“Outra parábola lhes propôs, dizendo: O reino dos Céus é semelhante ao grão de mostarda que o homem, pegando nele, semeou no seu campo; O qual é, realmente, a menor de todas as sementes; mas, crescendo, é a maior das plantas, e faz-se uma árvore, de sorte que vêm as aves do céu, e se aninham nos seus ramos”. (Mateus 13: 31-32; Marcos, 4: 30-32; Lucas, 13: 18-19)
“No capítulo 13 de Mateus há seis parábolas que fazem referência direta ao ‘reino dos Céus’: a do trigo e do joio; do grão de mostarda; do fermento; do tesouro escondido; da pérola e a da rede” (Marta Antunes de Oliveira de Moura. EADE. Livro III).
“O grão de mostarda serviu duas vezes para as comparações de Jesus: uma vez comparou-o ao reino dos Céus; outra, à fé” (Cairbar Schutel. Parábolas e Ensinos de Jesus).
O Cristo nos ensinou, em sua passagem terrena, o caminho, a verdade e a vida que conduz ao reino de Deus ou reino dos Céus, e os meios necessários para se reconciliar com o Pai. Em “buscarmos o reino de Deus e a sua justiça, tudo o mais nos será concedido em acréscimo”.
Enquanto não buscarmos o reino dos Céus e a sua justiça, estaremos presos aos processos expiatórios determinados pela lei de causa e efeito. Praticando o bem, desenvolvendo virtudes e combatendo as imperfeições, estaremos edificando o reino de Deus em nós mesmos.
Cada dia reflete uma oportunidade de crescimento espiritual, cujo aproveitamento depende da nossa vontade e do nosso esforço em superar os obstáculos do caminho. Cada dia é uma lição, que deve ser lida no livro da vida, analisada e assimilada para ser bem aproveitada como aprendizado.
Logo, a conquista do reino dos Céus em nós mesmos é um longo processo evolutivo. O Evangelho representa a fonte de ensinamentos que tem o poder de nos transformar para o bem. Pelo Cristo descobriremos o reino de Deus que já se encontra dentro de nós.
Assim, nessa Parábola, Jesus compara a conquista do reino do Céus ao grão de mostarda, em que, “crescendo, é a maior das plantas, e faz-se uma árvore, de sorte que vêm as aves do céu, e se aninham nos seus ramos”.
Apesar de minúscula, a semente, “uma vez lançada à terra, auxiliada pela humildade, germina, deita raízes, através das quais assimila os elementos de que necessita; projeta-se então para o ar livre, e já agora, aos bafejas da luz e do calor solar, ramifica-se o seu caule, emite folhas, vai-se desenvolvendo mais e mais, até que reproduz a planta de onde proveio, tornando-se a maior das hortaliças, em cuja ramagem as aves podem pousar e até fazer os seus ninhos. Assim acontece com a implantação do reino dos céus na alma humana”. (Rodolfo Calligaris. Parábolas evangélicas à luz do espiritismo).
“…, depois que se planta a semente, nossa inteligência se dilata, como se dilata a semente quando germina; transforma-se o nosso modo de pensar, como sói acontecer à semente modificada já em erva; e o conhecimento do Reino dos Céus cresce em nós como cresce a mostarda, a ponto de nos tornarmos um centro de apoio em torno do qual voluteiam os Espíritos, bem assim os homens que sentem a necessidade desse apoio moral e espiritual, da mesma forma que os pássaros, para o seu descanso, procuram as árvores mais exuberantes para gozarem a sombra benéfica das suas ramagens!” (Cairbar Schutel. Parábolas e Ensinos de Jesus)
“Mas é necessária a fertilidade da terra, para que trabalhe a germinação, haja transformação, crescimento e frutificação do que foi semente; e é necessário, a seu turno, o trabalho da semente e da planta no aproveitamento desse elemento que lhe foi dado.
Assim acontece com o Reino dos Céus na alma humana; sem o trabalho dessa ‘semente’, que é feito pelos Espíritos do Senhor; sem o concurso da boa vontade, que e a melhor fertilidade que lhe podemos proporcionar; sem o esforço da pesquisa, do estudo, não pode aumentar e engrandecer-se em nós, não se nos pode mostrar tal como é, assim como a mostarda não se transforma em hortaliça sem o emprego dos requisitos imperiosos para essa modificação”. (Cairbar Schutel. Parábolas e Ensinos de Jesus)
Importante destacar que o processo de aquisição de bens espirituais é variável de indivíduo a indivíduo. Há um momento decisivo na vida de cada um caracterizado pela transformação definitiva no bem, ou de conquista do reino dos Céus, porquanto ele representa o estado de plenitude espiritual, o ápice do processo evolutivo.
Não há dúvidas de que o processo de melhoria espiritual é árduo, especialmente quando se aplica a Espíritos seriamente comprometidos com a Lei de Deus. Os recursos divinos, contudo, são inesgotáveis e, com eles, podemos imprimir nova direção à existência.
As provações se revelam como oportunidade de aprendizado que, se bem aproveitadas, impulsionam o progresso individual e coletivo. Por outro lado, é sempre bom ter em mente que o crescimento espiritual não acontece apenas pelas trilhas da dor, mas, também, pelo exercício do amor.
Assim, o caminho para o reino de Deus passa, necessariamente, pelo estudo e pela vivência do Evangelho. A conquista do reino de Deus é a conquista de si mesmo, combatendo as imperfeições morais e desenvolvendo virtudes.
Bibliografia:
BÍBLIA SAGRADA.
CALLIGARIS, Rodolfo. Parábolas evangélicas à luz do espiritismo. 11ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.
MOURA, Marta Antunes de Oliveira de (Organizadora). Estudo aprofundado da doutrina espírita: Livro III – Ensinos e Parábolas de Jesus – Parte II, Orientações espíritas e sugestões didático pedagógicas direcionadas ao estudo do aspecto religioso do Espiritismo. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2016.
MOURA, Marta Antunes de Oliveira de (Organizadora). Estudo aprofundado da doutrina espírita: Livro IV – O Consolador Prometido por Jesus. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2016.
SAYÃO, Antônio Luiz. Elucidações evangélicas à luz da Doutrina Espírita. 16ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.
SCHUTEL, Cairbar. Parábolas e Ensinos de Jesus. 28ª Edição. Matão/SP: Casa Editora O Clarim, 2016.