Essa reflexão tratará da imortalidade do Espírito e da vida futura, cuja crença para a maioria das pessoas é de difícil aceitação e compreensão, apesar dos testemunhos e das revelações evangélicas, bem como do ceticismo para com os fenômenos espirituais e da descrença nas comunicações mediúnicas recebidas por inúmeros médiuns, independente de eles serem religiosos ou não.
Antes, algumas citações da Bíblia relacionadas com o tema:
“O Espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos digo são Espírito e vida” (João, 6: 63).
“Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá; e quem vive e crê em mim, não morrerá eternamente. Você crê nisso?” (João, 11: 25-26).
“Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João e os levou a um alto monte, onde ficaram a sós. Ali ele foi transfigurado diante deles. Suas roupas se tornaram brancas, de um branco resplandecente, como nenhum lavandeiro no mundo seria capaz de branqueá-las. E apareceram diante deles Elias e Moisés, os quais conversavam com Jesus. Então Pedro disse a Jesus: ‘Mestre, é bom estarmos aqui. Façamos três tendas: uma para ti, uma para Moisés e uma para Elias’. Ele não sabia o que dizer, pois estavam apavorados. A seguir apareceu uma nuvem e os envolveu, e dela saiu uma voz, que disse: ‘Este é o meu Filho amado. Ouçam-no!’ Repentinamente, quando olharam ao redor, não viram mais ninguém, a não ser Jesus. Enquanto desciam do monte, Jesus lhes ordenou que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do homem tivesse ressuscitado dos mortos” (Marcos, 9: 2-9).
“E, clamando Jesus com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu Espírito” (Lucas, 23: 46).
“O anjo disse às mulheres: Não tenham medo! Sei que vocês estão procurando Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui; ressuscitou, como tinha dito. Venham ver o lugar onde ele jazia. Vão depressa e digam aos discípulos dele: Ele ressuscitou dentre os mortos e está indo adiante de vocês para a Galileia. Lá vocês o verão. Notem que eu já os avisei” (Mateus, 28: 5-7).
“Amedrontadas, as mulheres baixaram o rosto para o chão, e os homens lhes disseram: Por que vocês estão procurando entre os mortos aquele que vive? Ele não está aqui! Ressuscitou! Lembrem-se do que ele disse, quando ainda estava com vocês na Galileia: É necessário que o Filho do homem seja entregue nas mãos de homens pecadores, seja crucificado e ressuscite no terceiro dia. Então se lembraram das palavras de Jesus” (Lucas, 24: 5-8).
“Quando Jesus ressuscitou, na madrugada do primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena, de quem havia expulsado sete demônios. Ela foi e contou aos que com ele tinham estado; eles estavam lamentando e chorando. Quando ouviram que Jesus estava vivo e fora visto por ela, não creram. Depois Jesus apareceu noutra forma a dois deles, estando eles a caminho do campo. Eles voltaram e relataram isso aos outros; mas também nestes eles não creram. Mais tarde Jesus apareceu aos onze enquanto eles comiam; censurou-lhes a incredulidade e a dureza de coração, porque não acreditaram nos que o tinham visto depois de ressurreto” (Marcos, 16: 9-14).
“Então, se não há ressurreição dos mortos, nem mesmo Cristo ressuscitou; e, se Cristo não ressuscitou, é inútil a nossa pregação, como igualmente é improdutiva a vossa fé” (1 Coríntios, 15: 13-14).
“Semeia-se corpo natural, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual” (1 Coríntios, 15: 44).
“E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu” (Eclesiastes, 12: 7).
“Jesus morreu e ressuscitou e assim acontecerá com os que são dele” (1 Tessalonicenses, 4:14).
Apesar das revelações evangélicas, o Espírito Manoel Philomeno de Miranda, na psicografia de Divaldo Pereira Franco, no livro “Transição Planetária”, constata: “Religiosamente, todos estamos informados de que o túmulo não significa aniquilamento, portanto, sabemos que a vida prossegue. Seria lógico, em consequência, vivermos de maneira compatível com essa convicção, o que realmente não ocorre”.
Manoel Philomeno de Miranda acrescenta:
“Jesus morreu, a fim de que pudesse ressuscitar ao terceiro dia, demonstrando a imortalidade e comunicando-se com os amigos queridos que haviam ficado na retaguarda, aguardando a confirmação das Suas palavras luminosas.
Graças ao Seu retorno, é que o Evangelho pôde ser confirmado e a mensagem de que é portador tornou-se esperança de todos aqueles que sofrem e se encontram à borda do abismo, sem entregar-se ao medo ou ao desamino.
Confiar, portanto, que há um reino além da carne que nos espera a todos, é dever de todo cristão, cuja doutrina se assenta na certeza da vitória sobre o decesso tumular”.
Assim, embora, para os cristãos, Jesus na transfiguração do Monte Tabor conversou com os Espíritos de Elias e Moisés, ressuscitou ao terceiro dia e realizou as suas aparições espirituais depois de ressuscitado, comunicando-se com os amigos queridos, para nos demonstrar a imortalidade do Espírito, mesmo assim duvidamos da imortalidade do Espírito e da vida futura.
Sobre a imortalidade dos Espíritos, em “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec, nas questões 80, 83 e 115, somos esclarecidos que todos os Espíritos são permanentemente criados simples e ignorantes por Deus e que as suas existências não têm fim. O Espírito nasce simples e ignorante, começando a sua jornada evolutiva na busca da perfeição (resposta à questão 132) em pluralidade de existências.
Além disso, sem a reencarnação não é possível atingir o aperfeiçoamento e a evolução espiritual, pois na questão 132 de “O Livro dos Espíritos: “Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição”. Logo, a encarnação é um determinismo divino para se atingir a perfeição.
Na Nota Explicativa do livro “O que é o Espiritismo”, de Allan Kardec, depois de citar as obras do Codificador, temos uma síntese ilustrativa para nossa reflexão:
“O estudo meticuloso e isento dessas obras permite-nos extrair conclusões básicas: a) todos os seres humanos são Espíritos imortais criados por Deus em igualdade de condições, sujeitos às mesmas leis naturais de progresso que levam todos, gradativamente, à perfeição; b) o progresso ocorre através de sucessivas experiências, em inúmeras reencarnações, vivenciando necessariamente todos os segmentos sociais, única forma de o Espírito acumular o aprendizado necessário ao seu desenvolvimento; c) no período entre as reencarnações o Espírito permanece no Mundo Espiritual, podendo comunicar-se com os homens; d) o progresso obedece às leis morais ensinadas e vivenciadas por Jesus, nosso guia e modelo, referência para todos os homens que desejam desenvolver-se de forma consciente e voluntária. (…)
De fato, as leis universais do amor, da caridade, da imortalidade da alma, da reencarnação, da evolução constituem novos parâmetros para a compreensão do desenvolvimento dos grupos humanos, nas diversas regiões do Orbe”.
A respeito da vida futura, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, no Capítulo II, Kardec ensina que sem a crença na vida futura “nenhuma razão de ser teria a maior parte dos (…) preceitos morais…” (…) “Todo cristão (…) necessariamente crê na vida futura; mas a ideia que muitos fazem dela é ainda vaga, incompleta e, por isso mesmo, falsa em diversos pontos. Para grande número de pessoas, não há, a tal respeito, mais do que uma crença, balda de certeza absoluta, donde as dúvidas e mesmo a incredulidade”.
Kardec continua: “A ideia clara e precisa que se faça da vida futura proporciona inabalável fé no porvir, fé que acarreta enormes consequências sobre a moralização dos homens, porque muda completamente o ponto de vista sob o qual encaram eles a vida terrena. (…) À morte nada mais restará de aterrador; deixa de ser a porta que se abre para o nada e torna-se a que dá para a libertação, pela qual entra o exilado numa mansão de bem-aventurança e de paz. Sabendo temporária e não definitiva a sua estada no lugar onde se encontra, menos atenção presta às preocupações da vida, resultando-lhe daí uma calma de espírito que tira àquela muito do seu amargor”.
Por outro lado, Kardec esclarece: “Pelo simples fato de duvidar da vida futura, o homem dirige todos os seus pensamentos para a vida terrestre. Sem nenhuma certeza quanto ao porvir, dá tudo ao presente. Nenhum bem divisando mais precioso do que os da Terra, torna-se qual a criança que nada mais vê além de seus brinquedos. (…) Daí se segue que a importância dada aos bens terrenos está sempre em razão inversa da fé na vida futura”.
Por fim, temos a lição do Espírito Joanna de Ângelis, no livro “Vida feliz”, na psicografia de Divaldo Pereira Franco, no Capítulo LXX: “Ninguém colhe em seara alheia, que não haja semeado, no que diz respeito aos valores morais. Cada um é herdeiro de si mesmo. Espírito imortal que é, evolui de etapa em etapa, como aluno em educandário de amor, repetindo a lição quando erra e sendo promovido quando acerta. Assim, numa existência dá prosseguimento ao que deixou interrompido na outra, corrige o que fez errado ou inicia uma experiência nova. O que, porém, não realiza por amor, a dor o convocará a executar”.
Bibliografia:
ÂNGELIS, Joanna de (Espírito); na psicografia de Divaldo Pereira Franco. Vida feliz. 18ª Edição. Salvador/BA: Editora Leal, 2020.
BÍBLIA SAGRADA.
KARDEC, Allan; tradução de Guillon Ribeiro. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.
KARDEC, Allan; tradução de Guillon Ribeiro. O Livro dos Espíritos. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.
KARDEC, Allan; tradução de Evandro Noleto Bezerra. O que é o Espiritismo. 2ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2017.
MIRANDA, Manoel Philomeno de (Espírito); Divaldo Pereira Franco (psicografado por). Transição Planetária. 5ª Edição. Salvador/BA: Editora Leal, 2017.