Essa reflexão tratará da intuição segundo a Doutrina Espírita, ou seja, a intuição do passado, presente e futuro, assim como a intuição da alma e a advinda do mundo espiritual, cujas percepções extrassensoriais são meios para várias revelações espirituais e formas de manifestações mediúnicas, assim como de auxílio, alertas, esclarecimentos, instruções, orientações, ensinamentos e progresso.
Na vida, deparamo-nos com as nossas intuições sem saber ao certo as suas origens e se as devemos seguir ou não.
Importante destacar que “… nenhuma intuição pode mostrar-se tão generalizada, nem sobreviver ao tempo, se não tiver algum fundamento” (Kardec. O Livro dos Médiuns. Capítulo I, item 52), ou seja, a intuição como efeito tem uma causa anterior.
Inicialmente, gostaria de citar o texto “Intuição”, do Espírito Emmanuel, na psicografia de Francisco Cândido Xavier, extraído do livro “Caminho, verdade e vida”, Capítulo 156, da FEB Editora, e, posteriormente, agregar os comentários de Haroldo Dutra da Silva, do site “7 Min com Emmanuel: #073 – Intuição”:
“Porque a profecia jamais foi produzida por vontade de home algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo. – (2ª Epistola a Pedro, capítulo 1, versículo 21)
Todos os homens participam dos poderes da intuição, no divino tabernáculo da consciência, e todos podem desenvolver suas possibilidades nesse sentido, no domínio da elevação espiritual.
Não são fundamentalmente necessárias as grandes manifestações fenomênicas da mediunidade para que se estabeleçam movimentos de intercâmbio entre os planos visível e invisível.
Todas as noções que dignificam a vida humana vieram da esfera superior. E essas ideias nobilitantes não se produziram por vontade de homem algum, porque os raciocínios propriamente terrestres sempre se inclinam para a materialidade em seu arraigado egoísmo.
A revelação divina, significando o que a Humanidade possui de melhor, é cooperação da espiritualidade sublime, trazida às criaturas pelos colaboradores de Jesus, através da exemplificação, dos atos e das palavras dos homens retos que, a golpes de esforço próprio, quebram o círculo de vulgaridades que os rodeia, tornando-se instrumentos de renovação necessária.
A faculdade intuitiva é instituição universal. Através de seus recursos, recebe o homem terrestre as vibrações da vida mais alta, em contribuições religiosas, filosóficas, artísticas e científicas, ampliando conquistas sentimentais e culturais, colaboração essa que se verifica sempre, não pela vontade da criatura, mas pela concessão de Deus.
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Comentário de Haroldo Dutra Dias:
Todos os homens participam dos poderes da intuição, no divino tabernáculo da consciência. A faculdade intuitiva é instituição universal.
Com esses sublimes conceitos, o sábio benfeitor sugere mais vastas concepções no terreno da revelação espiritual.
Retomando novamente o tema do tabernáculo, local onde Deus se manifestava ao povo hebreu no deserto, segundo as tradições bíblicas, esses conceitos nos possibilitam alçar novos voos na compreensão da relação entre Deus e seus filhos.
O Pai amoroso e sábio atende a todas as criaturas, orienta a todas elas, inspira, dirige, renova, consola e esclarece, nos recessos da própria consciência de cada uma delas.
Através dos recursos universais da intuição, recebe o homem terrestre as vibrações da vida mais alta, sobretudo no que diz respeito ao seu próprio destino.
As manifestações ostensivas da mediunidade, conquanto úteis e necessárias, não são indispensáveis para estabelecer a comunhão entre Deus e seus filhos, através dos emissários do Cristo, que dirige nossa evolução.
Pela intuição, devidamente desenvolvida e ampliada, podemos recolher do mundo maior a cooperação da espiritualidade sublime”.
Prosseguindo com a nossa reflexão, dependendo do contexto, a intuição se manifesta de diversas formas e por diferentes motivos e origens, como veremos a seguir.
Marta Antunes de Oliveira de Moura, organizadora do livro “Mediunidade: estudo e prática”, Programa II, da FEB Editora, no Módulo II, Tema 6, destaca:
“Intuição, segundo o dicionário, é a faculdade de perceber, discernir ou pressentir coisas independentemente de raciocínio ou análise, de acordo com este contexto: a) conhecimento imediato de alguma coisa, obtido por meio do entendimento sensível e ou do intelectual; b) conhecimento antecipado, caracterizado por um ‘pressentimento’ ou por uma ‘presciência’ de algo que poderá acontecer; c) conhecimento da essência das coisas, isto é, capacidade de enxergar além das aparências.
Para o Espiritismo, a intuição não constitui, em si, uma faculdade mediúnica específica, mas uma forma de a mediunidade se expressar. Ou seja, nas percepções intuitivas, o médium interpreta a mensagem do Espírito comunicante e a transmite aos circunstantes, utilizando as próprias palavras, na linguagem que lhe é usual e de acordo com o seu entendimento. Daí Allan Kardec afirmar que o médium intuitivo age como o faria um intérprete. Por exemplo, no caso do psicógrafo intuitivo, para transmitir o pensamento do comunicante, o médium tem consciência do que escreve, embora não exprima seu próprio pensamento”.
Mais adiante, Marta Antunes de Oliveira de Moura complementa:
“O conceito espírita de intuição abrange os seguintes significados: a) resultado de uma ocorrência anímica (emancipação da alma); b) manifestação mediúnica; c) acionamento de lembranças.
O Espírito desdobrado toma consciência das ocorrências desenvolvidas tanto no plano físico quanto no espiritual, podendo participar ativamente delas. Retornando ao corpo físico, a pessoa recorda intuitivamente os acontecimentos vividos, como afirmam os orientadores espirituais: ‘Em geral, guardais a intuição dessas visitas ao despertardes. Muitas vezes essa intuição é a fonte de certas ideias que vos surgem espontaneamente, sem que possais explicá-las, e que são exatamente as que adquiristes nessas conversas’.
A intuição manifestada por via mediúnica é muito sutil, a ponto de o médium supor que as ideias que lhe ocorrem no mundo íntimo são suas e não provenientes de um Espírito. Com a prática mediúnica, aprende-se a fazer a distinção entre o pensamento que lhe é próprio e o que é dos desencarnados. Nessa situação, o médium age como intérprete. Allan Kardec afirma igualmente que os médiuns inspirados e os de pressentimentos são uma variedade dos intuitivos. Os médiuns inspirados ‘(…) são aqueles cujos pensamentos são sugeridos pelos Espíritos à revelia do medianeiro, seja com relação aos atos comuns da vida, seja os que dizem respeito aos grandes trabalhos da inteligência’. Os médiuns de pressentimentos são ‘(…) pessoas que, em certas circunstâncias, têm uma vaga intuição de coisas vulgares que ocorrerão no futuro’.
Aliás, a intuição é a forma preferida de que os bons Espíritos se utilizam para transmitir um conselho, sugestão ou alerta. Mas a intuição também pode manifestar-se na forma de lembranças, acionadas pelo próprio indivíduo, ou por um benfeitor, e até por um Espírito obsessor. A explicação é simples:
• Intuição para atender o planejamento reencarnatório: intuitivamente assoma à memória da pessoa algo que foi preestabelecido, antes da reencarnação. Nessa modalidade, a intuição manifesta-se como um desejo ou uma força que impulsiona o indivíduo a seguir determinado caminho.
• Intuição de um conselho/orientação de benfeitores espirituais: nessas circunstâncias, a pessoa capta a mensagem do bom Espírito, às vezes sem se dar conta da procedência das ideias que surgem em sua mente.
• Intuição provocada por ação obsessiva: o Espírito obsessor pode fazer o indivíduo, objeto de sua influência, recordar má ação cometida em existência pretérita. Essa lembrança, vivamente alimentada pelo perseguidor, chega-lhe pelos canais da intuição, produzindo os mais variados sofrimentos, de acordo com a gravidade da ação cometida: remorso, medo, sentimento de culpa, etc.
Todavia, pode-se afirmar que a intuição é um mecanismo regulador do progresso espiritual, manifestada na forma de ideias inatas e de tendências instintivas.
Os conhecimentos adquiridos em cada existência (e no plano espiritual) não se perdem; liberto da matéria, o Espírito sempre se recorda. Durante a encarnação, pode esquecê-los em parte, momentaneamente, mas a intuição que deles guarda lhe auxilia o progresso, sem o que estaria sempre a recomeçar.
Pela intuição, o homem capta o pensamento e as irradiações dos Espíritos, podendo ampliar as suas conquistas intelectuais e morais ou permanecer, mais ou menos estacionário, em processos de simbiose mental com outras mentes com as quais guarda afinidade. Emmanuel informa, a propósito, que no seu desenvolvimento o ‘(…) estudo perseverante, com o esforço sincero e a meditação sadia, é o grande veículo de amplitude da intuição, em todos os aspectos”.
Intuição de Deus
Em “O Livro dos Espíritos”, na questão 5, Kardec pergunta: “Que dedução se pode tirar do sentimento instintivo, que todos os homens trazem em si, da existência de Deus?”. A resposta é: “A de que Deus existe; pois, donde lhes viria esse sentimento, se não tivesse uma base? É ainda uma consequência do princípio – não há efeito sem causa”.
Na questão 101, acerca dos caracteres gerais dos Espíritos imperfeitos, Kardec anota que eles “Têm a intuição de Deus, mas não o compreendem”.
Nesse sentido, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Kardec esclarece: “Deus, entretanto, a nenhuma de suas criaturas abandona; no fundo das trevas da inteligência jaz, latente, a vaga intuição, mais ou menos desenvolvida, de um Ente supremo. Esse instinto basta para torná-los superiores uns aos outros e para lhes preparar a ascensão a uma vida mais completa, porquanto eles não são seres degradados, mas crianças que estão a crescer”.
Em “A Gênese”, Kardec ensina: “O Espírito só se depura com o tempo, sendo as diversas encarnações o alambique em cujo fundo deixa, de cada vez, algumas impurezas. Ao abandonar o seu envoltório corpóreo, os Espíritos não se despojam instantaneamente de suas imperfeições, razão por que, depois da morte, não veem a Deus mais do que o viam quando vivos; mas, à medida que se depuram, têm dele uma intuição mais clara; se não o veem, compreendem-no melhor, pois a luz é menos difusa”.
Intuição da perpetuidade do ser espiritual
Em “A Gênese”, no Capítulo XI, sobre o “Princípio Espiritual”, no item 4, temos:
“4. A ideia da perpetuidade do ser espiritual é inata no homem, achando-se nele em estado de intuição e de aspiração. O homem compreende que somente aí está a compensação às misérias da vida. Essa é a razão por que sempre houve e haverá cada vez mais espiritualistas do que materialistas e mais deístas do que ateus.
À ideia intuitiva e à força do raciocínio o Espiritismo vem juntar a sanção dos fatos, a prova material da existência do ser espiritual, da sua sobrevivência, da sua imortalidade e da sua individualidade. Torna precisa e define o que aquela ideia tinha de vago e de abstrato. Mostra o ser inteligente a atuar fora da matéria, quer depois, quer durante a vida do corpo”.
Intuição e lembrança do passado
Em “O Livro dos Espíritos”, na questão 218, Kardec pergunta: “Encarnado, conserva o Espírito algum vestígio das percepções que teve e dos conhecimentos que adquiriu nas existências anteriores?” A resposta é: “Guarda vaga lembrança, que lhe dá o que se chama ideias inatas”. E complementa: “… os conhecimentos adquiridos em cada existência não mais se perdem. Liberto da matéria, o Espírito sempre os tem presentes. Durante a encarnação, esquece-os em parte, momentaneamente; porém, a intuição que deles conserva lhe auxilia o progresso”.
Na questão 219, Kardec pergunta: “Qual a origem das faculdades extraordinárias dos indivíduos que, sem estudo prévio, parecem ter a intuição de certos conhecimentos, o das línguas, do cálculo, etc.?” A resposta é: “Lembrança do passado; progresso anterior da alma, mas de que ela não tem consciência. Donde queres que venham tais conhecimentos? O corpo muda, o Espírito, porém, não muda, embora troque de roupagem”.
Nesse caso, a intuição está relacionada a vaga lembrança do passado de certos conhecimentos, de progresso anterior da alma, mas que a pessoa não tem consciência. Ao nascerem, trazem os homens a intuição do que aprenderam antes.
Na questão 393, Kardec comenta: “Não temos, é certo, durante a vida corpórea, lembrança exata do que fomos e do que fizemos em anteriores existências; mas temos de tudo isso a intuição, sendo as nossas tendências instintivas uma reminiscência do passado. E a nossa consciência, que é o desejo que experimentamos de não reincidir nas faltas já cometidas, nos concita à resistência àqueles pendores”.
Na questão 399, Kardec anota: “O esquecimento das faltas praticadas não constitui obstáculo à melhoria do Espírito, porquanto, se é certo que este não se lembra delas com precisão, não menos certo é que a circunstância de as ter conhecido na erraticidade e de haver desejado repará-las o guia por intuição e lhe dá a ideia de resistir ao mal, ideia que é a voz da consciência, tendo a secundá-la os Espíritos superiores que o assistem, se atende às boas inspirações que lhe dão”.
A esse respeito, em “A Gênese”, no Capítulo XVIII, “Os tempos são chegados”, Allan Kardec destaca que as disposições intuitivas, inatas e o sentimento inato do bem servem para se distinguir o nível evolutivo de duas gerações, a saber:
“28. A época atual é de transição; os elementos das duas gerações se confundem. Colocados no ponto intermediário, assistimos à partida de uma e à chegada da outra, já se assinalando cada uma, no mundo, pelas características que lhes são peculiares.
As duas gerações que se sucedem têm ideias e pontos de vista opostos. Pela natureza das disposições morais e, sobretudo, das disposições intuitivas e inatas, torna-se fácil distinguir a qual das duas pertence cada indivíduo.
Cabendo-lhe fundar a era do progresso moral, a nova geração se distingue por inteligência e razão geralmente precoces, aliadas ao sentimento inato do bem e a crenças espiritualistas, o que constitui sinal indubitável de certo grau de adiantamento anterior”.
Intuição e pressentimento
A respeito de pressentimento e intuição, em “O Livro dos Espíritos”, na questão 522, Kardec pergunta: “O pressentimento é sempre um aviso do Espírito protetor?”; a reposta é: “É o conselho íntimo e oculto de um Espírito que vos quer bem. Também está na intuição da escolha que se haja feito. É a voz do instinto. Antes de encarnar, tem o Espírito conhecimento das fases principais de sua existência, isto é, do gênero das provas a que se submete. Tendo estas caráter assinalado, ele conserva, no seu foro íntimo, uma espécie de impressão de tais provas e esta impressão, que é a voz do instinto, fazendo-se ouvir quando lhe chega o momento de sofrê-las, se torna pressentimento”.
Em “O Livro dos Médiuns”, sobre médiuns de pressentimentos, Kardec constata que: “O pressentimento é uma intuição vaga das coisas futuras. Algumas pessoas têm essa faculdade mais ou menos desenvolvida. Pode ser devida a uma espécie de dupla vista, que lhes permite entrever as consequências das coisas atuais e a filiação dos acontecimentos. Mas, muitas vezes, também é resultado de comunicações ocultas e, sobretudo neste caso, é que se pode dar aos que dela são dotados o nome de médiuns de pressentimentos, que constituem uma variedade dos médiuns inspirados”.
Intuição e conhecimento da lei Natural
Em “O Livro dos Espíritos”, na questão 620, Kardec indaga: “Antes de se unir ao corpo, a alma compreende melhor a lei de Deus do que depois de encarnada?” A resposta é: “Compreende-a de acordo com o grau de perfeição que tenha atingido e dela guarda a intuição quando unida ao corpo. Os maus instintos, porém, fazem ordinariamente que o homem a esqueça”.
Na questão 621: “Onde está escrita a lei de Deus?” A resposta é: “Na consciência”.
Na questão 626: “Só por Jesus foram reveladas as leis divinas e naturais? Antes do seu aparecimento, o conhecimento dessas leis só por intuição os homens o tiveram?” A resposta é: “Já não dissemos que elas estão escritas por toda parte? Desde os séculos mais longínquos, todos os que meditaram sobre a sabedoria hão podido compreendê-las e ensiná-las. Pelos ensinos, mesmo incompletos, que espalharam, prepararam o terreno para receber a semente. Estando as leis divinas escritas no livro da natureza, possível foi ao homem conhecê-las, logo que as quis procurar. Por isso é que os preceitos que consagram foram, desde todos os tempos, proclamados pelos homens de bem; e também por isso é que elementos delas se encontram, se bem que incompletos ou adulterados pela ignorância, na doutrina moral de todos os povos saídos da barbárie”.
Intuição e conhecimento do limite do necessário
Em “O Livro dos Espíritos”, na questão 715: “Como pode o homem conhecer o limite do necessário?” A resposta é: “Aquele que é ponderado o conhece por intuição. Muitos só chegam a conhecê-lo por experiência e à sua própria custa”.
Intuição, perigo e momento da morte
As boas intuições nos auxiliam e alertam para possível mal ou perigo e, quase sempre, servindo de estímulo evolutivo, principalmente quando elas são originárias de nossos Anjos da Guarda, mentores espirituais, Espíritos protetores, familiares e afins.
Em “O Livro dos Espíritos”, na questão 857, Kardec pergunta: “Há homens que afrontam os perigos dos combates, persuadidos, de certo modo, de que a hora não lhes chegou. Haverá algum fundamento para essa confiança?” A resposta é: “Muito amiúde tem o homem o pressentimento do seu fim, como pode ter o de que ainda não morrerá. Esse pressentimento lhe vem dos Espíritos seus protetores, que assim o advertem para que esteja pronto a partir, ou lhe fortalecem a coragem nos momentos em que mais dela necessita. Pode vir-lhe também da intuição que tem da existência que escolheu, ou da missão que aceitou e que sabe ter que cumprir”.
Intuição das penas e gozos futuros
Em “O Livro dos Espíritos”, na questão 960: “Donde se origina a crença, com que deparamos entre todos os povos, na existência de penas e recompensas porvindouras?” A resposta: “É sempre a mesma coisa: pressentimento da realidade, trazido ao homem pelo Espírito nele encarnado. Porque, sabei-o bem, não é debalde que uma voz interior vos fala. O vosso erro consiste em não lhe prestardes bastante atenção. Melhores vos tornaríeis, se nisso pensásseis muito, e muitas vezes”.
Comentário de Kardec sobre intuição das penas e gozos futuros: “A responsabilidade dos nossos atos é a consequência da realidade da vida futura. Dizem-nos a razão e a justiça que, na partilha da felicidade a que todos aspiram, não podem estar confundidos os bons e os maus. Não é possível que Deus queira que uns gozem, sem trabalho, de bens que outros só alcançam com esforço e perseverança. A ideia que, mediante a sabedoria de suas leis, Deus nos dá de sua justiça e de sua bondade não nos permite acreditar que o justo e o mau estejam na mesma categoria a seus olhos, nem duvidar de que recebam, algum dia, um a recompensa, o castigo o outro, pelo bem ou pelo mal que tenham feito. Por isso é que o sentimento inato que temos da justiça nos dá a intuição das penas e recompensas futuras”.
Instituição e prece
“Outro grande benefício proporcionado pela prece é atrair o auxílio dos Espíritos benfeitores que, pelos canais da intuição ou da inspiração, vêm sustentar o indivíduo ‘(…) em suas boas resoluções e inspirar-lhe bons pensamentos’. Estes Espíritos assemelham-se, segundo André Luiz, aos ‘(…) transformadores da bênção, do socorro, do esclarecimento’…” (MOURA. Mediunidade: estudo e prática, Programa II, FEB Editora).
Instituição e mediunidade
“Na obra Evolução em dois mundos, André Luiz afirma que a intuição foi o sistema inicial de intercâmbio, e que a produção do pensamento contínuo pelo Espírito – que caracteriza a emissão mental do ser humano – habilitou o perispírito a desprender-se parcialmente nos momentos do sono reparador do corpo físico” (MOURA. Mediunidade: estudo e prática, Programa II, FEB Editora). A intuição é a mediunidade inicial.
Marta Antunes de Oliveira de Moura, em “Mediunidade: estudo e prática”, Programa I, da FEB Editora, no Módulo I, Tema 3, esclarece: “A intuição, diga-se de passagem, é uma modalidade ou aptidão psíquica muito comum no ser humano em geral, nos médiuns em particular, e, em especial, nos psicógrafos e psicofônicos. Surge na mente como uma lembrança de ideias ou acontecimentos, anteriormente conhecidos do encarnado quando este se encontrava no estado de sono e sonho. A intuição manifesta-se, também, quando o médium consegue captar mentalmente, e de forma sutil, ideias e sentimentos transmitidos pelos Espíritos. Assim, ‘(…) o médium intuitivo escreve o pensamento que lhe é sugerido instantaneamente, sobre um assunto determinado e provocado’.”
Os fenômenos psíquicos estudados pelo Espiritismo têm como agente o Espírito, sendo que eles são de duas categorias: mediúnicos e anímicos.
Os fenômenos mediúnicos, de efeitos físicos ou inteligentes, são intermediados pelo médium, toda pessoa que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos.
Os fenômenos anímicos, de emancipação da alma, são produzidos pelo próprio Espírito encarnado que não age como intermediário ou intérprete do pensamento dos Espíritos.
Mediunidade é a faculdade psíquica que os médiuns possuem, mais ou menos intensa, por meio de variedade significativa de tipos.
A mediunidade é inerente a uma disposição orgânica, que qualquer um pode ser dotado, como de ver, ouvir e falar.
A mediunidade é conferida sem distinção, a fim de que os Espíritos possam trazer luz a todas as camadas da sociedade.
A mediunidade é classificada de acordo com a natureza dos efeitos que os Espíritos produzem: físicos e inteligentes (ou intelectuais).
O médium serve de instrumento para que os Espíritos possam se comunicar com os homens: Espíritos encarnados. Sem o médium, não há comunicações tangíveis, mentais, escritas, físicas, de qualquer natureza. Assim sendo, o médium é o instrumento humano de que se servem os Espíritos desencarnados para se comunicarem e a mediunidade é a faculdade psíquica inerente ao ser humano, manifestada em diferentes graus e tipos.
Neste ponto, cabe ressaltar a diferença entre a mediunidade, que qualquer um pode ser dotado desta faculdade, o médium, o intermediário humano para que os Espíritos possam se comunicar, e o Espírita, aquele que estuda e segue a ética e a moral da Doutrina Espírita ou do Espiritismo.
Os adeptos do Espiritismo são espíritas. Nesse sentido, vários religiosos ou não, até mesmo ateus, podem ser dotados da mediunidade e serem médiuns, sem que sejam espíritas.
Enquanto faculdade psíquica, a mediunidade acompanha a evolução intelectual e moral do Espírito, e se manifesta em qualquer plano de vida, físico ou espiritual. Como instrumento de melhoria do ser humano, a mediunidade pode desenvolver-se gradualmente, ao longo das reencarnações sucessivas, ou adquirir a feição de compromisso ou de missão, previstos no planejamento reencarnatório.
O bom médium não é o que se comunica facilmente, mas aquele que é simpático aos bons Espíritos e somente deles tem assistência. Unicamente neste sentido é que a excelência das qualidades morais se torna onipotente sobre a mediunidade.
Os grandes instrutores da espiritualidade utilizam-se dos médiuns para a transmissão de mensagens edificantes, enriquecendo o mundo com novas revelações, conselhos e exortações que favorecem a definitiva integração a programas emancipadores.
Os bons Espíritos vêm em nosso auxílio e seus conselhos, dados diretamente, são de natureza a impressionar-nos de modo mais vivo, do que se os recebêssemos indiretamente.
Os médiuns apresentam uma gama de aptidões, particularizando-os na obtenção de fenômenos ou gênero de comunicações. Os médiuns podem ser divididos em 2 grandes categorias: médiuns de efeitos físicos, que provocam efeitos materiais ou manifestações ostensivas; e médiuns de efeitos intelectuais, aptos a receber e a transmitir comunicações inteligentes.
Nos diferentes fenômenos de influência mediúnica, em quase todos há efeitos físico e inteligente. Difícil delimitá-los.
No médium intuitivo, a transmissão do pensamento serve ao Espírito do médium, atuando sobre a alma e imprimindo a sua vontade e as suas ideias. A alma recebe o pensamento do Espírito, transcrevendo-o. O médium escreve voluntariamente e tem consciência do que escreve, embora não grafe seus próprios pensamentos.
Nos médiuns inspirados, a ação dos Espíritos é intelectual e moral, revelando-se nas circunstâncias da vida. Difícil distinguir as ideias próprias das que são sugeridas. Espontaneidade é a característica principal.
Nos trabalhos da inteligência, evidencia-se a inspiração. Os Espíritos para a execução de certos trabalhos sugerem as ideias necessárias, em que na maioria dos casos eles são médiuns sem o saberem. Têm vaga intuição de uma assistência estranha, porquanto aquele que apela para a inspiração nada mais faz do que uma evocação.
Difícil distinguir o pensamento do médium do que é sugerido. Podem reconhecer-se os pensamentos sugeridos pelo fato de não serem nunca preconcebidos; eles surgem à proporção que o médium vai escrevendo e são opostos à ideia que concebera.
Há analogia entre a mediunidade intuitiva e inspiração.
A intuição restringe-se quase sempre a questões de atualidade e pode aplicar-se ao que esteja fora das capacidades intelectuais do médium. Por intuição, pode-se tratar de assunto completamente estranho.
A inspiração estende-se por um campo vasto e geralmente vem em auxílio das capacidades e preocupações do Espírito encarnado.
Como desenvolver a intuição
O Espírito Emmanuel, em “O Consolador”, na psicografia de Francisco Cândido Xavier:
“122. Que se deve fazer para o desenvolvimento da intuição?
– O campo do estudo perseverante, com o esforço sincero e a meditação sadia, é o grande veículo de amplitude da intuição, em todos os seus aspectos”.
Assim, finalizando essa reflexão, precisamos desenvolver a nossa intuição e, quanto mais nos esforçarmos no trabalho edificante no caminho da verdade e da vida em direção ao Pai, tendo Jesus como modelo e guia, seremos beneficiados por mais abençoadas intuições que impulsionarão o nosso progresso moral e espiritual.
Bibliografia:
EMMANUEL (Espírito); na psicografia de Francisco Cândido Xavier. Caminho, verdade e vida. (?) Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2014.
KARDEC, Allan; tradução de Evandro Noleto Bezerra. A Gênese. 2ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2013.
KARDEC, Allan; tradução de Guillon Ribeiro. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.
KARDEC, Allan; tradução de Guillon Ribeiro. O Livro dos Espíritos. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.
KARDEC, Allan; tradução de Guillon Ribeiro. O Livro dos Médiuns. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.
MOURA, Marta Antunes de Oliveira de (Organizadora). Mediunidade: estudo e prática. Programa I. 2ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2018.
MOURA, Marta Antunes de Oliveira de (Organizadora). Mediunidade: estudo e prática. Programa II. 2ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.
7 MIN COM EMMANUEL. Edição de Rodrigo Binhara. #073 – Intuição. Disponível em: https://www.portalser.org/7-minutos-com-emmanuel/7-min-com-emmanuel-073-intuicao/. Publicado em: 18 de abril de 2016. Acessado em: 25 de novembro de 2020.
A intuição e a mediunidade do tipo intuitiva ainda são para mim campos de limites bastante imprecisos. Por ser faculdade de pura comunicação segue um tanto enigmática frente ao entendimento tridimensional a aue nos ajustamos.