Durante a encarnação, o Espírito conserva o seu perispírito, sendo-lhe o corpo apenas um segundo envoltório mais grosseiro, mais resistente, apropriado aos fenômenos a que tem de prestar-se e do qual o Espírito se despoja por ocasião da morte.
O perispírito serve de intermediário ao Espírito e ao corpo.
É o órgão de transmissão de todas as sensações.
Relativamente às que vêm do exterior, pode-se dizer que o corpo recebe a impressão; o perispírito a transmite e o Espírito, que é o ser sensível e inteligente, a recebe.
Quando o ato é de iniciativa do Espírito, pode dizer-se que o Espírito quer, o perispírito transmite e o corpo executa.
Temos, desse modo, algumas funções básicas do perispírito, tais como:
Função Instrumental.
Como se depreende de seu próprio conceito, a função primordial do perispírito é servir de instrumento à alma, em sua interação com os mundos espiritual e físico.
Projeção energética da alma, aglutina em si a energia cósmica matriz, consolidando, já, uma estrutura de natureza física, que, a refletir, sempre, a fonte, serve como seu elemento de ligação com o meio que o cerca, de modo que não só possa nele agir, influenciando, como também, dele receber influência, em regime de trocas e aproveitamentos, em sua gloriosa caminhada evolutiva.
Função Individualizadora.
O perispírito serve à sua individualização e identificação.
A alma é única e diferenciada, e o perispírito, como seu envoltório perene, mostra-a, refletindo-a, assegurando-lhe a identidade exclusiva.
Essa identidade, que diz de suas qualidades positivas e negativas, transmite-se, quando em estado de encarnação, ao corpo físico, que, entretanto, nem sempre a reflete inteiramente.
Função Organizadora.
Esta função não se refere apenas à forma, aos aspectos anatômicos ou às peculiaridades fisionômicas do ser em gestação, mas, principalmente, com os diversos sistemas de sustentação psicofiológicas que regerão sua vida.
Ensina Emmanuel que, na câmara uterina, o reflexo dominante de nossa individualidade impressiona a chapa fetal ou o conjunto de princípios germinativos que nos forjam os alicerces do novo instrumento físico, selando-nos a destinação para as tarefas que somos chamados a executar no mundo, em certa quota de tempo.
Função Sustentadora.
Garante vitalidade ao corpo físico, sustentando-o desde a sua formação até o completo crescimento, durante todo o tempo programado para a sua encarnação.
Essa ação, durante a programação de cada indivíduo, garante e conserva a integridade do corpo físico, como explica Léon Denis: insensível às causas de desagregação e destruição que afetam o corpo físico, o perispírito assegura a estabilidade da vida em meio da contínua renovação das células.
Sendo um dos elementos constitutivos do homem, o perispírito desempenha importante papel em todos os fenômenos psicológicos e, até certo ponto, nos fenômenos fisiológicos e patológicos.
Quando as ciências médicas tiverem na devida conta o elemento espiritual na economia do ser, terão dado grande passo e horizontes inteiramente novos se lhes patentearão. As causas de muitas moléstias serão a esse tempo descobertas e encontrados poderosos meios de combatê-las.
Concluímos, assim, que o nosso estado psíquico é obra nossa. O grau de percepção, de compreensão, que possuímos, é fruto de nossos esforços prolongados. O nosso invólucro fluídico, sutil ou grosseiro, radiante ou obscuro, representa o nosso valor exato e a soma de nossas aquisições.
Assim cria o homem para si mesmo o bem ou o mal, a alegria ou o sofrimento. Em si mesmo está gravada sua obra, visível para todos no Além. É por esse admirável mecanismo das coisas, simples e grandioso ao mesmo tempo, que se executa, nos seres e no mundo, a lei de causalidade ou de consequência dos atos [lei de causa e efeito], que outra não é senão o cumprimento da justiça.
Bibliografia
ROCHA, Cecília (organizadora). Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita – Programa Complementar – Tomo Único. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2014.