“Não penseis que eu tenha vindo destruir a lei ou os profetas; não os vim destruir, mas cumpri-los: porquanto em verdade vos digo que o céu e a Terra não passarão, sem que tudo o que se acha na lei esteja perfeitamente cumprido, enquanto reste um único iota e um único ponto”. (Mateus, 5: 17-18)
Este texto evangélico cuida da imutabilidade e da eternidade da lei de Deus como fundamento de todos os ensinamentos de Jesus Cristo, em que não veio destruir a lei, mas torná-la conhecida e dar cumprimento a ela, esclarecendo o caráter de sua missão diante do povo judeu que desconfiava e criticava os seus ensinamentos, principalmente quanto à sua submissão aos Dez Mandamentos, aos profetas e às leis estabelecidas por Moisés.
Jesus, a serviço da lei de Deus, vem confirmar a sua imutabilidade, ao mesmo tempo em que se opunha às falsas interpretações da lei, à idolatria, aos abusos das práticas exteriores do culto e das cerimônias, às ostentações, às virtudes apenas aparentes e aos cheios de zelo ardente por proselitismo, desviando-se dos legítimos ensinamentos, porquanto somente intensificavam o formalismo religioso.
A lei de Deus não pode contradizer a si mesma, a qualquer tempo, em qualquer lugar, diante dos princípios morais universais. Com Jesus, a concepção de Deus é elevada à categoria de realidade universal absolutamente amorosa, bondosa, justa e misericordiosa, que liberta o homem das orientações de temor e vingança, contraditórias e socialmente exclusivas, pois o amor a Deus não pode se dar sem o amor ao próximo em toda a sua abrangência. Jesus resumiu: “amar a Deus acima de todas as coisas e o próximo como a si mesmo”, e acrescentando: “aí estão a lei toda e os profetas”.
Os benefícios da lei devem abranger todos os seres da Terra, já que a consumação da lei promove a realização da essência espiritual e Deus não é de determinado povo. Todo privilégio é abolido e todo ser é objeto da mesma solicitude divina. É necessário que a lei de Deus seja cumprida e praticada sobre toda a Terra, em toda a sua pureza, com todos os seus desenvolvimentos e todas as suas consequências. Todos são filhos de Deus sem quaisquer distinções.
Assim, podemos compreender a perfeita submissão de Jesus à lei de Deus, que foi apresentada pelos antigos profetas e por Moisés. Contudo, o compromisso de Jesus é com a lei e não com os profetas propriamente ditos, e o seu empenho visa desvincular a lei de tudo aquilo que não é verdade. Jesus trouxe a Palavra que dá entendimento, esperança, sabedoria, consolo, conhecimento, humildade, bondade, verdade, pureza da alma, do Espírito e da vida, faz o homem compreender o que realmente é a caridade.
Bibliografia:
BÍBLIA SAGRADA.
KARDEC, Allan; tradução de Guillon Ribeiro. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.