Ver para crer e crer sem ver

Jesus, depois da ressurreição, apareceu para os seus discípulos, mas Tomé não estava com eles. “Disseram-lhe, pois, os outros discípulos: Vimos o Senhor. Mas ele disse-lhes: se eu não vir o sinal dos cravos em suas mãos, e não puser o meu dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu lado, de maneira nenhuma o crerei”. (João, 20: 25)

“E oito dias depois estavam outra vez os seus discípulos dentro, e com eles Tomé. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, e apresentou-se no meio, e disse: paz seja convosco. Depois disse a Tomé: põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente. E Tomé respondeu, e disse-lhe: meu Senhor, e meu Deus! Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram”. (João, 20: 26-29)

O Mestre, após transpassar as portas fechadas, aproxima-se do discípulo de fé vacilante e convida-o a tocar-lhe. Pela confirmação da imortalidade do Espírito e da vida que nunca acaba, Tomé retoma a fé, que até então era desconhecida, com a luz que lhe faltava penetrar o ser, dominando o seu coração.

Arrepende-se e entrega-se ao Cristo, aceitando-o como Salvador: “meu Senhor, e meu Deus”! A alma vence a batalha interna, o coração triunfa e o sentimento de fé se apodera.

Tomé apodera-se da fé inabalável pelo testemunho na crença da imortalidade do Espírito e na certeza do caminho, da verdade e da vida em direção ao Pai, alicerçadas pelas Palavras de Jesus. Graças a esses relatos, depois da crucificação, que o Evangelho se confirmou aos cristãos, vivificando e servindo de base para a libertação da alma, daí ter Paulo de Tarso afirmado: “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados”. (1 Coríntios 15: 17)

Allan Kardec, em “A Gênese”, no Capítulo XV: “Os milagres do Evangelho”, em “Aparição de Jesus após sua morte”, nos itens 61 e 62, esclarece:

61. Todos os evangelistas narram as aparições de Jesus, após sua morte, com circunstanciados pormenores que não permitem se duvide da realidade do fato. Elas, aliás, se explicam perfeitamente pelas leis fluídicas e pelas propriedades do perispírito e nada de anômalo apresentam em face dos fenômenos do mesmo gênero, cuja história, antiga e contemporânea, oferece numerosos exemplos, sem lhes faltar sequer a tangibilidade. Se notarmos as circunstâncias em que se deram as suas diversas aparições, nele reconheceremos, em tais ocasiões, todos os caracteres de um ser fluídico. Aparece inopinadamente e do mesmo modo desaparece; uns o veem, outros não, sob aparências que não o tornam reconhecível nem sequer aos seus discípulos; mostra-se em recintos fechados, onde um corpo carnal não poderia penetrar; sua própria linguagem carece da vivacidade da de um ser corpóreo; fala em tom breve e sentencioso, peculiar aos Espíritos que se manifestam daquela maneira; todas as suas atitudes, numa palavra, denotam alguma coisa que não é do mundo terreno. Sua presença causa simultaneamente surpresa e medo; ao vê-lo, seus discípulos não lhe falam com a mesma liberdade de antes; sentem que já não é um homem.

Jesus, portanto, se mostrou com o seu corpo perispirítico, o que explica que só tenha sido visto pelos que Ele quis que o vissem. Se estivesse com o seu corpo carnal, todos o veriam, como quando estava vivo. Ignorando a causa originária do fenômeno das aparições, seus discípulos não se apercebiam dessas particularidades, a que, provavelmente, não davam atenção. Desde que viam o Senhor e o tocavam, haviam de achar que aquele era o seu corpo ressuscitado.

62. Ao passo que a incredulidade rejeita todos os fatos que Jesus produziu, por terem uma aparência sobrenatural, e os considera, sem exceção, lendários, o Espiritismo dá explicação natural à maior parte desses fatos. Prova a possibilidade deles, não só pela teoria das leis fluídicas, como pela identidade que apresentam com análogos fatos produzidos por uma imensidade de pessoas nas mais vulgares condições. Por serem, de certo modo, tais fatos do domínio público, eles nada provam, em princípio, com relação à natureza excepcional de Jesus.”

As lições dessa passagem evangélica são de suma importância, pois, em algum momento da vida, deparamo-nos com a hesitação da fé religiosa, que pode ser motivada pela dúvida, incerteza, desconfiança, descrença, suspeita, falta de convicção, ceticismo, dificuldade para entender ou aceitar algo como verdadeiro. Acreditamos naquilo que testemunhamos diante de fatos, fenômenos ou circunstâncias. É o ver para crer!

Nesse contexto, testemunho e experiência alheia podem impressionar, mas fica a sensação de que não foi com você, daí a descrença na sua veracidade.

Muitas coisas não vemos, mas sentimos os efeitos, tais como: os sons que chegam aos ouvidos; o frescor provocado pelo vento; a claridade da luz solar; o cheiro específico no olfato; a doença provocada por vírus; a queda provocada pela gravidade; dentre outros tantos. Para tudo, não há efeito sem causa. Para efeitos inteligentes, há causas inteligentes.

A certos fenômenos da Natureza, precisamos de equipamentos para ir além dos limites dos sentidos, conseguindo ver o que não se vê a olho nu. Quando se refere a algo que foge à percepção dos sentidos humanos, mesmo com ajuda de aparelhos, este pode ser rotulado como desconhecido, oculto ou inexistente.

Entretanto, se algo foge à percepção dos sentidos humanos, não quer dizer que ele não exista, pois estamos longe de conhecer todos os agentes ocultos da Natureza.

Allan Kardec, em “O Livro dos Espíritos”, na questão 147, pergunta: “Por que é que os anatomistas, os fisiologistas e, em geral, os que aprofundam a ciência da Natureza, são, com tanta frequência, levados ao materialismo?” A resposta é: “O fisiologista refere tudo ao que vê. Orgulho dos homens, que julgam saber tudo e não admitem haja coisa alguma que lhes esteja acima do entendimento. A própria ciência que cultivam os enche de presunção. Pensam que a Natureza nada lhes pode conservar oculto.”

Em matéria publicada na revista Super Interessante de novembro de 2020, Bruno Vaiano apresenta “Os teoremas da incompletude de Gödel”, em que Kurt Gödel, no ano de 1931, “… demonstrou que a aritmética sempre vai padecer de uma das seguintes limitações: ou será incompleta (haverá teoremas que são verdade, mas não podem ser provados) ou será inconsistente (haverá contradições, como um teorema que é verdadeiro e falso ao mesmo tempo)” (p. 61).

O articulista esclarece sobre axiomas e teoremas, assim como metodologia científica: “Quando uma hipótese assim ganha uma prova, ela se torna teorema. Uma coisa que sempre é verdade” (p. 62). Ele descreve, ainda, que alguns cientistas da época desejavam dar resposta a todas as incompreensões da Natureza.

Contrariando o pensamento dominante, “… Gödel mostrou que qualquer conjunto de axiomas consistente (que não dá origem a contradições) sofre de uma falha fatal: ele dá origem a teoremas que não podem ser provados. Esse é o primeiro teorema de Gödel. (…) O que dá um ar aterrorizante à coisa toda: como ele pôde provar que existem coisas que não podem ser provadas?” (p. 64).

Vaiano sintetiza: “O mais natural é pensar que ‘esta afirmação não pode ser provada’ é uma afirmação falsa. Afinal tudo pode ser provado. (…) Se a afirmação fosse mesmo falsa, isso significaria que pode ser provada. Mas, nós sabemos que ela não pode. Afinal, a afirmação diz ‘esta afirmação não pode ser provada’. Se ela não pode ser provada, então não pode ser falsa. Portanto, só pode ser verdadeira. Esse é o primeiro teorema de Gödel: qualquer sistema de axiomas suficientemente rico para sustentar a aritmética conterá uma afirmação verdadeira que não pode ser provada no próprio sistema. Isso torna a aritmética incompleta” (p. 64).

Vaiano destaca, ainda, que Gödel “… esboçou uma prova lógica da existência de Deus, mas não a publicou com medo de ser mal-interpretado” (p. 61).

Esse artigo conduz a reflexões decorrentes dos teoremas da incompletude de Gödel de que a Matemática é incompleta diante de verdades que não podem ser provadas ou inconsistente para compreender certos fenômenos da Natureza que, como efeitos, têm as suas causas anteriores que deram origem.

Para a Doutrina Espírita, Espiritismo e Ciência completam-se, principalmente com os conhecimentos advindos das revelações espirituais transmitidas por Espíritos superiores e das leis que regem as relações do mundo corpóreo com o mundo espiritual, que são leis da Natureza, trazendo luz aos fenômenos incompreendidos pelo homem.

Para o Espiritismo, o Universo não é só matéria, tem um princípio inteligente regendo tudo que existe. Da ação simultânea dos princípios material e inteligente, nascem fenômenos que são inexplicáveis se não considerar um dos dois. Acima de tudo, está Deus.

Nesse sentido, Allan Kardec, em “A Gênese”, Capítulo XIII, em “Caracteres dos milagres”, no item 13, comenta: “A intervenção de inteligências ocultas nos fenômenos espíritas não os torna mais milagrosos do que todos os outros fenômenos devidos a agentes invisíveis, porque esses seres ocultos que povoam os espaços são uma das forças da natureza, força cuja ação é incessante sobre o mundo material, tanto quanto sobre o mundo moral”.

Assim, contrapomos o “ver para crer” com o “crer sem ver”.

Espírito Manoel Philomeno de Miranda, no livro “Transição Planetária”, na psicografia de Divaldo Pereira Franco, traz mensagem de fé e esperança na imortalidade do Espírito:

“Jesus morreu, a fim de que pudesse ressuscitar ao terceiro dia, demonstrando a imortalidade e comunicando-se com os amigos queridos que haviam ficado na retaguarda, aguardando a confirmação das Suas palavras luminosas. Graças ao Seu retorno, é que o Evangelho pôde ser confirmado e a mensagem de que é portador tornou-se esperança de todos aqueles que sofrem e se encontram à borda do abismo, sem entregar-se ao medo ou ao desamino.  Confiar, portanto, que há um reino além da carne que nos espera a todos, é dever de todo cristão, cuja doutrina se assenta na certeza da vitória sobre o decesso tumular”.

Embora, para os cristãos, Jesus na transfiguração do Monte Tabor conversou com os Espíritos de Elias e Moisés, ressuscitou ao terceiro dia e realizou as suas aparições espirituais depois de ressuscitado, comunicando-se com os amigos queridos, para nos demonstrar a imortalidade do Espírito, mesmo assim duvidamos da imortalidade do Espírito e da vida futura.

A crença no Espírito baseia-se na existência de um princípio inteligente fora da matéria. O principal atributo do Espírito é a inteligência. O Espírito é o ser que pensa e sobrevive à morte.

A natureza íntima do Espírito propriamente dito nos é desconhecida. Os Espíritos nos são revelados por seus atos, precisando da matéria para atuar sobre a matéria.

Sobre a imortalidade dos Espíritos, em “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec, nas questões 80, 83 e 115, somos esclarecidos que todos os Espíritos são permanentemente criados simples e ignorantes por Deus e que as suas existências não têm fim. O Espírito nasce simples e ignorante, começando a sua jornada evolutiva na busca da perfeição (resposta à questão 132) em pluralidade de existências.

Além disso, sem a reencarnação não é possível atingir o aperfeiçoamento e a evolução espiritual, pois na questão 132 de “O Livro dos Espíritos: “Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição”. Logo, a encarnação é um determinismo divino para se atingir a perfeição.

A respeito da vida futura, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, no Capítulo II, Kardec ensina que sem a crença na vida futura “nenhuma razão de ser teria a maior parte dos (…) preceitos morais…” (…) “Todo cristão (…) necessariamente crê na vida futura; mas a ideia que muitos fazem dela é ainda vaga, incompleta e, por isso mesmo, falsa em diversos pontos. Para grande número de pessoas, não há, a tal respeito, mais do que uma crença, balda de certeza absoluta, donde as dúvidas e mesmo a incredulidade”.

Kardec continua: “A ideia clara e precisa que se faça da vida futura proporciona inabalável fé no porvir, fé que acarreta enormes consequências sobre a moralização dos homens, porque muda completamente o ponto de vista sob o qual encaram eles a vida terrena. (…) À morte nada mais restará de aterrador; deixa de ser a porta que se abre para o nada e torna-se a que dá para a libertação, pela qual entra o exilado numa mansão de bem-aventurança e de paz. Sabendo temporária e não definitiva a sua estada no lugar onde se encontra, menos atenção presta às preocupações da vida, resultando-lhe daí uma calma de espírito que tira àquela muito do seu amargor”.

Por outro lado, Kardec esclarece: “Pelo simples fato de duvidar da vida futura, o homem dirige todos os seus pensamentos para a vida terrestre. Sem nenhuma certeza quanto ao porvir, dá tudo ao presente. Nenhum bem divisando mais precioso do que os da Terra, torna-se qual a criança que nada mais vê além de seus brinquedos. (…) Daí se segue que a importância dada aos bens terrenos está sempre em razão inversa da fé na vida futura”.

Nessa fé inabalável, Espírito Erasto, anjo da guarda do médium (Paris, 1863), em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, no Capítulo XX, em “Missão dos espíritas”, instrui:

“Ide, homens, que, grandes diante de Deus, mais ditosos do que Tomé, credes sem fazerdes questão de ver e aceitais os fatos da mediunidade, mesmo quando não tenhais conseguido obtê-los por vós mesmos; ide, o Espírito de Deus vos conduz.

Marcha, pois, avante, falange imponente pela tua fé! Diante de ti os grandes batalhões dos incrédulos se dissiparão, como a bruma da manhã aos primeiros raios do sol nascente.

‘A fé é a virtude que desloca montanhas’, disse Jesus. Todavia, mais pesados do que as maiores montanhas, jazem depositados nos corações dos homens a impureza e todos os vícios que derivam da impureza. Parti, então, cheios de coragem, para removerdes essa montanha de iniquidades que as futuras gerações só deverão conhecer como lenda, do mesmo modo que vós, que só muito imperfeitamente conheceis os tempos que antecederam a civilização pagã.

Sim, em todos os pontos do globo vão produzir-se as subversões morais e filosóficas; aproxima-se a hora em que a luz divina se espargirá sobre os dois mundos.

Ide, pois, e levai a palavra divina: aos grandes que a desprezarão, aos eruditos que exigirão provas, aos pequenos e simples que a aceitarão; porque, principalmente entre os mártires do trabalho, desta provação terrena, encontrareis fervor e fé. Ide; estes receberão, com hinos de gratidão e louvores a Deus, a santa consolação que lhes levareis, e baixarão a fronte, rendendo-lhe graças pelas aflições que a Terra lhes destina.

Arme-se a vossa falange de decisão e coragem! Mãos à obra! o arado está pronto; a terra espera; arai!

Ide e agradecei a Deus a gloriosa tarefa que Ele vos confiou; mas atenção! entre os chamados para o Espiritismo muitos se transviaram; reparai, pois, vosso caminho e segui a verdade.”

Assim, durante a caminhada peregrina na Terra, diante das provas e expiações, a fé poderá vacilar frente às dúvidas, incertezas, hesitações, fraquezas e vulnerabilidades, ou até sucumbir. Nessas situações vacilantes, nem sempre será possível evidenciar a fé que gostaríamos de ter.

Com a ressurreição, Jesus, além de eternizar o seu Evangelho, mostrou a imortalidade do Espírito, a vida que nunca acaba. Por onde formos, o Mestre silencioso nos chama ao testemunho da lição que aprendemos. O discípulo do Evangelho encontra no mundo o santuário de sua fé e na humanidade a sua própria família.

Tendo a norma cristã como inspiração para todas as lides cotidianas, ouçamos a palavra do Senhor em todos os ângulos do caminho, procurando segui-lo com invariável fidelidade, hoje e sempre, sabendo que uma sabedoria divina rege todas as manifestações relacionadas à existência do ser humano.

Á medida que a exercitamos a fé, começamos a ver os seus resultados, porquanto ela se fortalece e vai crescendo até que possa chegar ao ponto de remover o que achamos ser impossível de solucionar.

Afastando-se o horror do nada, tendo-se a certeza de que a vida continuará após a morte do corpo físico, o ânimo para viver será outro, porquanto a crença na vida futura fará viver com fé, confiança, esperança, resignação e alegria, mesmo diante das duras provações e expiações que provocam sofrimentos e dores nos seres humanos.

Assim, o mais importante não é o “ver para crer”, mas sim o crer com fé inabalável, a que pode encarar de frente a razão, em todas as épocas da Humanidade, mesmo sem ver.

Bibliografia:

BÍBLIA SAGRADA.

KARDEC, Allan; tradução de Evandro Noleto Bezerra. A Gênese. 2ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2013.

KARDEC, Allan; tradução de Guillon Ribeiro. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.

KARDEC, Allan; tradução de Guillon Ribeiro. O Livro dos Espíritos. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.

MIRANDA, Manoel Philomeno de (Espírito); psicografado por Divaldo Pereira Franco. Transição Planetária. 5ª Edição. Salvador/BA: Editora Leal, 2017.

VAIANO, Bruno. Revista Super Interessante: Os teoremas da incompletude de Gödel. 421ª Edição. São Paulo/SP: Abril Editora, novembro de 2020. (p. 60 a p. 65)

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