“E o servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites; mas o que a não soube, e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado. E, a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá”. (Lucas, 12: 47-48)
“A culpabilidade e a responsabilidade do Espírito são proporcionais aos meios postos a seu alcance para se instruir e à luz que recebeu. (…) O grau e a extensão da responsabilidade guardam relação com o conhecimento que a criatura tem do mal que pratica. Necessariamente, maiores são as reponsabilidades daquele que incorre em falta, depois de haver recebido advertências, conselhos e ensinamentos, visto que muito será pedido a quem muito se tenha dado” (Antônio Luiz Sayão. Elucidações Evangélicas)
Como na Parábola dos Talentos, o talento confiado não é para se fazer mau uso dele ou para ser enterrado ou guardado, mas para ser utilizado em prol da própria evolução intelectual e moral, e na prática da caridade. O Mestre ensina que os bens concedidos pelo Pai são para ser gerenciados de acordo com a capacidade e as possibilidades de cada um, pois alguns recebem mais e outros menos, porquanto a bondade e a misericórdia divinas fornecem em cada experiência de vida as bênçãos necessárias ao reajuste espiritual. Quanto mais se recebe, maior a responsabilidade.
Há pessoas que se julgam pobres de recursos para transitar no mundo como desejariam e recolhem-se à ociosidade, transformando-se em servos infiéis e inúteis. Confessam medo da vida, atemorizando-se diante das dificuldades. Outros servos infiéis amontoam bens materiais, buscando ilusórias posse, evidência e poder, esquecendo que estes bens aqui permanecerão ao final de uma existência. Já os servos bons e fiéis correspondem à confiança do Senhor, demonstrando responsabilidade perante as dádivas recebidas e, agindo com trabalho e dedicação, conseguem duplicar os benefícios confiados.
Devemos nos recordar da condição de usufrutuário dos bens concedidos e aprender a conservar no próprio íntimo os valores que levaremos. Restituímos à vida o que ela emprestou em nome de Deus, mas os tesouros espirituais ganhos, no campo da educação e das boas obras, serão somados à bagagem de nossas existências evolutivas, pois os talentos simbolizam os infinitos recursos divinos, disponibilizados pelo Criador Supremo em prol do nosso progresso espiritual.
Cada ser humano é responsável pelo que lhe foi concedido, pois a quem muito lhe é dado, muito lhe será pedido; a quem pouco é dado, pouco se lhe pedirá. Os servos bons trabalham sempre, pois sabem que o trabalhador da última hora não é o que chega por último, mas aquele que trabalha até o último momento, sem medir esforços para que todos os bens que lhe foram concedidos sejam postos em ação e estejam em movimento para vencer as suas provas.
“Assim, ante a palavra de Cristo, (…) lembra, acima de tudo, os talentos que guardas por tua vez, à espera de tua própria consagração ao bem, para que possas responder, sem corar, no balanço das horas, quando se pedirá de ti contas justas das bênçãos de segurança e conhecimento que acumulas contigo, com a obrigação de fazê-las frutificar na esfera do serviço e no campo do rendimento” (Emmanuel. Responsabilidade).
Bibliografia:
BÍBLIA SAGRADA.
EMMANUEL (Espírito); Saulo Cesar Ribeiro da Silva (Coordenador). O Evangelho por Emmanuel: comentários ao Evangelho segundo Lucas. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2016.
KARDEC, Allan; tradução de Guillon Ribeiro. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.
SAYÃO, Antônio Luiz. Elucidações Evangélicas à luz da Doutrina Espírita. 16ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.
SCHUTEL, Cairbar. Parábolas e Ensino de Jesus. 28ª Edição. Matão/SP: Casa Editora O Clarim, 2016.