Parábola do fermento

“Outra parábola lhes disse: O reino dos céus é semelhante ao fermento, que uma mulher toma e introduz em três medidas de farinha, até que tudo esteja levedado” (Mateus, 13: 33).

“E disse outra vez: A que compararei o reino de Deus? É semelhante ao fermento que uma mulher, tomando-o, escondeu em três medidas de farinha, até que tudo levedou”. (Lucas, 13: 20-21).

Esta Parábola de Jesus compara o reino dos Céus ou o reino de Deus ao efeito do fermento na massa do pão, em que, ao seu tempo de preparação, ocorre a levedura e cresce pela ação do calor. Assim, a conquista do reino de Deus em nós mesmo, como na ação do fermento no pão, demanda tempo de preparação e evolução intelectual, moral e espiritual, fruto do próprio trabalho na prática do bem e do esforço na busca da perfeição, tendo Jesus como caminho, verdade e vida em direção do Pai. Assim, por analogia, nesta Parábola, referimo-nos ao fermento espiritual do Evangelho de Jesus na preparação do nosso íntimo pão espiritual na conquista do Reino de Deus.

Cairbar Schutel interpretou esta Parábola da seguinte forma:

“Não há quem ignore o processo da panificação. Lança-se um tanto de fermento na massa de farinha, mistura-se e espera-se que fique toda levedada, para o que muito concorre o calor.

Aparentemente, quem vê a massa não diz que tem fermento; entretanto, depois de algumas horas, a própria massa levedada acusa a presença do mesmo.

Assim é o Reino dos Céus: o homem não se pode transformar, de simples e ignorante, em elevado e sábio de um momento para outro, como o levedo não transforma a farinha na mesma hora em que nela é posto.

Aos poucos, à medida que ouve a voz dos profetas, a palavra dos emissários do Alto, a inteligência do homem se vai esclarecendo e o seu Espírito se transforma: ele assimila o Reino dos Céus, que à prima facie lhe pareceu um enigma, mas depois se lhe apresentou positivo, racional, lógico.

Quem diria que uma só medida de fermento, em três medidas de farinha, leveda a mesma? É preciso, porém, lembrar que o calor, não só na farinha para o pão, como também no homem, para a transformação de Espíritos, é indispensável. E este calor pode traduzir-se na atividade que empregamos para o progresso que somos chamados a conquistar”.

Antônio Luiz Sayão, no livro Elucidações Evangélicas, esclareceu:

“Na parábola em que comparou o Reino de Deus ao fermento que se lança na massa de farinha para levedá-la e torná-la em pão, figurou Jesus o trabalho de transformação e purificação das almas, por efeito da doutrina de amor e bondade que Ele lançava nos corações e único fermento apropriado à preparação do pão espiritual, que alimenta para a vida eterna”.

O Espírito Emmanuel, em “Fermento Espiritual”, na psicografia de Francisco Cândido Xavier, no livro Fonte Viva, ensina:

“Não sabeis que um pouco de fermento leveda a massa toda? – Paulo. (I Coríntios, 5: 6).

O fermento é uma substância que excita outras substâncias, e nossa vida é sempre um fermento espiritual com que influenciamos as existências alheias.

Ninguém vive só.

Temos conosco milhares de expressões do pensamento dos outros e milhares de outras pessoas nos guardam a atuação mental, inevitavelmente.

Os raios de nossa influência entrosam-se com as emissões de quantos nos conhecem direta ou indiretamente, e pesam na balança do mundo para o bem ou para o mal.

Nossas palavras determinam palavras em quem nos ouve, e, toda vez que não formos sinceros, é provável que o interlocutor seja igualmente desleal.

Nossos modos e costumes geram modos e costumes da mesma natureza, em torno de nossos passos, mormente naqueles que se situam em posição inferior à nossa, nos círculos da experiência e do conhecimento.

Nossas atitudes e atos criam atitudes e atos do mesmo teor, em quantos nos rodeiam, porquanto aquilo que fazemos atinge o domínio da observação alheia, interferindo no centro de elaboração das forças mentais de nossos semelhantes.

O único processo, portanto, de reformar edificando é aceitar as sugestões do bem e praticá-las intensivamente, por intermédio de nossas ações.

Nas origens de nossas determinações, porém, reside a ideia.

A mente, em razão disso, é a sede de nossa atuação pessoal, onde estivermos.

Pensamento é fermentação espiritual. Em primeiro lugar estabelece atitudes, em segundo gera hábitos e, depois, governa expressões e palavras, através das quais a individualidade influencia na vida e no mundo.

Regenerado, pois, o pensamento de um homem, o caminho que o conduz ao Senhor se lhe revela reto e limpo”. (Emmanuel. Fermento Espiritual)

Roberto Lota, ao interpretar a Parábola, expressa: “Tal qual o pão que se transforma pelo fogo, o ser humano se burila por meio da reencarnação, escolhendo, sofrendo, amando, vivendo… Tudo isso lhe molda tanto o intelecto quanto a moral, fazendo com que suas escolhas atuais reflitam pensamentos mais nobres. (…) Esse processo é fundamental para a construção do Reino de Deus (…) E o Reino de Deus, que existe dentro de cada ser, espera somente o momento de fermentação para alicerçar-se em todo o mundo”.

Bibliografia:

AUTORES DIVERSOS. Parábolas de Jesus à Luz da Doutrina Espírita. 2ª Edição. Juiz de Fora/MG: Fergus Editora, 2019.

BÍBLIA SAGRADA.

EMMANUEL (Espírito); na psicografia de Francisco Cândido Xavier. Fonte Viva. 37ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2007.

SAYÃO, Antônio Luiz. Elucidações evangélicas à luz da Doutrina Espírita. 16ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.

SCHUTEL, Cairbar. Parábolas e Ensino de Jesus. 28ª Edição. Matão/SP: Casa Editora O Clarim, 2016.

Um comentário em “Parábola do fermento

  1. Avatar de Zélia Aparecida Rodrigues Gomes
    Zélia Aparecida Rodrigues Gomes 01/05/2024 — 16:22

    Gratidão pelas elucidações. Vou usar em minha aula de evangelização. Grande Abraço!

    Curtir

Deixar mensagem para Zélia Aparecida Rodrigues Gomes Cancelar resposta

search previous next tag category expand menu location phone mail time cart zoom edit close