Os impedimentos para a ação no bem

“Pondo de lado todo o impedimento… corramos com perseverança a carreira que nos está proposta” – Paulo de Tarso (Hebreus, 12: 1).

Impedimento está relacionado ao que não permite realizar algo, atividade, tarefa ou movimento, precisando ser superado para afastar o óbice e empreender a ação pretendida.

No campo religioso, Emmanuel, no livro “Fonte viva”, Cap. 12 e Cap. 85, intitulados de “Impedimentos”, contextualiza os impedimentos na ação do bem:

Por onde transites, na Terra, transportando o vaso de tua fé a derramar-se em boas obras, encontrarás sempre impedimentos a granel, dificultando-te a ação. (…) Periodicamente encontrarás na vanguarda obstáculos mil, induzindo-te à inércia ou à negação. A carreira que nos está proposta, no entanto, deve desdobrar-se no roteiro do bem incessante…” (Cap. 12)

“Na claridade da Boa Nova, o discípulo encontra-se à frente do Mestre, investido de obrigações santificantes para com todas as criaturas. As inibições contra a carreira vitoriosa costumam aparecer todos os dias. Temo-las, com frequência, nos mais insignificantes passos do caminho.” (Cap. 85)

Em nosso processo evolutivo, no cumprimento das obrigações santificantes que transitam meios hostis com obstáculos e dificuldades, encontraremos impedimentos de toda a ordem, induzindo-nos à inércia, estagnação ou negação, que inibirá seguir em frente na busca dos progressos moral e espiritual.

Emmanuel exemplifica, ainda, esses impedimentos:

“Hoje, é o fracasso nas tentativas iniciais de progresso. Amanhã, é o companheiro que falha. Depois, é a perseguição descaridosa ao teu ideal. Afligir-te-ás com o fel de muitos lábios que te merecem apreço. Sofrerás, de quando em quando, a incompreensão dos outros.” (Cap. 12)

“A cada hora surge o impedimento inesperado. É o parente frio e incompreensivo. A secura dos corações ao redor de nós. O companheiro que desertou. A mulher que desapareceu, perseguindo objetivos inferiores. O amigo que se iludiu nas ilhas de repouso, deliberando atrasar a jornada. O cooperador que a morte levou consigo. O ódio gratuito. A indiferença aos apelos do bem. A perseguição da maldade. A tormenta da discórdia.” (Cap. 85)

Assim, circunstâncias, fatos e pessoas podem afetar a continuidade da ação, caracterizando-se como impedimentos inesperados, incompreensíveis, depreciativos, indiferentes, de perseguição, dentre outros.

No Cap. 12, Emmanuel pergunta: “Que fazer com as pessoas e circunstâncias que nos compelem ao retardamento e à imobilidade?”

Em seguida, sugere: “O Apóstolo dos gentios responde, categórico: ‘Pondo de lado todo o impedimento’. Colocar a dificuldade à margem, porém, não é desprezar as opiniões alheias, quando respeitáveis, ou fugir à luta vulgar. É respeitar cada individualidade, na posição que lhe é própria, é partilhar o ângulo mais nobre do bom combate, com a nossa melhor colaboração pelo aperfeiçoamento geral. E, por dentro, na intimidade do coração, prosseguir com Jesus, hoje, amanhã e sempre, agindo e servindo, aprendendo e amando, até que a luz divina brilhe em nossa consciência, tanto quanto inconscientemente já nos achamos dentro dela.”

No Cap. 85, Emmanuel acrescenta: “… na aquisição de Vida Eterna, é imprescindível nos desfaçamos da indumentária asfixiante do espírito. É necessário que o coração se faça leve, alijando todo fardo inútil. (…) Se quisermos alcançar a meta, ponhamos de lado todo impedimento e corramos, com perseverança, na prova de amor e luz que nos está proposta.”

Pelos ensinamentos de Paulo, devemos afastar os impedimentos, desfazendo-se das vestes asfixiantes do Espírito, e agir com perseverança para prosseguir os trabalhos que nos são destinados.

Contudo, essa remoção dos obstáculos não é fácil e tampouco rápida, requerendo agir, servir, aprender, amar e respeitar as opiniões, as vontades, a liberdade de escolhas e as individualidades das pessoas, até que a luz divina brilhe em nossa consciência.

As pedras no caminho são representadas pelas dificuldades de qualquer natureza, podendo asfixiar a fé, a confiança, os talentos que Deus nos deu e a esperança em dias melhores na busca dos nossos objetivos, ideais e perspectivas de servir.

Elas podem, também, ser vistas como condicionamentos ou reflexos dominantes da personalidade que se expressam sob a forma de interesses passageiros, superficiais e que não cedem espaço a entendimentos mais profundos.

Podemos removê-las pelo conhecimento das verdades divinas que libertam a alma, aproveitando-as para edificar a morada interior em alicerces celestes. Do entendimento e da conduta de cada um de nós, dependerá a felicidade ou o infortúnio.

Tropeçando, pisando, caindo, removendo ou construindo com as pedras do caminho, temos valiosas oportunidades de aprendizado e crescimento. Os tropeços virão, mas a diferença está em como compreendemos as lições que deles soubermos tirar. O processo evolutivo é uma sequência de quedas e levantar-se, mas sempre seguindo em frente.

Muitas vezes, pensamos nas dificuldades e nos esforços necessários para se alcançar algo na vida, imaginando os grandes obstáculos que possam surgir e impedir o prosseguimento no caminho anteriormente traçado. Semeamos a dúvida sobre a capacidade de buscar os nossos objetivos e de superar os desafios da vida, sentindo-nos inseguros e incrédulos, dificultando buscar os cumes mais elevados de evolução espiritual.

As pessoas com essas pedras interiores, ante os menores obstáculos que surgem no exercício do bem, não conseguem se manter fiéis aos ensinamentos de Jesus, dele se afastando.

Visualizamos os grandes obstáculos, mas tropeçamos nas pequenas pedras do dia a dia. Na verdade, as maiores pedras a serem removidas estão dentro de nós, para que consigamos alcançar a tão almejada edificação do reino de Deus.

O Espírito Emmanuel, em “Pedras”, do livro “Vida em Vida”, na psicografia de Francisco Cândido Xavier, esclarece que: “as dificuldades de qualquer natureza são sempre pedras simbólicas, asfixiando-nos as melhores esperanças do dia, do ideal, do trabalho ou do destino, que recebemos na glória do tempo. É necessário saber tratá-las com prudência, serenidade e sabedoria. Há diversos modos de considerar os obstáculos, removendo-os ou aproveitando-os”.

Considerando os diferentes estágios evolutivos, cada qual ao seu tempo, o Espírito haverá de despertar a consciência para passar a compreender melhor os mecanismos que regem o Universo e as reais razões de ser de nossa existência. Tal transformação somente se dará mediante uma reforma íntima pelo autodescobrimento e autoconhecimento, com trabalho, esforço e mérito. Compreenderá que as pedras do caminho são necessárias para os devidos ensinamentos, reflexões e aprendizados para seguir a trajetória evolutiva na busca da perfeição relativa à Humanidade, tendo Jesus como modelo e guia, e os seus ensinamentos e exemplos como roteiros de vida, porquanto ninguém chega ao Pai senão por Ele.

As pedras no caminho poderão atrasar, estacionar ou acelerar o nosso progresso, dependendo de como as visualizamos e utilizamos.

Em nossas jornadas terrenas, que toda a disposição de melhoria não se limite às boas intenções, mas sim que construamos uma boa base moral e espiritual que possa alimentar a sincera vontade de melhorar, afastando o desânimo, a desesperança, a dúvida, a tristeza e o abandono do serviço edificante na prática do bem, do amor e da caridade.

Bibliografia:

BÍBLIA SAGRADA.

KARDEC, Allan; tradução de Guillon Ribeiro. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.

EMMANUEL (Espírito); na psicografia de Francisco Cândido Xavier. Fonte viva. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2020.

EMMANUEL (Espírito); na psicografia de Francisco Cândido Xavier. Vida em vida. (?) Edição. (?).

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https://juancarlosespiritismo.blog/

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