As amarras da vida são muitas e de toda ordem, indo desde as dificuldades do cotidiano, os impedimentos dos afazeres e dos negócios, o incontrolável apego às coisas materiais e transitórias, as obrigações assumidas, dentre outras, até o prazer da ociosidade e da omissão.
Essa reflexão para seguir Jesus, fez-me lembrar a história de Francisco de Assis, em que no mundo físico sofreria as mesmas influências das criaturas da Terra, especialmente na juventude, com seus erros e acertos, mas a sua missão prevaleceria na hora certa, com os devidos esclarecimentos de interpretações equivocadas de visões recebidas e corrigindo suas ações para as tarefas definidas no plano espiritual.
Os ensinamentos e os exemplos de Francisco de Assis conduzem para: a libertação da alma de todas as amarras de nossas lutas diárias, no caminho da verdade e da vida, em direção ao Pai; a preparação necessária para servir na hora do amadurecimento espiritual; o desapego das coisas materiais; a importância de se vivenciar a humildade e a pobreza; e o trabalho dignificante para o bem pela prática da caridade.
A grande reflexão está em como mudar a nossa vida e dar a ela um novo rumo e sentido.
A exemplo de Francisco de Assis, o primeiro passo está na libertação necessária das amarras que nos prendem e impedem tomar o caminho da verdade e da vida, e no desapego das coisas materiais, que impendem tomar uma nova direção ou orientação, principalmente se essa nova direção será exatamente no sentido oposto ao que você vinha vivendo até agora.
“O apego é um dos maiores problemas no que diz respeito à evolução do Espírito, pois ele não nos permite ter a liberdade para avançar. (…) O homem apegado depois de sua desencarnação não consegue ir para a espiritualidade porque fica preso (apegado) às coisas que amava (ou julgava amar) neste mundo. (…) Foi por este motivo que Jesus insistiu tanto conosco a respeito do desapego” (Jesus e Francisco de Assis, pg. 226 a pg. 227).
Assim, o maior ensinamento e o mais difícil para nós seres imperfeitos praticar é a libertação da alma para seguir Jesus, principalmente para nos despirmos, como Francisco de Assis, das vestes do orgulho, do egoísmo, da vaidade, da soberba, da inveja, em fim de tudo contrário às leis de Deus. Essa libertação que nos impede de vivenciar a pobreza dentro de nós, de sermos pobres de espírito, a pobreza que enobrece a alma.
O Espírito Emmanuel, em “Onde estão?”, no livro “Pão nosso”, no Capítulo 130, na psicografia de Francisco Cândido Xavier, sobre o vinde a mim dito por Jesus (Mateus, 11: 29), ensina:
“É que o Mestre no ‘Vinde a mim!’ espera naturalmente que as almas inquietas e tristes o procurem para a aquisição do ensinamento divino. Mas nem todos os aflitos pretendem renunciar ao objeto de suas desesperações, nem todos os tristes querem fugir à sombra para o encontro com a luz.
A maioria dos desalentados chega a tentar a satisfação de caprichos criminosos com a proteção de Jesus, emitindo rogativas estranhas.
Entretanto, quando os sofredores se dirigirem sinceramente ao Cristo, hão de ouvi-lo, no silêncio do santuário interior, concitando-lhes o Espírito a desprezar as disputas reprováveis do campo inferior.
Onde estão os aflitos da Terra que pretendem trocar o cativeiro das próprias paixões pelo jugo suave de Jesus-Cristo?
Para esses foram pronunciadas as santas palavras ‘Vinde a mim!’, reservando-lhes o Evangelho poderosa luz para a renovação indispensável”. (Espírito Emmanuel, na psicografia de Francisco Cândido Xavier. Pão nosso. FEB Editora. Cap. 130)
Emmanuel, em “Consegues ir?”, no livro “Fonte viva”, no Capítulo 5, na psicografia de Francisco Cândido Xavier, esclarece:
“Vinde a mim – Jesus. (Mateus, 11:28.)
O crente escuta o apelo do Mestre, anotando abençoadas consolações. O doutrinador repete-o para comunicar vibrações de conforto espiritual aos ouvintes.
Todos ouvem as palavras do Cristo, as quais insistem para que a mente inquieta e o coração atormentado lhe procurem o regaço refrigerante…
Contudo, se é fácil ouvir e repetir o ‘vinde a mim’ do Senhor, quão difícil é ‘ir para Ele’!
Aqui, as palavras do Mestre se derramam por vitalizante bálsamo, entretanto, os laços da conveniência imediatista são demasiado fortes; além, assinala-se o convite divino, entre promessas de renovação para a jornada redentora, todavia, o cárcere do desânimo isola o espírito, através de grades resistentes; acolá, o chamamento do Alto ameniza as penas da alma desiludida, mas é quase impraticável a libertação dos impedimentos constituídos por pessoas e coisas, situações e interesses individuais, aparentemente inadiáveis.
Jesus, o nosso Salvador, estende-nos os braços amoráveis e compassivos. Com Ele, a vida enriquecer-se-á de valores imperecíveis e à sombra dos seus ensinamentos celestes seguiremos, pelo trabalho santificante, na direção da Pátria Universal…
Todos os crentes registram-lhe o apelo consolador, mas raros se revelam suficientemente valorosos na fé para lhe buscarem a companhia.
Em suma, é muito doce escutar o “vinde a mim…
Entretanto, para falar com verdade, já consegues ir?” (Espírito Emmanuel, na psicografia de Francisco Cândido Xavier. Fonte viva. FEB Editora. Cap. 5)
Por tudo isso, diante do convite “vinde a mim” do Mestre Jesus a todos nós, pergunte a você mesmo: Consegues ir?
Bibliografia:
EMMANUEL (Espírito); psicografado por Francisco Cândido Xavier. Fonte viva. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2020.
EMMANUEL (Espírito); psicografado por Francisco Cândido Xavier. Pão nosso. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2018.
FRANCO, Divaldo Pereira; Cezar Braga Said. Francisco: o Sol de Assis. 1ª Edição. Salvador/BA: Editora Leal, 2016.
LEAL, José Carlos. Jesus e Francisco de Assis. 1ª Edição. Rio de janeiro/RJ, Novo Ser Editora, 2012.