Lucas, 14: 34-35)
Ainda que as provações pesem e causem sofrimentos profundos, não podemos deixar de adubar o solo interior com estes estercos (monturo), porque Jesus disse: “… a vossa tristeza se transformará em grande alegria” (João, 16: 20).
Como seres humanos, não entendemos outras vitórias que não na Terra, mas “essa pesada bagagem de sofrimentos constitui os alicerces de uma vida superior, repleta de paz e alegria. Essas dores representam auxílio de Deus à terra estéril dos corações humanos. Chegam como adubo divino aos sentimentos das criaturas terrestres, para que de pântanos desprezados nasçam lírios de esperança” (Emmanuel. Caminho, verdade e vida).
O Cristo ensinou a ordem natural para a aquisição das alegrias eternas, mediante trabalhos edificantes e sacrifícios para a aquisição de valioso patrimônio celestial, na certeza de que todas as dores serão caminhos para júbilos imortais.
Emmanuel esclarece: “Terra e lixo, nesta passagem, revestem-se de valor essencial. Com a primeira, realizaremos a semeadura; com a segunda, é possível fazer a adubação, onde se faça necessária. Grande porção de aprendizes, imitando a atitude dos fariseus antigos, foge ao primeiro encontro com as ‘zonas estercorárias’ do próximo; entretanto, tal se verifica porque lhes desconhecem as expressões proveitosas. O Evangelho está cheio de lições, nesse setor do conhecimento iluminativo.
Se José da Galileia ou Maria de Nazaré simbolizam terras de virtudes fartas, o mesmo não sucede aos Apóstolos que, a cada passo, necessitam recorrer à fonte das lágrimas que escorrem do monturo de remorsos e fraquezas, propriamente humanos, a fim de fertilizarem o terreno empobrecido de seus corações. De quanto adubo dessa natureza precisaram Madalena e Paulo, por exemplo, até alcançarem a gloriosa posição em que se destacaram?
Transformemos nossas misérias em lições. Identifiquemos o monturo que a própria ignorância amontoou em torno de nós mesmos, converta-mo-lo em adubo de nossa ‘terra íntima’ e teremos dado razoável solução ao problema de nossos grandes males”. (Emmanuel. Monturo)
Assim, “para os seus corações Deus carreia bênçãos de infinita bondade. (…) O leito de dor, a exclusão de todas as facilidades da vida, a incompreensão dos mais amados, as chagas e as cicatrizes do espírito são luzes que Deus acende na noite sombria das criaturas. (…) é necessário amemos intensamente os desafortunados do mundo. Suas almas são a terra fecundada pelo adubo das lágrimas e das esperanças mais ardentes, onde as sementes do Evangelho desabrocharão para a luz da vida” (Humberto de Campos. Boa Nova).
Bibliografia:
BÍBLIA SAGRADA.
EMMANUEL (Espírito); Saulo Cesar Ribeiro da Silva (Coordenador). O Evangelho por Emmanuel: comentários ao Evangelho segundo Lucas. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2016.
EMMANUEL (Espírito); (psicografado por) Francisco Cândido Xavier. Pão Nosso. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2018.
MOURA, Marta Antunes de Oliveira de (Organizadora). Estudo aprofundado da doutrina espírita: Ensinos e parábolas de Jesus – Parte I: orientações espíritas e sugestões didático-pedagógicas direcionadas ao estudo do aspecto religioso do Espiritismo. 1ª Edição. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2016.
MOURA, Marta Antunes de Oliveira de (Organizadora). Estudo aprofundado da doutrina espírita: Ensinos e parábolas de Jesus – Parte II: orientações espíritas e sugestões didático-pedagógicas direcionadas ao estudo do aspecto religioso do Espiritismo. 1ª Edição. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2016.