Haverá falsos cristos e falsos profetas

Esta reflexão do Capítulo XXI de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, traz o alerta de Jesus quanto aos falsos cristos e profetas que enganam e arrastam pessoas e nações, principalmente neste momento de transição da Humanidade.

“Tende cuidado para que alguém não vos seduza; porque muitos virão em meu nome, dizendo: ‘eu sou o Cristo’, e seduzirão a muitos. Levantar-se-ão muitos falsos profetas que seduzirão a muitas pessoas; e porque abundará a iniquidade, a caridade de muitos esfriará. Mas aquele que perseverar até o fim se salvará. Então, se alguém vos disser: ‘o Cristo está aqui, ou está ali’, não acrediteis absolutamente; porquanto falsos cristos e falsos profetas se levantarão e farão grandes prodígios e coisas de espantar, ao ponto de seduzirem, se fosse possível, os próprios escolhidos”. (Mateus, 24: 4, 5, 11 a 13, 23 e 24; Marcos, 13: 5, 6, 21 e 22)

A palavra Cristo, de origem grega, significa ungido, e em hebraico é traduzido como messias. Pela Bíblia, Jesus Cristo é o Messias ungido por Deus, como se extrai do Evangelho de Mateus (3: 16): “Assim que Jesus foi batizado, saiu da água. Naquele momento os céus se abriram, e ele viu o Espírito de Deus descendo como pomba e pousando sobre ele”.

Em “Obras póstumas”, de Allan Kardec, no “Estudo sobre a natureza do Cristo”, temos: “Jesus era um messias divino pelo duplo motivo de que de Deus é que tinha a sua missão e de que suas perfeições o punham em relação direta com Deus. (…) É o Filho bem-amado de Deus, porque, tendo alcançado a perfeição, que aproxima de Deus a criatura, possui toda a confiança e toda a afeição de Deus. Ele se diz Filho único, não porque seja o único ser que haja chegado à perfeição, mas porque era o único predestinado a desempenhar aquela missão na Terra”.

Religiosamente, a palavra profeta pode expressar aquele que proclama, anuncia os desígnios divinos, dá sinais da divindade, sabe de coisas que pessoas comuns não sabem ou vem em missão para instruir os homens e revelar as coisas ocultas e os mistérios da vida espiritual. Associou-se profeta também às profecias, com o dom de desvendar o futuro.

Por outro lado, ao longo dos tempos, pessoas valeram-se de falsos discursos, promessas vãs, ilusões ou teorias falhas, atribuindo-lhes poder divino, prodígios ou milagres, apresentando-se como reformadores e messias, com a finalidade de enganar.

O alerta do Mestre é bem oportuno neste momento, porquanto falsos cristos e profetas poderão enganar até os escolhidos.

“Guardai-vos dos falsos profetas que vêm ter convosco cobertos de peles de ovelha e que por dentro são lobos rapaces. Conhecê-los-eis pelos seus frutos. Podem colher-se uvas nos espinheiros ou figos nas sarças? Assim, toda árvore boa produz bons frutos e toda árvore má produz maus frutos. Uma árvore boa não pode produzir frutos maus e uma árvore má não pode produzir frutos bons. Toda árvore que não produz bons frutos será cortada e lançada ao fogo. Conhecê-la-eis, pois, pelos seus frutos”.  (Mateus, 7: 15-20)

A resposta à questão 624 de “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec, revela que o verdadeiro profeta é um homem de bem, inspirado por Deus. Podemos reconhecê-lo por suas palavras e pelos seus atos. Impossível é que Deus se sirva da boca de mentiroso para ensinar a verdade.

Os verdadeiros profetas são Espíritos adiantados que fizeram suas provas noutras existências. Como caraterísticas, mostram-se abaixo do papel com que se apresentem ou das personagens sob cujos nomes se colocam, ignoram a si mesmos e desempenham a missão a que foram chamados pela força que possuem.

O verdadeiro missionário de Deus é reconhecido por sua superioridade em inteligência, moralidade, virtudes, grandeza, resultado e influência moralizadora de suas obras. Deus confia missões importantes aos capazes de as cumprir para fazer a Humanidade avançar. O verdadeiro profeta é adivinhado, diante da humildade e modéstia.

Os falsos profetas podem ser identificados quando se dizem investidos de poder divino e possuidor do monopólio da verdade, ao mesmo tempo em que se mostram orgulhosos, vaidosos, cheios de si, falam com altivez e parecem temerosos de que não lhes deem crédito. Podem passar pelos apóstolos do Cristo ou pelo próprio Cristo, e hão encontrado pessoas crédulas que lhes creem nas torpezas.

Os falsos profetas desencarnados utilizam-se de médiuns pouco esclarecidos e invigilantes, semeiam a desunião, apresentam sistemas ou princípios contraditórios e banais, e espalham o fermento dos antagonismos entre os grupos que os impelem a isolarem-se uns dos outros e a olharem-se com prevenção.

Em “O Livro dos Espíritos”, na resposta à questão 622, esclarece-se que Deus confiou a certos homens a missão de revelarem a sua lei. Em todos tempos, houve homens que tiveram essa missão. São Espíritos superiores, que encarnam com o fim de fazer progredir a Humanidade.

O homem não pode saber por si mesmo, mediante seus sentidos, conhecimentos dados por Deus ou pelos seus mensageiros, através da palavra direta, ou pela inspiração. Essas revelações são feitas a homens privilegiados, designados sob o nome de profetas, messias, enviados ou missionários, tendo a missão de transmiti-la aos homens.

“A caraterística essencial de qualquer revelação tem que ser a verdade. Revelar um segredo é tornar conhecido um fato; se é falso, já não é um fato e, por consequência, não existe revelação. Toda revelação desmentida por fatos deixa de o ser, se for atribuída a Deus. Não podendo Deus mentir, nem se enganar, ela não pode emanar dele; deve ser considerada produto de uma concepção humana”. (KARDEC, A Gênese, pg. 22)

“Se os Espíritos tivessem revelado a Doutrina Espírita a um único homem, nada poderia lhe garantir a origem, pois seria preciso acreditar na palavra daquele que a tivesse recebido. Um homem pode ser enganado ou enganar a si mesmo. Porém, não há como enganar milhões de pessoas quando elas veem e ouvem a mesma coisa em vários lugares e ao mesmo tempo. Isto é uma garantia para cada um e para todos. Portanto, são os próprios Espíritos que fazem a propagação do Espiritismo, com o auxílio de incontáveis médiuns que surgem de todos os lados.

A força do Espiritismo reside na maneira universal com que os Espíritos passam seus ensinamentos, sendo também essa a causa de sua rápida propagação. Cada Espírito possui um nível de conhecimento e por isso está longe de possuir, individualmente, toda verdade. Não é dado a todos conhecer certos mistérios. O que cada um sabe é proporcional à sua elevação moral e intelectual, e a maioria dos Espíritos vulgares não sabem mais do que os homens, pelo contrário, às vezes sabem até muito menos.

O primeiro exame a que deve ser submetido tudo o que vem dos Espíritos é, sem dúvida, o da razão. Assim, toda teoria que contrarie o bom senso, a lógica e os conhecimentos já adquiridos deve ser rejeitada, por mais respeitável que seja o autor da mensagem. 

A única garantia segura do ensino dos Espíritos está na concordância das revelações feitas espontaneamente, através de um grande número de médiuns, estranhos uns aos outros, e em diversos lugares”.(KARDEC. O Evangelho Segundo o Espiritismo)

Por isso que no Evangelho de João temos: “meus bem-amados, não creias em qualquer Espírito; experimentai se os Espíritos são de Deus, porquanto muitos falsos profetas se têm levantado no mundo”. (João, Epístola 1ª, 4: 1)

Os fenômenos espíritas não abonam falsos cristos e profetas, ao contrário, golpe mortal desferem neles. Não peça ao Espiritismo prodígios, nem milagres, porquanto formalmente ele declara que os não opera. Fenômenos nada provam. A missão se prova por efeitos morais.

O Espiritismo revela outra categoria mais perigosa: a dos Espíritos enganadores, hipócritas, orgulhosos e pseudo-sábios, que na erraticidade tomam nomes venerados para facilitarem a aceitação de suas ideias.

É considerável o número dos que, recentemente, hão se apresentado como antigos profetas, como o Cristo, Maria, sua mãe, Elias, João, Pedro, e até como Deus, que exploram a credulidade dos outros e acham cômodo viver à custa dos que lhes prestam ouvidos.

O Espiritismo faculta meios de experimentá-los, apontando os caracteres pelos quais se reconhecem os bons Espíritos: sempre morais, nunca materiais. Julgam-se os Espíritos pela qualidade de suas obras, como uma árvore pela qualidade dos seus frutos.

Todo fenômeno desconhecido passa por sobrenatural, maravilhoso e miraculoso. Encontrada a causa, o fenômeno não é mais do que aplicação da lei da Natureza. Operar prodígios não constitui sinal de missão divina, pois pode resultar de conhecimento ao alcance de qualquer um, ou de faculdades orgânicas especiais, que o mais indigno não se acha inibido de possuir.

Em todos tempos, houve homens que exploraram conhecimentos que possuíam para alcançar o prestígio de um pseudo poder sobre-humano, ou de uma pretendida missão divina. São esses os falsos cristos e falsos profetas. A difusão das luzes lhes aniquila o crédito, donde resulta que o número deles diminui à proporção que os homens se esclarecem.

Precisamos estar vigilantes para não se envolver em vaidade e orgulho. Aos médiuns, o perigo é ainda maior, caso se sintam seres privilegiados, pelo simples fato de possuírem dons especiais concedidos pela misericórdia de Deus.

Todas vezes que um Espírito indica coisas utópicas e impraticáveis, medidas pueris, ridículas ou formula sistema que a Ciência contradiz, somente pode ser um Espírito ignorante e mentiroso.

Deus não confina a verdade a um círculo pequeno: fará surgir em diferentes pontos, a fim de que por toda a parte a luz esteja ao lado da treva. Repila sem condescendência todos esses Espíritos que se apresentam como conselheiros exclusivos, pregando a separação e o insulamento. São quase sempre Espíritos vaidosos e medíocres, que procuram impor-se aos homens fracos e crédulos, prodigalizando-lhes exagerados louvores, a fim de os fascinar e de tê-los dominados.

Desconfiai das comunicações que trazem caráter de misticismo e de singularidade, ou que prescrevem cerimônias e atos extravagantes.

Quando uma verdade tem de ser revelada aos homens, é comunicada instantaneamente a todos os grupos sérios, que dispõem de médiuns também sérios, e não a tais ou quais, com exclusão dos outros.

Nenhum médium é perfeito, se está obsidiado. Há manifesta obsessão quando um médium só é apto a receber comunicações de determinado Espírito, por mais alto que este procure colocar-se.

Todo médium ou grupo que considere privilégio receber comunicações que obtém e submete-se a práticas de superstição, indubitavelmente é presa de obsessão, sobretudo quando o Espírito dominador se pavoneia com nome que todos, encarnados e desencarnados.

É incontestável que, submetendo ao crivo da razão e da lógica todos os dados e as comunicações dos Espíritos, fácil rejeitar a absurdidade e o erro.

Pode um médium ser fascinado, e iludido um grupo; mas, a verificação severa a que procedam os outros grupos, a ciência adquirida, a alta autoridade moral dos diretores de grupos, as comunicações que os principais médiuns recebam, com um cunho de lógica e de autenticidade dos melhores Espíritos, justiçarão rapidamente esses ditados mentirosos e astuciosos, emanados de uma turba de Espíritos mistificadores ou maus.

Mantenha-se em guarda para não cair em tentação dos falsos profetas. Orai e vigiai. Nada que seja puro pode provir de fonte má. É assim que devemos julgar. São as obras que devemos examinar. Desconfiem dos que pretendem ter o monopólio da verdade.

Assim, hoje mais do que em outros tempos, devemos estar atentos para não sermos enganados por falsos cristos e profetas que procuram desviarmos do caminho da verdade e da vida preconizado pelo Mestre Jesus.

Houve e continuará havendo falsos cristo e profetas, encarnados e desencarnados, porquanto há enganadores e enganados. Há que se estar em alerta. É preciso saber identificar os falsos cristos e profetas com os meios que o Mestre Jesus nos mostrou.

A melhor prevenção é seguir os exemplos e os ensinamentos de Jesus: árvore boa somente dá bons frutos, não há como árvores más dar bons frutos. Por tudo isso, mantenham-se entre os eleitos, praticando o bem e o amor ao próximo pela ação da caridade e da fraternidade universal, na construção da sua futura morada.

Bibliografia:

BÍBLIA SAGRADA.

KARDEC, Allan; tradução de Evandro Noleto Bezerra. A Gênese. 2ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2013.

KARDEC, Allan; tradução de Guillon Ribeiro. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.

KARDEC, Allan; tradução de Guillon Ribeiro. O Livro dos Espíritos. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.

KARDEC, Allan; Tradução de Maria Ângela Baraldi. Obras Póstumas. 1ª Edição. São Paulo/SP: Mundo Maior Editora, 2013.

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