1. Introdução
Ao assistir o vídeo “A obsessão e suas máscaras”, da Dra. Marlene Nobre, vários esclarecimentos são transmitidos colocando o assistente em grandes reflexões a respeito deste tema.
Chamou-me atenção a sua colocação sobre o poder da mente e dos pensamentos, fazendo-nos receptores e transmissores de vibrações mentais e de propagação de pensamentos, mente a mente, alma a alma, Espírito a Espírito. Somos, ainda, imãs, atraindo ou repelindo!
Léon Denis, em “Problema do ser, do destino e da dor”, disse: “O pensamento é criador. (…) Mais cedo ou mais tarde todo produto do Espírito reverte para seu autor com suas consequências, acarretando-lhe, segundo o caso, o sofrimento, a diminuição, a privação da liberdade, ou então as satisfações íntimas, a dilatação, a elevação do ser”.
E ainda: “somos o que pensamos (…) o homem só é grande, só tem valor pelo seu pensamento”. (Léon Denis, Problema do Ser, do Destino e da Dor)
O Espírito Joanna de Ângelis, em “O ser consciente”, na psicografia de Divaldo Franco, afirma: “o homem pode e deve ser considerado como sendo sua própria mente. Aquilo que cultiva no campo íntimo, ou que o propele com insistência a realizações, constitui a sua essência e legitimidade, que devem ser estudadas pacientemente a fim de poder enfrentar os paradoxos existenciais”. (Espírito Joanna de Ângelis, O ser consciente)
Allan Kardec, na Revista Espírita de dezembro de 1868, expressou: “o pensamento é o atributo característico do ser espiritual; é ele que distingue o espírito da matéria: sem o pensamento, o espírito não seria espírito. A vontade não é um atributo especial do espírito: é o pensamento chegado a um certo grau de energia, é o pensamento tornado força motriz”.
Suely Caldas Schubert, em “Obsessões / Desobsessões: profilaxia e terapêutica espíritas”, esclarece: “A uma simples vibração do nosso ser, a um pensamento emitido, por mais secreto nos pareça, evidenciamos de imediato a faixa vibratória em que nos situamos, que terá pronta repercussão naqueles que estão na mesma frequência vibracional. Assim, atrairemos aqueles que comungam conosco e que se identificam com a qualidade de nossa emissão mental. Através desse processo, captando as nossas intenções, sentindo as emoções que exteriorizamos e ‘lendo’ os nossos pensamentos é que os Espíritos se aproximam de nós e, não raro, passam a nos dirigir, comandando nossos atos. Isso se dá imperceptivelmente. Afinizados conosco, querendo e pensando como nós, fácil se torna a identificação, ocorrendo então que passamos a agir de comum acordo com eles, certos de que a sua é a nossa vontade – tal a reciprocidade de sintonia existente”. (Suely Caldas Schubert. Obsessões / Desobsessões: profilaxia e terapêutica espíritas, pg. 27 a pg. 28)
Assim, ao mesmo tempo, somos transmissores e receptores, emitimos vibrações e através do seu campo eletromagnético propagamos pensamentos e outros serão captados, de modo que podemos aceitar ou refutar os pensamentos emitidos na mesma proporção e qualidade de que foram enviados.
Todos os campos eletromagnéticos, gerados pela transmissão de um pensamento são obrigatoriamente resultado do movimento acelerado (vibração) de seus pensamentos, ou seja, a concentração que se dê ao pensamento.
Conforme a intensidade ou a concentração sobre o pensamento, esse cria um campo eletromagnético abrangendo uma determinada área pequena ou grande, que transmitirá a um receptor, ou alcançando vários receptores.
Acessando esse campo íntimo, mesmo que apenas parcialmente, podemos acionar esses elementos e criar condições para que a nossa mente se transforme e desenvolva o potencial que nela exista.
Por essa força motriz da mente e dos pensamentos, destaca-se o poder da oração como meio de comunicação e de socorro espiritual diante de indesejáveis interferências de certos Espíritos em nossas vidas.
Nesse sentido, nada melhor do que citar Paulo de Tarso: “fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gálatas 2: 20). Devemos deixar o Cristo entrar em nossas vidas, pois o Mestre disse: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve”. (Mateus, 11: 28-30)
Para abordar o tema, também buscamos os esclarecimentos da Codificação do Espiritismo de Allan Kardec e de literatura complementar, em que procuramos identificar conceitos e ensinamentos para entender e refletir sobre o processo obsessivo e como lidar com ele, porquanto ninguém está livre das investidas de Espíritos inferiores em nossas existências, pois eles estão em todo lugar e atuam no momento de nossas fraquezas diante das imperfeições humanas.
Este tema complexo e multifacetado, requer a integração de conhecimentos aprofundados da Doutrina Espírita.
Por complexo, a abordagem deve ser sistêmica, sequencial e conduzido mediante o encadeamento lógico para compartilhar os aspectos essenciais.
Dessa maneira, iremos percorrer breve caminho acerca deste tema, procurando, ao final, identificar alguns meios de como se enfrentar a obsessão e se libertar das investidas de Espíritos perturbadores, vingadores e perseguidores.
2. Desenvolvimento
2.1 Da intervenção dos Espíritos no mundo corporal
Para se compreender questões relacionadas às obsessões, necessitamos rever alguns esclarecimentos sobre a intervenção dos Espíritos no mundo corporal.
Do livro “Nos bastidores da obsessão”, do Espírito Manoel Philomeno de Miranda na psicografia de Divaldo Franco, extraímos:
“Pululam em torno da Terra os maus Espíritos, em consequência da inferioridade moral de seus habitantes. A ação malfazeja desses Espíritos é parte integrante dos flagelos com que a Humanidade se vê a braços neste mundo. A obsessão, que é um dos eleitos de semelhante ação, como as enfermidades e todas as atribulações da vida, deve, pois, ser considerada como provação ou expiação e aceita com esse caráter”.
“Os Espíritos exercem incessante ação sobre o mundo moral e mesmo sobre o mundo físico. Atuam sobre a matéria e sobre o pensamento e constituem uma das potências da Natureza, causa eficiente de uma multidão de fenômenos até então inexplicados ou mal explicados e que não encontram explicação racional senão no Espiritismo. As relações dos Espíritos com os homens são constantes. Os bons Espíritos nos atraem para o bem, nos sustentam nas provas da vida e nos ajudam a suportá-las com coragem e resignação. Os maus nos impelem para o mal: é-lhes um gozo ver-nos “sucumbir e assemelhar-nos a eles”.
Estes fatos transcorrem entre dois mundos: dos encarnados e dos desencarnados. Estes mundos se interpenetram, já que não há barreiras que os separem e tampouco fronteiras reais, definidas, entre ambos.
As relações dos Espíritos com os homens são constantes. Uma multidão de Espíritos nos observa.
Kardec esclarece que os Espíritos têm a faculdade de penetrar nos nossos pensamentos, vendo o que fazemos, pois constantemente nos rodeiam. Cada um, porém, só vê aquilo a que dá atenção. Não se ocupam com o que lhes é indiferente.
Podem os Espíritos conhecer os nossos mais secretos pensamentos e, muitas vezes, chegam a conhecer o que desejaríamos ocultar de nós mesmos. Nem atos e tampouco pensamentos podem ser dissimulados a eles.
Os bons Espíritos nos atraem e esforçam-se para nos influenciar para o bem, nos sustentam nas provas da vida e nos ajudam a suportá-las com coragem e resignação.
Os maus nos impelem para o mal: é-lhes um gozo ver-nos sucumbir e assemelhar-nos a eles.
A nenhum Espírito é dada a missão de praticar o mal. Aquele que o faz, age por conta própria, sujeitando-se, portanto, às consequências. Pode Deus permitir-lhe que assim proceda, para nos experimentar; nunca, porém, lhe determina tal procedimento. Compete a nós repeli-los.
Assim, os Espíritos influem em nossos pensamentos e atos muito mais do que imaginamos. Influem a tal ponto, que, de ordinário, são eles que nos dirigem.
Junto aos nossos pensamentos, outros são sugeridos que nos acodem a um tempo sobre o mesmo assunto e, não raro, contrários uns aos outros. No conjunto, os nossos pensamentos e os sugeridos misturam-se. Daí a incerteza, diante de duas ideias que se opõem.
Os Espíritos imperfeitos nos induzem ao mal para que soframos como eles sofrem. Porém, isso não lhes diminui os sofrimentos. Fazem por inveja, por não poderem suportar que haja seres felizes.
Os Espíritos imperfeitos são instrumentos próprios a pôr em prova a fé e a constância dos homens na prática do bem. Como Espírito que somos, temos que progredir. Daí passamos pelas provas do mal, para chegarmos ao bem. A nossa missão consiste em nos colocarmos no bom caminho.
Se sobre nós atuam influências más, é porque as atraímos, desejando o mal, em que Espíritos inferiores correm a auxiliar-nos no mal, desde que desejamos praticá-lo.
Só quando queremos o mal, podem eles ajudar-nos para a prática do mal. Se formos propensos ao crime, temos em torno de nós uma nuvem de Espíritos a nos alimentar no íntimo esse pendor.
Mas, outros também nos cercarão, esforçando-se para nos influenciar para o bem, o que restabelece o equilíbrio da balança e nos deixa senhor dos nossos atos.
É assim que Deus confia à nossa consciência a escolha do caminho que devamos seguir e a liberdade de ceder a uma ou outra das influências contrárias que se exercem sobre nós.
Pode o homem eximir-se da influência dos Espíritos que procuram arrastá-lo ao mal, visto que tais Espíritos só se apegam aos que, pelos seus desejos, os chamam, ou aos que, pelos seus pensamentos, os atraem.
Renunciam às suas tentativas os Espíritos cuja influência a vontade do homem repele. Quando nada conseguem, abandonam o campo. Entretanto, ficam à espreita de um momento propício, como o gato que tocaia o rato.
Podemos neutralizar a influência dos maus Espíritos praticando o bem e pondo em Deus toda a nossa confiança, repelindo a influência dos Espíritos inferiores e aniquilando o império que desejem ter sobre nós.
Evitemos atender às sugestões dos Espíritos que suscitam maus pensamentos, que sopram a discórdia e insuflam as paixões más.
Desconfiemos especialmente dos que nos exaltam o orgulho, pois que esses nos assaltam pelo lado fraco. Essa a razão por que Jesus, na oração dominical, nos ensinou a dizer: “Senhor! não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal”.
Quando experimentamos uma sensação de angústia, de ansiedade indefinível, ou de íntima satisfação, sem que lhe conheçamos a causa, é quase sempre efeito das comunicações em que inconscientemente entramos com os Espíritos, ou da que com eles tivemos durante o sono.
Os Espíritos que procuram atrair-nos para o mal aproveitam as circunstâncias ocorrentes, mas também costumam criá-las, impelindo-nos, mau grado nosso, para aquilo que cobiçamos.
2.2 O poder da vontade
Do livro “Obsessão desobsessão”, de Suely Caldas Schubert, selecionamos os seguintes textos:
“A vontade não é um ser, uma substância qualquer; não é, se quer, uma propriedade da matéria mais etérea que exista. Vontade é atributo essencial do Espírito, é, do ser pensante.” Allan Kardec (O livro dos médiuns – item 131)
Até hoje, o ser humano não se preocupou o suficiente, ou não despertou para essa incrível força que traz no imo d’alma: a vontade. Acostumou-se, sim, a ter má vontade para tudo o que dá mais trabalho e que exige perseverança, esforço e abnegação.
Como todas as demais potencialidades latentes em nós, a vontade, para a grande maioria, é somente acionada para aquilo que for mais fácil, menos custoso ou, o que é pior, para destruir.
Aos que padecem de problemas obsessivos, deveselhes esclarecer o quanto é essencial a sua própria participação no tratamento e que deles mesmos dependerá, em grande parte, o êxito ou o insucesso em alcançar a cura.
A primeira providência será no sentido de mudar a direção dos pensamentos. Modificar o estado mental é arejar a mente, higienizando-a através de pensamentos sadios, otimistas e edificantes.
É substituir as reflexões depressivas, mórbidas, que ressumam tédio, solidão e tristeza por pensamentos contrários a esse estado interior, num exercício constante, que se renova a cada dia, aprendendo a olhar a vida com olhos otimistas, corajosos e, sobretudo, plenos de esperança.
É abrir as janelas da alma através da prece, permitindo que um novo sol brilhe dentro de si mesmo, gerando um clima interior que favoreça a aproximação de Espíritos Bondosos. Isto só será possível mobilizando a vontade, que, segundo esclarece Emmanuel: ‘é o impacto determinante. Nela dispomos do botão poderoso que decide o movimento ou a inércia da máquina’.
Na vontade do nosso próprio eu está o controle que dirige a energia mental, encaminhando-a para determinado rumo, e de acordo com Emmanuel – e isto é muito importante neste nosso estudo –, embora a mente venha a sintonizar com os pensamentos emitidos por outras pessoas, a vontade pode impor disciplina íntima, dirigindo e mantendo firmes os pensamentos na direção do bem.
A vontade é, pois, o comando geral de nossa existência. Ela é a manifestação do ser como individualidade, no uso do seu livre-arbítrio. Temos a liberdade de escolher, de optar, mas o faremos quando usarmos a vontade.
A conscientização do enfermo para este ponto é fundamental, para que ele compreenda a sua participação no processo de desobsessão, na sua autodesobsessão, enquanto simultaneamente se realizam os trabalhos desobsessivos no Centro Espírita, nas reuniões especializadas.
Quando o paciente apresenta condições, todas as noções que a Doutrina apresenta devem ser gradualmente ministradas, lembrando-se que essa é uma tarefa que demanda tempo e paciência, perseverança e amor”.
Do livro “Nos bastidores da obsessão”, do Espírito Manoel Philomeno de Miranda na psicografia de Divaldo Franco, ressaltam-se:
“Um espírito lidador, devidamente preparado para as experiências de socorro aos obsidiados, é dínamo potente que gera energia eletromagnética, que, aplicada mediante os passes, produz distonia e desajustes emocionais no hóspede indesejável, afastando-o de momento e facultando, assim, ao hospedeiro a libertação mental necessária para assepsiar-se moralmente, reeducando a vontade, meditando em oração, num verdadeiro programa evangélico bem disciplinado que, segura e lentamente, edifica uma cidadela moral de defesa em volta dele mesmo”.
“Elucidava, em consequência, que toda sugestibilidade que dimana do operador se transmite inconscientemente tomando posse do campo cerebral, no polígono do hipnotizado. A vontade dominante se encarrega de conduzir a vontade dominada, como se a alma de quem hipnotiza substituísse momentaneamente a alma do que foi hipnotizado. Dessa forma, o hipnotismo pode ser denominado, como querem alguns experimentadores, o anestésico da razão”.
“No fenômeno hipnológico há outro fator de grande valia que é a perseverança, a constância da ideia que se sugere naquele que a recebe. Lentamente a princípio tem início a penetração da vontade que, se continuada, termina por dominar a que se lhe submete”.
2.3 A consciência culpada e a consciência da verdade
Do livro “Nos bastidores da obsessão”, do Espírito Manoel Philomeno de Miranda na psicografia de Divaldo Franco, trazemos aspectos importantes:
“A consciência culpada é sempre porta aberta à invasão da penalidade justa ou arbitrária. E o remorso, que lhe constitui dura clave, faculta o surgimento de ideias fantasmas apavorantes que ensejam os processos obsessivos de resgate das dívidas”.
“A tua justiça é a tua consciência”.
“O enfermo mental, classificado em qualquer nomenclatura, é espírito perseguido em si mesmo, fugitivo das leis divinas, refugiando-se numa organização psíquica que lhe não resiste aos caprichos e se desborda em alucinações, até à alienação total.
Muitas recordações infelizes de existências passadas podem, repentinamente, assomar à consciência atual, libertadas dos depósitos da subconsciência, criando estados patológicos muito complexos. Essas evocações podem tomar dois aspectos distintos: remorso inconsciente a se manifestar em forma de autopunição, como buscando reparar o mal praticado, e recordação tormentosa, persistente, gerando a distonia da razão, o desequilíbrio do discernimento. (…)
– Como observamos durante os trabalhos já referidos, que tiveram curso demorado quando buscamos o leito, na noite passada – dos quais me lembro cada vez com melhor nitidez –, Mariana se defrontou, parcialmente desdobrada pelo sono, com o seu antagonista e recordou naturalmente da fuga ao dever, da responsabilidade pelo sofrimento que acarreta ao atual desafeto, ficando desse modo vivas, na mente, as cenas revisadas pela necessidade imperiosa que se fazia do reencontro espiritual da vítima e do algoz, para o impositivo da pacificação. Nada ocorre em nome de um protecionismo que seria injusto e indigno do Nosso Pai. Verdugo e vítima são filhos do mesmo Amor, momentaneamente separados por desconsideração ao dever ou por maneira inditosa de acatar os fatos e acontecimentos da vida. Daí, a inevitabilidade de uma existência pautada nos conceitos sempre atuais do Evangelho de Jesus”.
“Ocorre que o próprio espírito, jugulado ao remorso por muitos anos antes de reencarnar, fixou vigorosamente na sede da memória perispiritual, que mais tarde se imprimiriam no cérebro, as cenas dolorosas que vivera no Hospício do Harlen, conforme narrara ela mesma quando desdobrada pelo sono, no reencontro com Guilherme.
O corpo é sempre para o espírito devedor – devedores que reconhecemos ser todos nós – sublime refúgio, portador da bênção do olvido momentâneo aos males que praticamos e cuja evocação, se nos viesse à Consciência de inopino, nos aniquilaria a esperança da redenção.
Quando viciado por indisciplina da nossa vontade, ele envia aos recônditos do espírito os condicionamentos que se transformam em flagício, passando de uma reencarnação a outra, até que se depure, libertando os centros da vida das impressões vigorosas que os sulcaram.
Na mesma ordem, os erros e os gravames praticados pelo espírito em processo evolutivo são transmitidos ao corpo que os integra na forma, assinalando nas células os impositivos da própria reparação, a se apresentarem como limitação, frustração, recalque, complexos da personalidade como outros problemas e enfermidades que são as mãos da lei divina reajustando o infrator à ordem.
A semelhança de uma esponja, o corpo absorve as impressões que partem do espírito ou as elimina, como também se carrega da psicosfera ambiente e a envia ao íntimo, passando a viver-lhe as emanações.
Abençoar, portanto, esse ‘doce jumentinho’, como o chamava meigamente Francisco, o Santo de Assis, com disciplina e educação, é dever que a todos nos devemos impor a benefício próprio e que não podemos postergar”.
“A missão do Espiritismo é a mesma do Cristianismo das primeiras e refulgentes horas do caminho e das arenas: levantar o homem do abismo do ‘eu’ e alçá-lo às culminâncias da fraternidade, após galgado o monte da sublimação evangélica redentora.
Transitório o período das trevas, prepara ele as consciências para o despertamento da verdade. Saturado das vibrações ultrajantes, o espírito humano buscará, invadido por incomparável sede de renovação, as fontes inefáveis do bem, mergulhando demoradamente nas suas águas refrescantes…
Assim considerando e diante das esperanças e consolações que nos aguardam, os nefandos labores da atormentada quimbandista nos inspiravam funda compaixão, compaixão que também nos merecem aqueles que buscam os desvios da leviandade para enganarem a consciência, tentando a fuga espetacular às linhas do dever.
Não poderão alegar desconhecimento da verdade, nem se justificarão como ignorantes do auxílio dos recursos divinos; lamentarão sem poderem fruir o consolo reservado aos que se esforçaram em perseverar na augusta direção do bem; chorarão sem lenitivo, por desprezo à impostergável mensagem do ‘fazer ao próximo o que deseja lhe faça ele’; sofrerão demoradamente longe do recurso da prece, de que se utilizaram mecanicamente, sem qualquer respeito, fazendo-a instrumento de capricho infantil antes que veículo de comunhão com o Senhor…
São os que se encarceram nos presídios sem paredes da mente desalinhada e tormentosa. O tempo, porém, que de tudo se encarrega, cuidará dos sandeus com a mesma mestria que liberta os humildes, os pacificadores, os simples de coração… herdeiros da Terra!”
“O temor descende da consciência em culpa”.
“Para o espírita decidido, a tranquilidade de consciência, ante o dever retamente cumprido, é o melhor prêmio que ele pode oferecer a si mesmo. Esse era o estado que nos dominava, enquanto estavam em curso as tarefas a que os problemas da família Soares nos convocaram e que, por mercê de Deus, fôramos honrados pela oportunidade de servir”.
“A consciência da verdade oferece ao ser consciência lúcida. O erro já lhe não empana o raciocínio e o Espírito não mais se conforma com engodos nem aceita ilusões. Impõe-se a si mesmo o imposto do resgate como impositivo do próprio êxito. Sente que não merece felicidade desonesta e estatuída à base da astúcia, o que representaria impedimento à paz”. (…)
Assim são os nossos atos: produzem orifícios nas paredes das dificuldades. Uma ação negativa dirigida contra alguém talvez não lhe produza danos imediatamente; aquele, no entanto, que foi nossa vítima, pode tomar o petardo e atirá-lo mais adiante, ferindo, desequilibrado, quantos se lhe encontrem ao alcance.
Era já um enfermo, sim, esperando alguém que lhe desse o impulso para a prática de desmandos inesperados. Ai, de nós, porém! É semelhante à lição do escândalo: ‘Ai de quem o pratique’; conquanto necessário, não nos devemos tornar instrumento dele, conforme asseverou Jesus. Também assim atuam o gesto nobre, o pensamento elevado, a palavra edificante. Socorrendo este alguém que está à mercê da ignorância, ou sob a constrição do desespero, ou às portas da loucura, quanto produza ele de futuro em paz e alegria, cheio de esperança e ânimo, deve-o ao Senhor da Vida, certamente, e, também, àquele alguém que lhe ofertou o socorro recebido. Estará viajando o impulso da nossa doação através deste ou daquele. Uma agressão de qualquer natureza faz-se antecipar da vibração selvagem do ódio, da ira, da perversão que envolve o que lhe cai nas malhas, predispondo-o à reação compatível ao atentado que venha a experimentar. O plano do socorro e da caridade também exterioriza energia envolvente que permeia o ser a quem objetiva, e quando o ato o alcança eis que ele já está investido da reserva favorável ao registro e aceitação da oferta de amor”.
“Nutrimos o são desejo de lutar para que não se acumulem danos sobre novos danos numa avalanche de gravames mais desesperadores, cada vez piores…
Você sabe por experiência pessoal que a morte é entrada na vida, reexame de atos, reencontro com a consciência, mesmo quando esta jaz entorpecida pela ignorância ou anestesiada pelo crime…
Todos sabemos que a vida nos dá o de que temos necessidade para o nosso progresso espiritual e, consequentemente, pai, mãe, familiares e amigos são peças importantes, indispensáveis para a nossa evolução. Como nos comportamos em relação a eles, oneramo-nos ou não de responsabilidades negativas novas, que atiramos na direção do futuro… Por isso e por muitas outras razões, você não se pode manter na posição em que se refugia agora, na qual se vem sustentando até aqui”.
“Não deslustre mais a sua consciência, teimando em perseverar no erro espontaneamente aceito. Ajude-nos, filha, a ajudá-la”.
“Abastardados pela ignorância demoram-se na animalidade, exigindo retribuições materiais por se comprazerem nos fluídos densos e grosseiros de que se não podem libertar. Odiando-se a si mesmos, estabelecem o clima do ódio e, revoltados nos recônditos do ser, espalham rebeldia, ameaçadores, para governarem sob as nuvens sombrias do medo… Fracos, procuram dividir para imperar… Dizendo-se temíveis, vivem temerosos, fugindo à consciência e descendo cada vez a vexames maiores nos quais se enredem, infelizes. Não, filha, não são poderosos, nem indestrutíveis, nem rigorosos; são primitivos que a vampirizam e se nutrem do plasma mental dos que, como você, caem presas fáceis dos seus ardis e mancomunações”.
“Esse, sem dúvida, é o ministério do Espiritismo: trazer de volta Jesus-Cristo aos corações sofridos da Terra; repetir as experiências memoráveis de quando Ele esteve entre nós; consolar os infelizes do Além-Túmulo, libertando-os da suprema ignorância das realidades espirituais; desatar os laços constritores que ligam desencarnados em perturbação a encarnados que se perturbam; cuidar dos obsessos e iluminar a consciência de obsidiados e obsessores; semear o amor em todas as modalidades, através das mãos da caridade, em todas as dimensões…. por ser o Espiritismo o CONSOLADOR prometido por Jesus”.
2.4 O poder dos pensamentos
Do livro “Nos bastidores da obsessão”, do Espírito Manoel Philomeno de Miranda na psicografia de Divaldo Franco, transcrevemos:
“Estabelecido o contato mental em que o encarnado registra a interferência do pensamento invasor, soa o sinal alarmante da obsessão em pleno desenvolvimento”.
“O pensamento é sempre o dínamo vigoroso que emite ondas e que registra vibrações, em intercâmbio ininterrupto nas diversas faixas que circulam a Terra.
Mentes viciadas e em tormento, não poucas vezes escravas da monoidéia obsessiva, sincronizam com outras mentes desprevenidas e ociosas, gerando pressão devastadora.
Aguilhões frequentes perturbam o comportamento de muitas criaturas que se sentem vinculadas ou dirigidas por fortes constrições nos painéis mentais, inquietantes e afligente …
Muitos processos graves de alienação mental têm início quando os seres constrangidos por essa força possuidora, ao invés de a repelirem, acalentam-lhe os miasmas pertinazes que terminam por assenhorear-se do campo em que se espalham.
Em casos dessa natureza, o agente opressor influencia de tal forma o paciente perturbado que não é raro originar-se o grave problema do vampirismo espiritual por processo de absorção do plasma mental”.
“Como é natural, graças às injunções do renascimento, o homem é impelido à depressão ou ao exaltamento, vinculando-se aos pensamentos vulgares compatíveis às circunstâncias do meio, situação e progresso.
Assim, faz-se imprescindível o exercício da prece mental e habitual para fortalecer as fulgurações psíquicas que visitam o cérebro, constituindo a vida normal propícia à propagação do pensamento excelso”.
“Todo problema obsessivo procede sempre da necessidade de ambos os espíritos em luta aflitiva, vítima e algoz, criarem condições de superação das próprias inferioridades para mudar de clima psíquico, transferindo-se emocionalmente para outras faixas do pensamento”.
“A viciação mental, resultante do pensamento vibrando na mesma onda, gera a ideia delinquente na “psicosfera pessoal” do seu emitente, aglutinando forças da mesma qualidade, por sua vez emanadas por Inteligências desajustadas, que se transformam em energia destruidora. Tal energia é resultante do bloqueio mental pela densidade da tensão no campo magnético da aura.
Ali, então, se imprimem por força da monoidéia devastadora as construções psíquicas que se convertem em instrumento de flagício pessoal ou instrumento de suplício alheio, operando sempre no mesmo campo de vibrações mentais idênticas.
Quando essas energias são dirigidas aos encarnados e sintonizam pela onda do pensamento, produzindo as lamentáveis obsessões que atingem igualmente os centros da forma, degeneram as células encarregadas do metabolismo psíquico ou físico, manifestando-se em enfermidades perturbadoras, de longo curso…
Por essa razão, felicidade ou desdita, cada um conduz consigo mesmo, graças à direção que oferece ao pensamento, no sentido da elevação ou do rebaixamento do espírito, direção essa que é força a se transformar em alavanca de impulsão ou cadeia retentiva nas regiões em que se imanta”.
“As ondas mentais exteriorizadas pelo cérebro mantêm firme intercâmbio em todos os quadrantes da Terra e fora dela.
Pensamentos atuam sobre homens e mulheres desprevenidos e a sugestão campeia vitoriosa aliciando forças positivas ou negativas com as quais sintonizam, em lacerantes conúbios dos quais nascem prisões e surgem alvarás de liberdade, por onde transitam opiniões, aspirações, anseios…
Merece relembrado o conceito do Nazareno: ‘Onde estiver o tesouro aí o homem terá o coração’, o que equivale dizer que cada ser respira o clima da província em que situa os valores que lhe servem de retentiva na retaguarda ou que se constituem asas de libertação para o futuro.
Pensamento e vontade – eis as duas alavancas de propulsão ao infinito e, ao mesmo tempo, os dois elos de escravidão nos redutos infelizes e pestilenciais do ‘inferno’ das paixões.
Pensar e agir, identificando-se com os fatores da atenção, constituem a fórmula mágica do comportamento individual a princípio, e coletivo logo depois, em que, ora por instinto gregário, ora por afinidade psíquica, se reúnem os comensais desta, ou daquela ideia
Céu ou inferno, portanto, são dependências que construímos em nosso íntimo, vitalizadas pelas aspirações e mantidas a longo esforço pelas atitudes que imprimimos ao dia-a-dia da existência.
Por tais processos, províncias de angústia e regiões de suplício, oásis de ventura e ilhas de esperança nascem no recôndito de cada mente e se multiplicam ao império de incontáveis vontades que se reúnem, em todos os departamentos do planeta.
Inicialmente, o homem se converte no anjo ou no demônio, que ele próprio elabora por força da ideia superior ou viciada em que se compras, sintonizando, por um processo natural de afinidades, com outras mentes encarnadas ou não, que vibram nas mesmas faixas-pensamento, produzindo processos de hipnose profunda que se despersonalizam e se nutrem, sustentados, reciprocamente, por forças vitais de fácil manipulação inconsciente, que gravitam em toda a parte”.
“As Leis Divinas são de justiça, indubitavelmente; no entanto, são também de amor e de misericórdia. O Senhor não deseja a punição do infrator, antes quer o seu reajuste à ordem, ao dever, para a sua própria felicidade.
Desse modo, quando a entidade perseguidora, consciente ou não, se vincula ao ser perseguido, obedece a impulso automático de sintonia espiritual por meio da qual estabelece os primeiros contatos psíquicos, no centro da ideia, na região cortical inicialmente e depois nos recônditos do polígono cerebral, donde comanda as diretrizes da vida psíquica e orgânica, produzindo ali lesões desta ou daquela natureza, cujos reflexos aparecem na distrofia e desarticulação dos órgãos ligados à sede atacada pela força-pensamento invasora.
Desse centro de comando, em que o hóspede se sobrepõe ao hospedeiro, as alienações mentais e os distúrbios orgânicos se generalizam em longo curso, que a morte do obsidiado nem sempre interrompe.
A consciência culpada é sempre porta aberta à invasão da penalidade justa ou arbitrária. E o remorso, que lhe constitui dura clave, faculta o surgimento de ideias fantasmas apavorantes que ensejam os processos obsessivos de resgate das dívidas.
Invariavelmente, na obsessão, há sempre o aproveitamento da ideia traumatizante – a presença do crime praticado -, que é utilizada pela mente que se faz perseguidora revel, apressando o desdobramento das forças deprimentes em latência, no devedor, as quais, desgovernadas, gravitam em torno de quem as elabora, sendo consumido por elas mesmas, paulatinamente”.
2.5 Liberdade e livre-arbítrio
Deus confia à nossa consciência a escolha do caminho que devamos seguir e a liberdade de ceder a uma ou outra das influências contrárias que se exercem sobre nós.
Pode o homem eximir-se da influência dos Espíritos que procuram arrastá-lo ao mal, visto que tais Espíritos só se apegam aos que, pelos seus desejos, os chamam, ou aos que, pelos seus pensamentos, os atraem.
Renunciam às suas tentativas os Espíritos cuja influência a vontade do homem repele. Quando nada conseguem, abandonam o campo. Entretanto, ficam à espreita de um momento propício, como o gato que tocaia o rato.
Podemos neutralizar a influência dos maus Espíritos praticando o bem e pondo em Deus toda a nossa confiança, repelindo a influência dos Espíritos inferiores e aniquilando o império que desejem ter sobre nós.
Evitemos atender às sugestões dos Espíritos que suscitam maus pensamentos, que sopram a discórdia e insuflam as paixões más;
Desconfiemos especialmente dos que nos exaltam o orgulho, pois que esses nos assaltam pelo lado fraco.
Do livro “Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita”, Programa Fundamental, Tomo II, selecionamos:
“Liberdade de pensar e liberdade de consciência
A liberdade no relacionamento humano é sempre relativa porque desde […] que juntos estejam dois homens, há entre eles direitos recíprocos que lhes cumpre respeitar; não mais, portanto, qualquer deles goza de liberdade absoluta. Allan Kardec: O livro dos espíritos, questão 826.
Haverá no homem alguma coisa que escape a todo constrangimento e pela qual goze ele de absoluta liberdade? No pensamento goza o homem de ilimitada liberdade, pois que não há como por-lhe peias. Pode-se-lhe deter o voo, porém, não aniquilá-lo. Allan Kardec: O livro dos espíritos, questão 833.
Será a liberdade de consciência uma consequência da de pensar? A consciência é um pensamento íntimo, que pertence ao homem, como todos os outros pensamentos. Allan Kardec: O livro dos espíritos, questão 835.
Para respeitar a liberdade de consciência, dever-se-á deixar que se propaguem doutrinas perniciosas, ou poder-se-á, sem atentar contra aquela liberdade, procurar trazer ao caminho da verdade os que se transviaram obedecendo a falsos princípios? Certamente que podeis e até deveis; mas, ensinai, a exemplo de Jesus, servindo-vos da brandura e da persuasão e não da força, o que seria pior do que a crença daquele a quem desejaríeis convencer […]. Allan Kardec: O livro dos espíritos, questão 841.
Liberdade é a faculdade que permite ao indivíduo decidir ou agir conforme sua própria vontade. Desta forma, o […] homem é, por natureza, dono de si mesmo, isto é, tem o direito de fazer tudo quanto achar conveniente ou necessário à conservação e ao desenvolvimento de sua vida. Essa liberdade, porém, não é absoluta, e nem poderia sê-lo, pela simples razão de que, convivendo em sociedade, o homem tem o dever de respeitar esse mesmo direito em cada um de seus semelhantes.
Para que o homem pudesse gozar de liberdade absoluta, seria necessário que ele vivesse isolado, como o eremita no deserto. Desde que juntos estejam dois homens, há entre eles direitos recíprocos que lhes cumpre respeitar. A liberdade é, portanto, relativa, devendo ser adequada à liberdade do outro, pois a liberdade e o direito de uma pessoa terminam onde começam a liberdade e o direito do outro.
A compreensão da lei de liberdade nos faz perceber que, para progredir, precisamos uns dos outros e que todos temos direitos recíprocos, que precisam ser respeitados, uma vez que qualquer prejuízo que provoquemos ao semelhante, em decorrência dos nossos atos, não ficará impune perante a Lei de Deus. É por esta razão que o ensinamento de Jesus de não fazer aos outros o que não gostaríamos que os outros nos fizessem (Mateus, 7:12) – ensinamento conhecido como regra de ouro – estabelece os limites da nossa liberdade e nos orienta como viver em sociedade, conforme os direitos e os deveres que nos cabem.
A lei de liberdade é bem compreendida quando aprendemos a fazer relação entre a liberdade de pensar e a liberdade de consciência. Como sabemos, a liberdade de pensar é plena no ser humano: no pensamento goza o homem de ilimitada liberdade, pois que não há como pôr-lhe peias. […]
Voando nas asas do pensamento, a mente espiritual reflete as próprias ideias e as ideias das mentes com as quais se afiniza, nos processos naturais de sintonia. Nos seres primitivos, [a mente] aparece sob a ganga do instinto, nas almas humanas surge entre as ilusões que salteiam a inteligência, e revela-se nos Espíritos Aperfeiçoados por brilhante precioso a retratar a Glória Divina. Estudando-a de nossa posição espiritual, confinados que nos achamos entre a animalidade e a angelitude, somos impelidos a interpretá-la como sendo o campo de nossa consciência desperta, na faixa evolutiva em que o conhecimento adquirido nos permite operar. Compreende-se, pois, que o pensamento tudo move, […] criando e transformando, destruindo e refazendo para acrisolar e sublimar. […] A consciência, nesse contexto, representa, como nos esclarecem os Espíritos da Codificação, um pensamento íntimo, que pertence ao homem, como todos os outros pensamentos. Ela é o […] centro da personalidade, centro permanente, indestrutível, que persiste e se mantém através de todas as transformações do indivíduo. A consciência é não somente a faculdade de perceber, mas também o sentimento que temos de viver, agir, pensar, querer. É una e indivisível. […]
No entanto, à medida que os Espíritos evoluem, a consciência do bem e do mal está mais bem definida neles, de sorte que a liberdade de consciência, regulando as relações interpessoais, reflete […] um dos caracteres da verdadeira civilização e progresso.
A consciência, entendida como faculdade de estabelecer julgamentos morais ou juízos de valor, é um atributo pelo qual o homem pode conhecer e julgar sua realidade e a realidade do outro. Os julgamentos feitos pela consciência e as interpretações de atos e fatos do cotidiano apresentam limitações, visto que estão fundamentados em parâmetros morais que cada um estabelece para si. É ela fruto de experiências e crenças individuais, elaboradas no contexto cultural onde a criatura humana está inserida, e que se manifesta de acordo com a evolução espiritual do ser. Assim, enquanto a liberdade de pensar é ilimitada, a liberdade de consciência sofre restrição, já que depende do nível evolutivo do Espírito. A consciência não esclarecida pode alimentar ideias malsãs, gerar e provocar ações moral e eticamente abusivas, resultando na manifestação de sofrimentos e desarmonias para si mesma e para o próximo. Os embaraços à liberdade de consciência, a propagação de doutrinas perniciosas e a escravidão humana são exemplos de desvios provocados por Espíritos imperfeitos, dominados pelo orgulho e pelo egoísmo. Devemos agir com cautela quando condenamos as ações, as ideias ou as crenças das pessoas, a fim de que não atentemos contra a liberdade de consciência. No entanto, é oportuno considerar que reprimir […] os atos exteriores de uma crença, quando acarretam qualquer prejuízo a terceiros, não é atentar contra a liberdade de consciência, pois que essa repressão em nada tira à crença a liberdade, que ela conserva integral. Por outro lado, sempre que nos é possível, podemos e devemos trazer ao caminho da verdade os que se transviaram, servindo-nos, a exemplo de Jesus, da brandura e da persuasão e não da força. Como nos esclarecem os Espíritos superiores, se […] alguma coisa se pode impor, é o bem e a fraternidade. Mas não cremos que o melhor meio de fazê-los admitidos seja obrar com violência. A convicção não se impõe.
Outro abuso da manifestação da consciência é a escravidão, ou seja, a submissão da vontade, do cerceamento da liberdade de ir e vir, de agir e de pensar do ser. A escravidão, independentemente das formas em que se manifeste, é contrária à lei de Deus, porque é um abuso de força, mesmo quando faz parte dos costumes de um povo. É contrária à Natureza a lei humana que consagra a escravidão, pois que assemelha o homem ao irracional e o degrada física e moralmente. A escravidão humana é um mal. E o […] mal é sempre o mal e não há sofisma que faça se torne boa uma ação má. A responsabilidade, porém, do mal é relativa aos meios de que o homem disponha para compreendê-lo. Aquele que tira proveito da lei da escravidão é sempre culpado de violação da lei da Natureza.
A despeito de todo sofrimento existente no Planeta, é certo que a Humanidade tem progredido, ocorrendo uma preocupação mundial de valorizar a paz entre os povos e entre os indivíduos: De século para século, menos dificuldade encontra o homem para pensar sem peias e, a cada geração que surge, mais amplas se tornam as garantias individuais no que tange à inviolabilidade do foro íntimo. […] Nas dissensões religiosas, as chamas das fogueiras foram substituídas pelas luzes do esclarecimento, e na catequese filosófica ou política, estejamos certos, daqui para o futuro, buscar-se-á empregar, cada vez mais, a força da persuasão ao invés da imposição pela força.
Livre-arbítrio e responsabilidade
Tem o homem o livre-arbítrio de seus atos? Pois que tem a liberdade de pensar, tem igualmente a de obrar. Sem o livre-arbítrio, o homem seria máquina. Allan Kardec: O livro dos espíritos, questão 843.
O livre-arbítrio é […] a faculdade que tem o indivíduo de determinar a sua própria conduta, ou, em outras palavras, a possibilidade que ele tem de, entre duas ou mais razões suficientes de querer ou de agir, escolher uma delas e fazer que prevaleça sobre as outras. Rodolfo Calligaris: as leis morais, item O Livre-arbítrio.
A liberdade e a responsabilidade são correlativas no ser e aumentam com sua elevação; é a responsabilidade do homem que faz sua dignidade e moralidade. Sem ela, não seria ele mais do que um autômato, um joguete das forças ambientes: a noção de moralidade é inseparável da de liberdade. A responsabilidade é estabelecida pelo testemunho da consciência, que nos aprova ou censura segundo a natureza de nossos atos. […] Se a liberdade humana é restrita, está pelo menos em via de perfeito desenvolvimento, porque o progresso não é outra coisa mais do que a extensão do livre-arbítrio no indivíduo e na coletividade. […] O livre-arbítrio é, pois, a expansão da personalidade e da consciência. Para sermos livres é necessário querer sê-lo e fazer esforço para vir a sê-lo, libertando-nos da escravidão da ignorância e das paixões baixas, substituindo o império das sensações e dos instintos pelo da razão. Léon Denis: O problema do ser, do destino e da dor. Terceira parte, cap. 22.
O livre-arbítrio é […] a faculdade que tem o indivíduo de determinar a sua própria conduta, ou, em outras palavras, a possibilidade que ele tem de, entre duas ou mais razões suficientes de querer ou de agir, escolher uma delas e fazer que prevaleça sobre as outras.
O livre-arbítrio é a condição básica para que a pessoa programe a sua vida e construa o seu futuro, entendendo, porém, que os direitos, limitações e capacidades individuais devem ser respeitados pelas regras da vida em sociedade. A pessoa percebe, instintivamente, os limites da sua liberdade, uma vez que, intrinsecamente livre, criado por Deus para ser feliz, o homem traz na própria consciência a compreensão desses limites.
O direito natural de liberdade está atrelado ao de responsabilidade, ou seja, quanto mais livre é o indivíduo, mais responsável ele é. A responsabilidade produz o amadurecimento do Espírito ao longo das experiências vividas nos planos material e espiritual. As noções de responsabilidade são observadas, inicialmente, no cumprimento dos deveres sociais e morais para consigo mesmo e para com o próximo em geral. À medida que aprende a associar as noções de liberdade e de responsabilidade, a pessoa melhor exercita o seu livre-arbítrio, sendo impulsionada por um sentimento superior, que lhe permite desenvolver ações de amor ao próximo.
O ser humano responsável sabe, na verdade, dosar os próprios limites, entendendo que a sua liberdade termina onde começa a do próximo. O homem tem livre-arbítrio de seus atos porque tem a liberdade de pensar e de obrar. Sem o livre-arbítrio, o homem seria uma máquina1, não teria responsabilidade pelo mal que praticasse, nem mérito pelo bem que fizesse. O livre-arbítrio que considera a lei de liberdade e o senso de responsabilidade, habilita o Espírito a agir equilibradamente nas diferentes situações do cotidiano.
Deus nos deu a liberdade e o livre-arbítrio como instrumentos de felicidade. A liberdade nos é concedida para que possamos ter uma visão mais lúcida de nós mesmos e das demais pessoas, de forma a discernir que papel devemos exercer na sociedade, quais são os nossos limites e possibilidades, assim como os dos semelhantes.
Devemos considerar que há […] liberdade de agir, desde que haja vontade de fazê-lo. Nas primeiras fases da vida, quase nula é a liberdade, que se desenvolve e muda de objeto com o desenvolvimento das faculdades. Estando seus pensamentos em concordância com o que a sua idade reclama, a criança aplica o seu livre-arbítrio àquilo que lhe é necessário. A criança, sendo menos livre em razão de suas limitações naturais é, consequentemente, menos responsável pelos próprios atos. O adulto é considerado responsável pelos seus atos e suas atitudes porque suas faculdades orgânicas e psíquicas estão desenvolvidas, devendo, desta forma, assumir as consequências das ações praticadas.
Não podemos deixar de considerar, entretanto, que o processo de amadurecimento espiritual é gradual, estando diretamente subordinado à lei do esforço próprio. As nossas imperfeições espirituais refletem o nosso estado evolutivo. Nesse sentido, os Orientadores Espirituais nos esclarecem que as […] predisposições instintivas são as do Espírito antes de encarnar. Conforme seja este mais ou menos adiantado, elas podem arrastá-lo à prática de atos repreensíveis, no que será secundado pelos Espíritos que simpatizam com essas disposições. Não há, porém, arrastamento irresistível, uma vez que se tenha a vontade de resistir […].
O Espírito que, de algum modo, já armazenou certos valores educativos, é convocado para esse ou aquele trabalho de responsabilidade junto de outros seres em provação rude, ou em busca de conhecimentos para a aquisição da liberdade. Esse trabalho deve ser levado a efeito na linha reta do bem, de modo que […] seja o bom cooperador de seu Pai Supremo, que é Deus. O administrador de uma instituição, o chefe de uma oficina, o escritor de um livro, o mestre de uma escola, têm a sua parcela de independência para colaborar na obra divina, e devem retribuir a confiança espiritual que lhes foi deferida. Os que se educam e conquistam direitos naturais, inerentes à personalidade, deixam de obedecer, de modo absoluto, no determinismo da evolução, porquanto estarão aptos a cooperar no serviço das ordenações, podendo criar as circunstâncias para a marcha ascensional de seus subordinados ou irmãos em humanidade, no mecanismo de responsabilidade da consciência esclarecida.
Em suma, pode dizer-se que a […] liberdade e a responsabilidade são correlativas no ser e aumentam com sua elevação; é a responsabilidade do homem que faz sua dignidade e moralidade. Sem ela, não seria ele mais do que um autômato, um joguete das forças ambientes: a noção de moralidade é inseparável da de liberdade. A responsabilidade é estabelecida pelo testemunho da consciência, que nos aprova ou censura segundo a natureza de nossos atos. […] Se a liberdade humana é restrita, está pelo menos em via de perfeito desenvolvimento, porque o progresso não é outra coisa mais do que a extensão do livre-arbítrio no indivíduo e na coletividade. […] O livre-arbítrio é, pois, a expansão da personalidade e da consciência. Para sermos livres é necessário querer sê-lo e fazer esforço para vir a sê-lo, libertando-nos da escravidão da ignorância e das paixões baixas, substituindo o império das sensações e dos instintos pelo da razão.
Livre-arbítrio e fatalidade
Haverá fatalidade nos acontecimentos da vida, conforme ao sentido que se dá a este vocábulo? Quer dizer: todos os acontecimentos são predeterminados? E, neste caso, que vem a ser do livre-arbítrio?
A fatalidade existe unicamente pela escolha que o Espírito fez, ao encarnar, desta ou daquela prova para sofrer. Escolhendo-a, instituiu para si uma espécie de destino, que é a consequência mesma da posição em que vem a achar-se colocado. Falo das provas físicas, pois, pelo que toca às provas morais e às tentações, o Espírito, conservando o livre-arbítrio quanto ao bem e ao mal, é sempre senhor de ceder ou de resistir […] Allan Kardec: O livro dos espíritos, questão 851.
A questão do livre-arbítrio se pode resumir assim: O homem não é fatalmente levado ao mal; os atos que pratica não foram previamente determinados; os crimes que comete não resultam de uma sentença do destino. Ele pode, por prova e por expiação, escolher uma existência em que seja arrastado ao crime, quer pelo meio onde se ache colocado, quer pelas circunstâncias que sobrevenham, mas será sempre livre de agir ou não agir. Assim, o livre-arbítrio existe para ele, quando no estado de Espírito, ao fazer a escolha da existência e das provas e, como encarnado, na faculdade de ceder ou de resistir aos arrastamentos a que todos nos temos voluntariamente submetido […]. Contudo, a fatalidade não é uma palavra vã. Existe na posição que o homem ocupa na Terra e nas funções que aí desempenha, em consequência do gênero de vida que seu Espírito escolheu como prova, expiação ou missão.
Ele sofre fatalmente todas as vicissitudes dessa existência e todas as tendências boas ou más, que lhe são inerentes. […] Há fatalidade, portanto, nos acontecimentos que se apresentam, por serem estes consequência da escolha que o Espírito fez da sua existência de homem. Pode deixar de haver fatalidade no resultado de tais acontecimentos, visto ser possível ao homem, pela sua prudência, modificar-lhes o curso […]. Allan Kardec: O livro dos espíritos, questão 872.
A Doutrina Espírita ensina que a […] fatalidade existe unicamente pela escolha que o Espírito fez, ao encarnar, desta ou daquela prova para sofrer. Escolhendo-a, instituiu para si uma espécie de destino, que é a consequência mesma da posição em que vem a achar-se colocado […]. Essas provas planejadas são de natureza física (deficiências no corpo físico, doenças, limitações financeiras etc.), […] pois, pelo que toca às provas morais e às tentações, o Espírito, conservando o livre-arbítrio quanto ao bem e ao mal, é sempre senhor de ceder ou de resistir. Ao vê-lo fraquear, um bom Espírito pode vir-lhe em auxílio, mas não pode influir sobre ele de maneira a dominar-lhe a vontade.
As doutrinas que pregam a existência de um fatalismo comandando a vida da pessoa em todos os sentidos, do nascimento à morte, ensinam […] que todos os acontecimentos estão previamente fixados por uma causa sobrenatural, cabendo ao homem apenas o regozijar-se, se favorecido com uma boa sorte, ou resignar-se, se o destino lhe for adverso. Os predestinacionistas baseiam-se na soberania da graça divina, ensinando que desde toda a eternidade algumas almas foram predestinadas a uma vida de retidão e, depois da morte, à bem-aventurança celestial, enquanto outras foram de antemão marcadas para uma vida reprovável e, consequentemente, precondenadas às penas eternas do inferno. Se Deus regula, antecipadamente, todos os atos e todas as vontades de cada indivíduo – argumentam –, como pode este indivíduo ter liberdade para fazer ou deixar de fazer o que Deus terá decidido que ele venha a fazer?
Os deterministas, a seu turno, sustentam que as ações e a conduta do indivíduo, longe de serem livres, dependem integralmente de uma série de contingências a que ele não pode furtar-se, como os costumes, o caráter e a índole da raça a que pertença; o clima, o solo e o meio social em que viva; a educação, os princípios religiosos e os exemplos que receba; além de outras circunstâncias não menos importantes, quais o regime alimentar, o sexo, as condições de saúde, etc.
Essas doutrinas, como se vê, reduzem o homem a simples autômato, sem mérito nem responsabilidade.
O Espiritismo nos apresenta ensinamentos mais concordantes com a justiça, bondade e misericórdia divinas. A fatalidade é entendida como um produto do livre-arbítrio, cujos acontecimentos resultam de escolhas previamente definidas, na maioria das vezes, no plano espiritual. Essas escolhas refletem sempre a necessidade de progresso espiritual, e podem ser modificadas segundo o livre-arbítrio da pessoa, ou replanejadas, em se considerando o benefício que pode resultar para alguém. Na verdade, o planejamento reencarnatório é flexível, adaptado às circunstâncias e aos resultados esperados. É por esta razão que os Espíritos Superiores afirmam: A fatalidade, verdadeiramente, só existe quanto ao momento em que deveis aparecer e desaparecer deste mundo. Afastada, nesta situação, a hipótese do suicídio – sempre vista como uma transgressão à Lei Divina –, não devemos temer qualquer perigo que ameace a nossa integridade física, porque não pereceremos se a nossa hora não tiver chegado. Porém, é oportuno destacar que, pelo fato de ser infalível a hora da morte, não se deve deduzir que sejam inúteis as precauções para evitá-la. O fato de o homem pressentir que a sua vida corre perigo constitui um aviso dos bons Espíritos para que se desvie do mal e reprograme seus atos.
Existem pessoas que parecem ser perseguidas por uma fatalidade, independentemente da maneira como procedem. Neste caso, são provas que, escolhidas anteriormente, aconteceriam de qualquer forma. No entanto, devemos considerar a hipótese de que tais provações reflitam apenas as consequências de faltas cometidas em razão de atos impensados, na atual existência.
O exercício do livre-arbítrio, tendo em vista a nossa felicidade espiritual, é uma tarefa árdua que devemos persistir sem desânimo. A luta e o trabalho são tão imprescindíveis ao aperfeiçoamento do espírito como o pão material é indispensável à manutenção do corpo físico. É trabalhando e lutando, sofrendo e aprendendo, que a alma adquire as experiências necessárias na sua marcha para a perfeição.
Nunca há fatalidade nas opções morais, pois uma decisão pessoal infeliz não deve ser vista como uma má-sorte ou como imposição de Deus aos seus filhos. Esta é a razão de os Espíritos Superiores nos afirmarem: […] Ora, aquele que delibera sobre uma coisa é sempre livre de fazê-la, ou não. Se soubesse previamente que, como homem [encarnado], teria que cometer um crime, o Espírito estaria a isso predestinado. Ficai, porém, sabendo que ninguém há predestinado ao crime e que todo crime, como qualquer outro ato, resulta sempre da vontade e do livre-arbítrio.
Em suma, a fatalidade que parece presidir aos destinos, é resultante de escolhas estipuladas no nosso planejamento reencarnatório e do nosso livre-arbítrio nas ações cotidianas. Dessa forma, atentos à orientação que um dos Espíritos da Codificação nos dá: Tu mesmo escolheste a tua prova. Quanto mais rude ela for e melhor a suportares, tanto mais te elevarás. Os que passam a vida na abundância e na ventura humana são Espíritos pusilânimes, que permanecem estacionários. Assim, o número dos desafortunados é muito superior ao dos felizes deste mundo, atento que os Espíritos, na sua maioria, procuram as provas que lhes sejam mais proveitosas. […] Acresce que a mais ditosa existência é sempre agitada, sempre perturbada, quando mais não seja, pela ausência da dor.
2.6 Obsidiados, fascinados e subjugados
Kardec, em “O Livro dos Espíritos” e “O Livro dos Médiuns”, trata das obsessões, das fascinações e das subjugações, trazendo informações importantes.
Possessão
Kardec afirma que possessão seria sinônimo de subjugação, porquanto outrora o nome de possessão era o império exercido por maus Espíritos, quando a influência deles ia até à aberração das faculdades da vítima.
Por dois motivos Kardec não adotou esse termo: primeiro, porque implica a crença de seres criados para o mal e perpetuamente votados ao mal, enquanto que não há senão seres mais ou menos imperfeitos, os quais todos podem melhorar-se; segundo, porque implica igualmente a ideia do apoderamento de um corpo por um Espírito estranho, de uma espécie de coabitação, ao passo que o que há é apenas constrangimento.
A palavra subjugação exprime perfeitamente a ideia. Para Kardec, não há possessos, no sentido vulgar do termo, há somente obsidiados, subjugados e fascinados.
Um Espírito não pode tomar temporariamente o invólucro corporal de uma pessoa viva, isto é, introduzir-se num corpo animado e obrar em lugar do outro que se acha encarnado neste corpo.
O Espírito não entra em um corpo. Identifica-se com um Espírito encarnado, cujos defeitos e qualidades sejam os mesmos que os seus, a fim de obrar conjuntamente com ele. Mas, o encarnado é sempre quem atua, conforme quer, sobre a matéria de que se acha revestido. Um Espírito não pode substituir-se ao que está encarnado, por isso que este terá que permanecer ligado ao seu corpo até ao termo fixado para sua existência material.
Por outro lado, pode a alma ficar na dependência de outro Espírito, de modo a se achar subjugada ou obsidiada ao ponto de a sua vontade vir a achar-se, de certa maneira, paralisada. Mas, para tanto, é preciso o consentimento daquele que sofre a ação, sem o que não se efetua. Isso ocorre devido à fraqueza do ser, ou por desejá-la.
O termo “possesso” só se deve admitir como exprimindo a dependência absoluta em que uma alma pode achar-se com relação a Espíritos imperfeitos que a subjuguem.
Obsessão
A palavra obsessão é, de certo modo, um termo genérico, pelo qual se designa esta espécie de fenômeno, cujas principais variedades são: a obsessão simples, a fascinação e a subjugação.
A obsessão é a ação persistente ou domínio que alguns Espíritos logram adquirir sobre certas pessoas. É praticada pelos Espíritos inferiores, que procuram dominar.
Apresenta caracteres muito diversos, desde a simples influência moral, sem perceptíveis sinais exteriores, até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais. Para tanto, é preciso distinguir conforme resultem do grau do constrangimento e da natureza dos efeitos que produz.
Um dos caracteres distintivos dos maus Espíritos é a imposição; eles dão ordens e querem ser obedecidos; os bons nunca se impõem; dão conselhos, e, se não são atendidos, retiram-se. Resulta daí que a impressão que em nós produzem os maus Espíritos é sempre penosa, fatigante e muitas vezes desagradável.
Na obsessão simples, ocorre um grau de constrangimento que se limita a perturbar a vontade, emoção e psiquismo do paciente obsidiado. O Espírito inferior incomoda o indivíduo, mas não domina em profundidade seu psiquismo. É ação inoportuna e desagradável, em que um Espírito se agarra à pessoa com tenacidade, causando mal-estar generalizado.
Alguém que tenha o sono perturbado por pesadelos, pode estar sendo vítima de uma obsessão simples. Se, no entanto, os efeitos provocados por esses sonhos ruins permanecem significativa parte do dia incomodando o enfermo, o caso pode ser classificado como uma subjugação moral.
Fascinação
É uma ilusão produzida pela ação direta do Espírito sobre o pensamento, na mente do obsidiado (ideias fixas, imagens hipnotizantes, mágoas, fantasias, etc.). Nessa situação, o obsessor é ardiloso e hipócrita, simulando falsa virtude.
O fascinado não acredita que o estejam enganando: o Espírito tem a arte de lhe inspirar confiança cega, que o impede de ver o embuste e de compreender o absurdo.
Da fascinação, não se acham isentos nem os homens de mais espírito, os mais instruídos e os mais inteligentes sob outros aspectos, o que prova que tal aberração é efeito de uma causa estranha, cuja influência eles sofrem.
Graças à ilusão que dela decorre, o Espírito conduz o indivíduo de quem ele chegou a apoderar-se, como faria com um cego, e pode levá-lo a aceitar as doutrinas mais estranhas, as teorias mais falsas, como se fossem a única expressão da verdade. Ainda mais, pode levá-lo a situações ridículas, comprometedoras e até perigosas.
Compreende-se facilmente toda a diferença que existe entre a obsessão simples e a fascinação; compreende-se também que os Espíritos que produzem esses dois efeitos devem diferir de caráter.
Na primeira, o Espírito que se agarra à pessoa não passa de um importuno pela sua tenacidade e de quem aquela se impacienta por desembaraçar-se.
Na segunda, a coisa é muito diversa. Para chegar a tais fins, preciso é que o Espírito seja destro, ardiloso e profundamente hipócrita, porquanto não pode operar a mudança e fazer-se acolhido, senão por meio da máscara que toma e de um falso aspecto de virtude.
Os grandes termos – caridade, humildade, amor de Deus – lhe servem como que de carta de crédito, porém, através de tudo isso, deixa passar sinais de inferioridade, que só o fascinado é incapaz de perceber. Por isso mesmo, o que o fascinador mais teme são as pessoas que veem claro. Daí o consistir a sua tática, quase sempre, em inspirar ao seu intérprete o afastamento de quem quer que lhe possa abrir os olhos. Por esse meio, evitando toda contradição, fica certo de ter razão sempre.
Subjugação
A subjugação é uma constrição que paralisa a vontade daquele que a sofre e o faz agir a seu mau grado. O paciente fica sob um verdadeiro jugo.
A subjugação pode ser moral ou corporal.
No primeiro caso, o subjugado é constrangido a tomar resoluções muitas vezes absurdas e comprometedoras que, por uma espécie de ilusão, ele julga sensatas: é uma como fascinação.
No segundo caso, o Espírito atua sobre os órgãos materiais e provoca movimentos involuntários.
Vai, às vezes, mais longe a subjugação corporal; pode levar aos mais ridículos atos.
2.7 Obsessor
“Obsessor – Do latim obsessore. Aquele que causa a obsessão; que importuna. O obsessor é uma pessoa como nós.
Não é um ser diferente, que só vive de crueldades, nem um condenado sem remissão pela Justiça Divina. Não é um ser estranho a nós. Pelo contrário. É alguém que privou de nossa convivência, de nossa intimidade, por vezes com estreitos laços afetivos. É alguém, talvez, a quem amamos, outrora.
O obsessor é o irmão, a quem os sofrimentos e desenganos desequilibraram, certamente com a nossa participação.
Os maus Espíritos são aqueles que ainda não foram tocados de arrependimento; que se deleitam no mal e nenhum pesar por isso sentem; que são insensíveis às reprimendas, repelem a prece e muitas vezes blasfemam do nome de Deus.
São essas almas endurecidas que, após a morte, se vingam nos homens dos sofrimentos que suportam, e perseguem com o seu ódio aqueles a quem odiaram durante a vida, quer obsidiando-os, quer exercendo sobre eles qualquer influência funesta.
A figura do obsessor realmente impressiona, pelos prejuízos que a sua aproximação e sintonia podem ocasionar. E disto ele tira partido para mais facilmente assustar e coagir a sua vítima.
Os Espíritos sedutores se esforçam por nos afastar das veredas do bem, sugerindo-nos maus pensamentos. Aproveitam-se de todas as nossas fraquezas, como de outras tantas portas abertas, que lhes facultam acesso à nossa alma. Alguns há que se nos aferram, como a uma presa, mas que se afastam, em se reconhecendo impotentes para lutar contra a nossa vontade.
Contudo, devemos lembrar que os obsessores, não são Espíritos totalmente desprovidos de bons sentimentos, irremediavelmente maus. São, antes de tudo, Espíritos carentes de compreensão, de carinho e amor. São na realidade seres solitários, doentes da alma.
O obsessor é, em última análise, um irmão enfermo e infeliz. Dominado pela ideia fixa (monodeísmo) de vingar-se, esquece-se de tudo o mais e passa a viver em função daquele que é o alvo de seus planos”. (Cecília Rocha. Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita – Programa Complementar – Tomo Único)
2.8 Obsidiado
“A Doutrina Espírita nos informa que, antes de tudo, o obsidiado é vítima de si mesmo; sendo descrito no dicionário como: importunado, atormentado, perseguido.
Segundo Joanna de Ângelis, Prisão interior, ‘‘Cela pessoal’’, onde grande maioria se mantém sem lutar por sua libertação, acomodada aos vícios, cristalizada nos erros.
Obsidiados! Cada um deles traz consigo um infinito de problemas que não sabe precisar.
O obsidiado é o algoz de ontem e que agora se apresenta como vítima. Ou então é o comparsa de crimes, que o cúmplice das sombras não quer perder, tudo fazendo por cerceá-lo em sua trajetória.
As provações que o afligem representam oportunidade de reajuste, alertando-o para a necessidade de se moralizar, porquanto, sentindo-se açulado pelo verdugo espiritual, mais depressa se conscientizará da grandiosa tarefa a ser realizada: transformar o ódio em amor, a vingança em perdão, e humilhar-se, para também ser perdoado.
O Evangelho nos traz inúmeros exemplos de obsidiados, como os seguintes, citados por Emmanuel.
Relata Mateus que os obsidiados gerasenos chegavam a ser ferozes; refere-se Marcos ao obsidiado de Cafarnaum, de quem desventurado obsessor se retira clamando contra o Senhor em grandes vozes; narra Lucas o episódio em que Jesus realizara a cura de um jovem lunático, do qual se afasta o perseguidor invisível, logo após arrojar o doente ao chão, em convulsões epileptóides; e reporta-se João a israelitas positivamente obsidiados, que apedrejam o Cristo, sem motivo, na chamada Festa da Dedicação.
Entre os que lhe comungam a estrada, surgem obsessões e psicoses diversas. Maria de Magdala, que se faria a mensageira da ressurreição, fora vítima de entidades perversas. Pedro sofria de obsessão periódica. Judas era enceguecido em obsessão fulminante. Caifás mostrava-se paranoico. Pilatos tinha crises de medo. No dia da crucificação, vemos o Senhor rodeado por obsessões de todos os tipos, a ponto de ser considerado, pela multidão, inferior a Barrabás, malfeitor e obsesso vulgar. E, por último, como se quisesse deliberadamente legar-nos preciosa lição de caridade para com os alienados mentais, declarados ou não, que enxameiam no mundo, o Divino Amigo prefere partir da Terra na intimidade de dois ladrões, que a Ciência de hoje classificaria por cleptomaníacos pertinazes”. (Cecília Rocha. Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita – Programa Complementar – Tomo Único)
2.9 Causas da obsessão
“Esclarece ainda o mestre lionês: (…) ‘a obsessão decorre sempre de uma imperfeição moral, que dá ascendência a um Espírito mau’. (…) ‘Quase sempre a obsessão exprime vingança tomada por um Espírito e cuja origem frequentemente se encontra nas relações que o obsidiado manteve com o obsessor, em precedente existência’. Obsessão – cobrança que bate às portas da alma – é um processo bilateral. Faz-se presente porque existe de um lado o cobrador, sequioso de vingança, sentindo-se ferido e injustiçado, e de outro o devedor, trazendo impresso no seu perispírito as matrizes da culpa, do remorso ou do ódio que não se extinguiu. A obsessão, tanto vista do ângulo do obsidiado quanto do prisma do obsessor, somente ocorre porque os seres humanos ainda carregam em suas almas mais elevada taxa de sombras que de luz. Enquanto isso ocorrer, haverá obsessores e obsidiados: o domínio negativo de quem é mentalmente mais forte, sobre o mais fraco; do credor sobre o devedor. E haverá algozes e vítimas. (Suely Caldas Schubert. Obsessões / Desobsessões: profilaxia e terapêutica espíritas, pg. 32)
“O obsidiado é o algoz de ontem e que agora se apresenta como vítima. Ou então é o comparsa de crimes, que o cúmplice das sombras não quer perder, tudo fazendo por cerceá-lo em sua trajetória.
As provações que o afligem representam oportunidade de reajuste, alertando-o para a necessidade de se moralizar, porquanto, sentindo-se açulado pelo verdugo espiritual, mais depressa se conscientizará da grandiosa tarefa a ser realizada: transformar o ódio em amor, a vingança em perdão, e humilhar-se, para também ser perdoado. Voltando-se para o bem, conquistando valores morais, terá possibilidades de ir-se equilibrando, passando a emitir novas vibrações – e atraindo outras de igual teor – que lhe trarão saúde e paz. A sua transformação moral, a vivência no bem e o cultivo dos reais valores da vida verdadeira irão aos poucos anulando os condicionamentos para a dor, enquanto favorecerão a sua própria harmonização interior, que é, sem dúvida, fator de melhor saúde física”. (Suely Caldas Schubert. Obsessões / Desobsessões: profilaxia e terapêutica espíritas, pg. 81)
“As causas da obsessão variam, de acordo com o caráter do Espírito. É, às vezes, uma vingança que este toma de um indivíduo de quem guarda queixas do tempo de outra existência. Muitas vezes, também, não há mais do que desejo de fazer mal: o Espírito, como sofre, entende de fazer que os outros sofram; encontra uma espécie de gozo em os atormentar, em os vexar, e a impaciência que por isso a vítima demonstra mais o exacerba, porque esse é o objetivo que colima, ao passo que a paciência o leva a cansar-se.
E prossegue: ‘há Espíritos obsessores sem maldade, que alguma coisa mesma denotam de bom, mas dominados pelo orgulho do falso saber’.
Obsidiados, sempre os houve em todas as épocas da Humanidade”. (Nos bastidores da obsessão, Espírito Manoel Philomeno de Miranda, pg. 24 à pg. 25)
“Os altos índices da criminalidade de todos os matizes e as calamidades sociais espalhadas na Terra são, todavia, alguns dos fatores predisponentes e preponderantes para as obsessões…
Os crimes ocultos, os desastres da emoção, os abusos de toda ordem de uma vida ressurgem depois, noutra vida, em caráter coercitivo, obsessivo. É o que hoje ocorre como consequência do passado”. (Nos bastidores da obsessão, Espírito Manoel Philomeno de Miranda, pg. 11)
Todavia, não apenas o ódio como se poderia pensar é o fator causal das Obsessões e nem somente na Terra se manifestam os tormentos obsessivos… Além da sepultura, nas regiões pungentes e aflitivas de reajustamentos imperiosos e despertamentos inadiáveis das consciências, defrontam-se muitos verdugos e vítimas, começando ou dando prosseguimento aos nefandos banquetes de subjugação psíquica, em luta intérmina de extermínio impossível…
Obsessores há milenarmente vinculados ao crime, em estruturas de desespero invulgar, em que se demoram voluntariamente, envergando indumentárias de perseguidores de outros obsessores menos poderosos mentalmente que, perseguindo, são também escravos daqueles que se nutrem às suas expensas, imanados por forças vigorosas e cruéis…
Na Terra, igualmente, é muito grande o número de encarnados que se convertem, por irresponsabilidade e invigilância, em obsessores de outros encarnados, estabelecendo um consórcio de difícil erradicação e prolongada duração, quase sempre em forma de vampirismo inconsciente e pertinaz. São criaturas atormentadas, feridas nos seus anseios, invariavelmente inferiores que, fixando aqueles que elegem gratuitamente como desafetos, os perseguem em corpo astral, através dos processos de desdobramento inconsciente, prendendo, muitas vezes, nas malhas bem urdidas da sua rede de idiossincrasia, esses desassisados morais, que, então, se transformam em vítimas portadoras de enfermidades complicadas e de origem clínica ignorada…
Outros, ainda, afervorados a esta ou àquela iniquidade, fixam-se, mentalmente, a desencarnados que efetivamente se identificam e fazem-se obsessores destes, amargurando-os e retendo-os às lembranças da vida física, em lamentável comunhão espiritual degradante…
Além dessas formas diversificadas de obsessão, outras há, inconscientes ou não, entre as quais, aquelas produzidas em nome do amor tiranizante aos que se demoram nos invólucros carnais, atormentados por aqueles que partiram em estado doloroso de perturbação e egocentrismo… ou entre encarnados que mantém conúbio mental infeliz e demorado… (Nos bastidores da obsessão, Espírito Manoel Philomeno de Miranda, pg. 28 à pg. 29)
“Quando, você escutar nos recessos da mente uma ideia torturante que teima por se fixar, interrompendo o curso dos pensamentos; quando constate, imperiosa, atuante força psíquica interferindo nos processos mentais; quando verifique a vontade sendo dominada por outra vontade que parece dominar; quando experimente inquietação crescente, na intimidade mental, sem motivos reais; quando sinta o impacto do desalinho espiritual em franco desenvolvimento, acautele-se, porque você se encontra em processo imperioso e ultriz de obsessão pertinaz.
Transmissão mental de cérebro a cérebro, a obsessão é síndrome alarmante que denuncia enfermidade grave de erradicação difícil.
A princípio se manifesta como inspiração sutil, depois intempestivamente, para com o tempo fazer-se interferência da mente obsessora na mente encarnada, com vigor que alcança o clímax na possessão lamentável.
Ideia negativa que se fixa, campo mental que se enfraquece, dando ensejo a ideias negativas que virão.
Da mesma forma que as enfermidades orgânicas se manifestam onde há carência, o campo obsessivo se desloca da mente para o departamento somático onde as imperfeições morais do pretérito deixaram marcas profundas no perispírito”. (Nos bastidores da obsessão, Espírito Manoel Philomeno de Miranda, pg. 32 à pg. 33)
2.10 Meios para enfrentar a obsessão
“Os meios de se combater a obsessão – esclarece o eminente seareiro – variam de acordo com o caráter que ela reveste. E elucida: ‘as imperfeições morais do obsidiado constituem, frequentemente, um obstáculo à sua libertação’.
(…)
Com origem nos refolhos do Espírito encarnado, obsessões há em escala infinita e, consequentemente, obsidiados existem em infinita variedade, sendo a etiopatogenia de tais desequilíbrios, genericamente denominada distúrbios mentais, mais ampla do que a clássica apresentada, merecendo destaque aquela denominação causa cármica”. (Nos bastidores da obsessão, Espírito Manoel Philomeno de Miranda, pg. 27)
“A obsessão, sob qualquer modalidade que se apresente, é enfermidade de longo curso, exigindo terapia especializada de segura aplicação e de resultados que não se fazem sentir apressadamente.
Os tratamentos da obsessão, por conseguinte, são complexos, impondo alta dose de renúncia e abnegação àqueles que se oferecem e se dedicam a tal mister”. (Nos bastidores da obsessão, Espírito Manoel Philomeno de Miranda, pg. 29)
“Nem sempre, porém, os resultados são imediatos. Para a maioria dos Espíritos, o tempo, conforme se conta na Terra, tem pouca significação. Demoram-se, obstinados, com tenacidade incomparável nos propósitos a que se entregam, anos a fio, sem que algo de positivo se consiga fazer, prosseguindo a tarefa insana, em muitos casos, até mesmo depois da morte… Isto porque do paciente depende a maioria dos resultados nos tratamentos da obsessão. Iniciado o programa de recuperação, deve este esforçar-se de imediato para a modificação radical do comportamento, exercitando-se na prática das virtudes cristãs, e, principalmente, moralizando-se. A moralização do enfermo deve ter caráter prioritário, considerando-se que, através de uma renovação íntima bem encetada, ele demonstra para o seu desafeto a eficiência das diretrizes que lhe oferecem como normativa de felicidade.
Merece considerar, neste particular, que o desgaste orgânico e psíquico do médium enfermo, mesmo depois do afastamento do Espírito malévolo, ocasiona um refazimento mais demorado, sendo necessária, às vezes, compreensivelmente, assistência médica prolongada.
Diante dos esforços que se conjugam entre o assistente e o assistido, os Espíritos Superiores interessados no progresso da Humanidade oferecem, também, valiosos recursos que constituem elementos salutares e preciosos.
Sem tal amparo, toda incursão que se intente no ministério da desobsessão será improfícua, senão perigosa, pelos resultados negativos que apresenta.
Um espírito lidador, devidamente preparado para as experiências de socorro aos obsidiados, é dínamo potente que gera energia eletromagnética, que, aplicada mediante os passes, produz distonias e desajustes emocionais no hóspede indesejável, afastando-o de momento e facultando, assim, ao hospedeiro a libertação mental necessária para assepsiar-se moralmente, reeducando a vontade, meditando em oração, num verdadeiro programa evangélico bem disciplinado que, segura e lentamente, edifica uma cidadela moral de defesa em volta dele mesmo”. (Nos bastidores da obsessão, Espírito Manoel Philomeno de Miranda, pg. 30 à pg. 32)
“Reencontrando-se, porém, sob o impositivo da Lei inexorável da Divina Justiça, que estabelece esteja o verdugo jugulado à vítima, pouco importando o tempo e a indumentária que os distancia ou caracteriza, tem início o comércio mental, às vezes aos primeiros dias da concepção fetal, para crescer em comunhão acérrima no dia-a-dia da caminhada carnal, quando não precede à própria concepção…
Simples, de fascinação e de subjugação, consoante a classificação do Codificador do Espiritismo, é sempre de difícil extirpação, porquanto o obsidiado, em si mesmo, é um enfermo do espírito.
Vivendo a inquietação íntima que, lenta e seguramente, o desarvora, procede, de início, na vida em comum, como se se encontrasse equilibrado, para, nos instantes de soledade, deixar-se arrastar a estados anômalos sob as fortes tenazes do perseguidor desencarnado.
Ouvindo a mensagem em caráter telepático transmitida pela mente livre, começa por aceder ao apelo que lhe chega, transformando-se, por fim, em diálogos nos quais se deixa vencer pela pertinácia do tenaz vingador.
Justapondo-se sutilmente cérebro a cérebro, mente a mente, vontade dominante sobre vontade que se deixa dominar, órgão a órgão, através do perispírito pelo qual se identifica com o encarnado, a cada cessão feita pelo hospedeiro, mais coercitiva se faz a presença do hóspede, que se transforma em parasita insidioso, estabelecendo, depois, e muitas vezes em definitivo enquanto na luta carnal, a simbiose esdrúxula, em que o poder da fixação da vontade dominadora consegue extinguir a lucidez do dominado, que se deixa apagar…
Em toda obsessão, mesmo nos casos mais simples, o encarnado conduz em si mesmo os fatores predisponentes e preponderantes – os débitos morais a resgatar – que facultam a alienação.
Descuidado quase sempre dos valores morais e espirituais – defesas respeitáveis que constroem na alma um baluarte de difícil transposição –, o candidato ao processo obsessivo é irritável, quando não nostálgico, ensejando pelo caráter impressionável o intercâmbio, que também pode começar nos instantes de parcial desprendimento pelo sono, quando, então, encontrando o desafeto ou a sua vítima dantanho, sente o espicaçar do remorso ou o remorder da cólera, abrindo as comportas do pensamento aos comunicados que logo advirão, sem que se possa prever quando terminará a obsessão, que pode alongar-se até mesmo depois da morte…
Estabelecido o contato mental em que o encarnado registra a interferência do pensamento invasor, soa o sinal alarmante da obsessão em pleno desenvolvimento”… (Nos bastidores da obsessão, Espírito Manoel Philomeno de Miranda, pg. 36 à pg. 37)
A seguir, alguns aspectos para reflexão:
– Reforma íntima moral
“(…) É, pois, indispensável que o obsidiado faça, por sua parte, o que se torne necessário para destruir em si mesmo a causa da atração dos maus Espíritos. Allan Kardec (O Livro dos Espíritos, Questão 479) (pg. 127)
Obsessão e desobsessão: escravização e libertação do pensamento. (pg. 131)
Pensamentos viciados. Mente subjugada à escravidão das paixões. Caminhos que escolhemos por vontade própria. (pg. 133)
Dos tormentosos processos obsessivos, o homem só se liberará quando entender o quanto é responsável pelo próprio tormento e pelos que infligiu aos que hoje lhe batem às portas do coração, roubando a paz que julgava merecer. (pg. 134)
Somos responsáveis pela qualidade dos nossos pensamentos. Não nos bastam frenar atitudes menos dignas e permitir que nas asas do pensamento elas se realizem. Não nos é suficiente disciplinar o nosso comportamento e trazer no íntimo o pensamento conturbado, ansiando pelas realizações que a consciência censurou.
Cabe-nos disciplinar as emoções e os pensamentos que defluem delas. Mas essa disciplina deve ser fruto da compreensão. Da certeza do que é realmente melhor. É preciso querer gostar de atuar no bem e consequentemente de pensar no bem e pensar bem. (pg. 135)
Pelo pensamento desceremos aos abismos ou chegaremos às estrelas. Pelo pensamento nós nos tornamos escravos ou nos libertamos.
A obsessão é, pois, o pensamento a transitar e a sintonizar nas faixas inferiores.
Desobsessão, ao invés, é a mudança de direção do pensamento para rumos nobres e construtivos. É a mudança do padrão vibratório, sob o influxo da mente, que optou pela frequência mais elevada. (pg. 136)
Essa mudança é uma questão de escolha. De seleção.
E só se chega a tal estado, a uma transformação dessa espécie, acionando-se uma das maiores potencialidades que existe no ser humano: a Vontade”. (pg. 137)(Suely Caldas Schubert, Obsessão/Desobsessão)
Assim, qualquer mudança é uma questão de escolha e de vontade.
O problema da obsessão, sob qualquer aspecto considerado, é também problema do próprio obsidiado.
As imperfeições morais do obsidiado constituem, frequentemente, um obstáculo à sua libertação. Se conseguirem melhorar-se, seus anjos guardiães se aproximarão e a simples presença deles bastará para afastar o mau Espírito ou maus pensamentos. As imperfeições morais dão azo à ação dos Espíritos obsessores e que o mais seguro meio de a pessoa se livrar deles é atrair os bons pela prática do bem.
“Não se trata de proteção, mas de esforço próprio. O obsidiado, além de enfermo, representante de outros enfermos, quase sempre é também uma criatura repleta de torturantes problemas espirituais. Se lhe falta vontade firme para a auto-educação, para a disciplina de si mesma, é quase certo que prolongará sua condição dolorosa além da morte”. (…)
“Apenas o doente convertido voluntariamente em médico de si mesmo atinge a cura positiva. No doloroso quadro das obsessões, o princípio é análogo.
Se a vítima capitula sem condições, ante o adversário, entrega-se-lhe totalmente e torna-se possessa, após transformar-se em autômato à mercê do perseguidor.
Se possui vontade frágil e indecisa, habitua-se com a persistente atuação dos verdugos e vicia-se no círculo de irregularidades de muito difícil corrigenda, porquanto se converte, aos poucos, em polos de vigorosa atração mental aos próprios algozes.
Em tais casos, nossas atividades de assistência estão quase circunscritas a meros trabalhos de socorro, objetivando resultados longínquos. Quando encontramos, porém, o enfermo interessado na própria cura, valendo-se de nossos recursos para aplicá-los à edificação interna, então podemos prever triunfos imediatos”. (Cecília Rocha. Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita – Programa Complementar – Tomo Único)
– Ação própria repelindo os maus pensamentos sugeridos
Sempre é possível, a quem quer que seja, subtrair-se a um jugo dos maus Espíritos e libertar-se da dominação deles, desde que demonstre vontade firme para isso.
Paulo de Tarso, no fim de sua jornada na Terra, disse: “combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé”. Em nosso dia a dia, na luta interna do bem contra o mal, significa também combater os maus pensamentos com bons pensamentos e manter a fé.
Como já comentado, quando você escutar uma ideia torturante que teima por se fixar, interrompendo o curso dos pensamentos, ou uma imperiosa atuante força psíquica interferindo nos seus processos mentais, ou verifique a vontade sendo dominada por outra vontade que parece dominar, ou experimente inquietação crescente, na intimidade mental, sem motivos reais, ou sinta o impacto do desalinho espiritual em franco desenvolvimento, acautele-se e reaja, pois pode se encontrar em um processo de obsessão.
Para distinguir os nossos pensamentos dos que são sugeridos, Kardec explica que, quando um pensamento nos é sugerido, temos a impressão de que alguém nos fala. Geralmente, os pensamentos próprios são os que acodem em primeiro lugar.
Para distinguirmos se um pensamento sugerido procede de um bom Espírito ou de um Espírito mau, temos que estudar o caso. Os bons Espíritos só para o bem aconselham. Cabe a nós discernir.
Há pessoas a quem agrada uma dependência que lhes lisonjeia os gostos e os desejos. Qualquer, porém, que seja o caso, aquele que não tiver puro o coração nenhuma influência exercerá. Os bons Espíritos não lhe atendem ao chamado e os maus não o temem.
Em termos de jugo, Jesus apresenta a sua condição para a assistência e para a felicidade que promete aos aflitos. Essa condição é a da própria lei que ele ensina: seu jugo é a observação dessa lei. O jugo de Jesus é suave e o fardo leve. A lei nos impõe como dever o amor e a caridade.
– Oração, vigilância e jejum moral
A prece é em tudo um poderoso auxílio, meio eficiente para a cura da obsessão. Não basta que alguém murmure algumas palavras, para que obtenha o que deseja. Deus assiste os que obram, não os que se limitam a pedir. É indispensável que o obsidiado faça, por sua parte, o que se torne necessário para destruir em si mesmo a causa da atração dos maus Espíritos.
“Nesse particular, a prece, igualmente, conforme preconiza Allan Kardec, é o mais poderoso meio de que se dispõe para demover de seus propósitos maléficos o obsessor”. (Nos bastidores da obsessão, Espírito Manoel Philomeno de Miranda, pg. 39)
“Por isso o Mestre, diante de determinados perseguidores desencarnados, afirmou: ‘contra esta casta de Espíritos só a oração e o jejum’, e, após atender às aflições de cada atormentado que O buscava, prescrevia, invariável e incisivo: “não voltes a pecar para que algo pior não te aconteça”. (Nos bastidores da obsessão, Espírito Manoel Philomeno de Miranda, pg. 32)
“Por essa razão, a Doutrina Espírita, em convocando o homem ao amor e ao estudo, prescreve como norma de conduta o Evangelho vivo e atuante – nobre Tratado de Higiene Mental – através de cujas lições haure o espírito vitalidade e renovação, firmeza e dignidade, ensinando a oração que enseja comunhão com Deus, prescrevendo jejum, ao crime e continência em relação ao erro, num vade-mecum salvador para uma existência sadia na Terra, com as vistas voltadas para uma vida espiritual perfeita”. (Nos bastidores da obsessão, Espírito Manoel Philomeno de Miranda, pg. 35)
“Nesse sentido, a exortação de Allan Kardec em torno do trabalho é de uma eficácia incomum, porque o trabalho edificante é mecanismo de oração transcendental e a mente que trabalha situa-se na defensiva”. (Nos bastidores da obsessão, Espírito Manoel Philomeno de Miranda, pg. 42)
“Assim sendo, a tríade recomendada pelo Egrégio Codificador reflete a ação, a oração e a vigilância preconizadas por Jesus – processos edificantes de saúde espiritual e ponte que alça o viandante sofredor da Terra ao planalto redentor das Esferas Espirituais, livre de toda a constrição e angústia”. (Nos bastidores da obsessão, Espírito Manoel Philomeno de Miranda,pg. 43)
“Para que você atinja a plenitude da harmonia íntima, cultive a oração com carinho e o devotamento com que a mãe atende ao sagrado dever de amamentar o filho.
A prece é uma lâmpada acesa no coração, clareando os escaninhos da alma.
Encarcerado na indumentária carnal, o espírito tem necessidade de comunhão com Deus através da prece, tanto quanto o corpo necessita de ar puro para prosseguir na jornada.
Muitos cristãos modernos, todavia, descurando do serviço da prece, justificam a negligência com aparente cansaço, como se a oração não se constituísse igualmente em repouso e refazimento, oferecendo clima de paz e ensejo de renovação interior”. (Nos bastidores da obsessão, Espírito Manoel Philomeno de Miranda, pg. 43 à pg. 44)
“Não desconhecíamos que em todo processo de desobsessão, se a vigilância, a oração e o jejum moral são condições essenciais, o otimismo e o bom-humor não podem ser relegados para trás. Tristeza é nuvem nos olhos da saúde e irritabilidade é tóxico nos tecidos da paz”… (Nos bastidores da obsessão, pg. 257)
– Obsessores e obsidiados são filhos de Deus
Obsessores e obsidiados são filhos do mesmo Pai e a lei é uma só para todos, sendo que todos são atingidos pela justiça, pela misericórdia e pela bondade de Deus.
Nesse sentido, importante destacar uma passagem do livro “Boa Nova”, do Espírito Humberto de Campos: “Senhor, os Espíritos do mal são também nossos irmãos? Inquiriu, admirado, o Apóstolo. Toda a criação é de Deus. Os que vestem a túnica do mal envergarão um dia a da redenção pelo bem. Acaso, poderias duvidar disso? O discípulo do Evangelho não combate propriamente o seu irmão, como Deus nunca entra em luta com seus filhos”. (Boa Nova; Espírito Humberto de Campos; psicografado por Chico Xavier; pg. 49)
Assim, todos os Espíritos tendem para a perfeição e Deus lhes faculta os meios de alcançá-la, proporcionando-lhes as provações da vida corporal. Sua justiça, porém, lhes concede realizar, em novas existências, o que não puderam fazer ou concluir numa primeira prova.
– Cansar a influência do Espírito mau
Cansar-lhe a paciência, mostrando-se mais paciente que ele. Desde que se convença de que está a perder o tempo, retirar-se-á, como fazem os importunos a quem não se dá ouvidos. Isto, porém, pode levar muito tempo.
– Evocar bons Espíritos
Os bons Espíritos simpatizam-se com os homens de bem, ou suscetíveis de se melhorarem. Os Espíritos inferiores com os homens viciosos, ou que podem tornar-se tais. Daí suas afeições, como consequência da conformidade dos sentimentos.
Os bons Espíritos fazem todo o bem que lhes é possível e se sentem ditosos com as nossas alegrias. Afligem-se com os nossos males, quando os não suportamos com resignação, porque nenhum benefício então tiraremos deles, assemelhando-nos, em tais casos, ao doente que rejeita a beberagem amarga que o há de curar.
Logo, dirigir apelo fervoroso ao seu anjo bom, assim como aos bons Espíritos que lhe são simpáticos, pedindo-lhes que o assistam.
Os bons Espíritos têm mais poder do que os maus, e a vontade deles basta para afastar estes últimos; eles, porém, só assistem os que os secundam pelos esforços que fazem por melhorar-se, sem o que se afastam e deixam o campo livre aos maus, que se tornam assim, em certos casos, instrumentos de punição, visto que os bons permitem que ajam para esse fim.
Sendo um homem de bem, a sua vontade poderá ter eficácia, desde que apele para o concurso dos bons Espíritos, porque, quanto mais digna for a pessoa, tanto maior poder terá sobre os Espíritos imperfeitos, para afastá-los, e sobre os bons, para os atrair. Todavia, nada poderá, se o que estiver subjugado não lhe prestar o seu concurso.
– Orar pelos Espíritos obsessores
Tratar o Espírito obsessor, por mau que seja, com severidade, mas com benevolência e vencê-lo pelos bons processos, orando por ele.
Se for realmente perverso, a princípio zombará desses meios; porém, moralizado com perseverança, acabará por emendar-se e será reconduzido ao bom caminho de uma alma perdida.
Ao orar, suplicar a Deus misericórdia para o Espírito obsessor.
Fazer com que ele perceba as divinas claridades, a fim de que reconheça a falsidade do caminho que está seguindo.
Evocar os bons Espíritos para ajudar a fazê-lo compreender que ele tem tudo a perder na prática do mal, e tudo a ganhar na prática do bem.
Pedir ao Espírito que atormenta ouvir em nome de Deus e compreender que o mal não pode levar ao bem, e que não pode ser mais forte do que Deus e os Bons Espíritos, o quais poderão por fim à obsessão, quando quiserem.
Lembrar que, enquanto é tempo, a justiça de Deus pesará, como sobre todos os outros Espíritos rebeldes. Lembrar que o mal que faz, neste momento, terá forçosamente um fim, enquanto que, se persistir no endurecimento, os sofrimentos aumentarão sem cessar.
Implorar a Deus o seu auxílio, e fazer o bem em vez de fazer o mal.
– Buscar ajuda de terceiros (médiuns curadores) em Centro Espírita
“Nos casos de obsessão grave, o obsidiado fica como que envolto e impregnado de um fluido pernicioso, que neutraliza a ação dos fluidos salutares e os repele. É daquele fluido que importa desembaraçá-lo. Ora, um fluido mau não pode ser eliminado por outro igualmente mau.
Por meio de ação idêntica à do médium curador, nos casos de enfermidade, preciso se faz expelir um fluido mau com o auxílio de um fluido melhor.
Nem sempre, porém, basta esta ação mecânica; cumpre, sobretudo, atuar sobre o ser inteligente, ao qual é preciso se possua o direito de falar com autoridade, que, entretanto, falece a quem não tenha superioridade moral. Quanto maior esta for, tanto maior também será aquela.
Mas, ainda não é tudo: para assegurar a libertação da vítima, indispensável se torna que o Espírito perverso seja levado a renunciar aos seus maus desígnios; que se faça que o arrependimento desponte nele, assim como o desejo do bem, por meio de instruções habilmente ministradas, em evocações particularmente feitas com o objetivo de dar-lhe educação moral.
O trabalho se torna mais fácil quando o obsidiado, compreendendo a sua situação, para ele concorre com a vontade e a prece.
Outro tanto não sucede quando, seduzido pelo Espírito que o domina, se ilude com relação às qualidades deste último e se compraz no erro a que é conduzido, porque, então, longe de a secundar, o obsidiado repele toda assistência. É o caso da fascinação, infinitamente mais rebelde sempre, do que a mais violenta subjugação.
Em todos os casos de obsessão, a prece é o mais poderoso meio de que se dispõe para demover de seus propósitos maléficos o obsessor.
Socorrer-se a intervenção de terceiro, que atue, ou pelo magnetismo, ou pelo império da sua vontade.
Em falta do concurso do obsidiado, essa terceira pessoa deve tomar ascendente sobre o Espírito. Este ascendente só pode ser moral, só a um ser moralmente superior ao Espírito é dado assumi-lo e seu poder será tanto maior, quanto maior for a sua superioridade moral, porque, então, se impõe àquele, que se vê forçado a inclinar-se diante dele.
A ação magnética de um bom magnetizador lhe pode ser de grande proveito. Contudo, é sempre conveniente procurar por um médium de confiança, os conselhos de um Espírito superior, ou do anjo guardião”. (Cecília Rocha. Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita – Programa Complementar – Tomo Único)
– Praticar o perdão, a caridade e a indulgência com as faltas alheias
“Então Pedro se aproximou Dele e disse: Senhor, quantas vezes devo perdoar a meu irmão, quando ele pecar contra mim? Até sete vezes? Respondeu Jesus: não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete”. (Mateus 18: 21-22)
Ajuda-nos, assim, a esquecer todo o mal, cultivando a árvore generosa do perdão, como base para a edificação da felicidade.
Para os que encontraram na vingança a única razão de existir, a simples ideia do perdão é qual raio fulminante, que carboniza.
O perdão que se doa é semente de misericórdia que lançamos na direção do futuro, a benefício próprio. Não recalcitre. Não adie a oportunidade da renovação.
A vida a todos nos aguarda com a ação benigna ou severa com que nos conduzirmos em relação ao nosso próximo. Verdadeiramente infeliz é aquele que não perdoa, não olvida o mal, não oferece oportunidade de redenção.
Todo perseguido resgata e se liberta, enquanto o verdugo se amarra à dívida e se deixa arrastar aos vigorosos potros do sofrimento, vencido, mais tarde, pelos vírus que alimentar nos escaninhos da mente atormentada.
Os que perdoam e ajudam conseguem ainda maior galardão, porque amparam os maus e os vencem com a luz da misericórdia.
No entanto, aqueles que conservam as mágoas intoxicam-se, envenenam-se, dando causa a graves enfermidades que se desatrelam rigorosas, transformando-se em suplícios demorados, cujos responsáveis, no entanto, são os que cultivam os pensamentos inditosos e se comprazem na semeação da ira e do ódio, absorvendo as próprias emanações tóxicas da mente desalinhada.
E os que revidam mal por mal, agressão por agressão, estes já se encontram descambando na direção do abismo, em posição quase irreversível.
Só o perdão irrestrito e total consegue a suprema coroa da paz.
3. Conclusão
Pelo apresentado em nosso tema, recordamos que a obsessão é o domínio que alguns Espíritos logram adquirir sobre certas pessoas, sendo que nunca é praticada senão pelos Espíritos inferiores, que procuram dominar.
Essa enfermidade resulta das imperfeições físicas que tornam o corpo acessível às perniciosas influências exteriores, pois a obsessão decorre sempre de uma imperfeição moral, que dá ascendência a um Espírito mau.
Vimos que a obsessão apresenta caracteres diversos, necessitando distingui-los por aquilo que resulta do grau do constrangimento e da natureza dos efeitos que produz.
O termo obsessão é, de certo modo, genérico, pelo qual se designa esta espécie de fenômeno, cujas principais variedades são: a obsessão simples, a fascinação e a subjugação.
Quando um Espírito, bom ou mau, quer atuar sobre um indivíduo, envolve-o, por assim dizer, no seu perispírito, como se fora um manto. Interpenetrando-se os fluidos, os pensamentos e as vontades dos dois se confundem e o Espírito, então, se serve do corpo do indivíduo, como se fosse seu, fazendo-o agir à sua vontade, falar, escrever, desenhar, quais os médiuns.
Fá-lo pensar, falar, agir em seu lugar, impele-o, a seu mau grado, a atos extravagantes ou ridículos; magnetiza-o, em suma, lança-o num estado de catalepsia moral e o indivíduo se torna um instrumento da sua vontade. Tal a origem da obsessão, da fascinação e da subjugação.
A prevenção da obsessão consiste na prática do bem, da caridade, do perdão, da indulgência e na confiança em Deus.
Guardai-vos de atender às sugestões dos Espíritos que nos suscitam maus pensamentos, que sopram a discórdia entre nós e que nos insuflam as paixões más.
Desconfiemos especialmente dos que nos exaltam o orgulho, pois que esses nos assaltam pelo lado fraco. Essa a razão por que Jesus, na oração dominical, nos ensinou a dizer: “Senhor! Não nos deixeis cair em tentação, mas livra-nos do mal”.
Para assegurar a libertação da vítima, indispensável se torna que o Espírito perverso seja levado a renunciar aos seus maus desígnios, fazendo que o arrependimento desponte nele, assim como o desejo do bem, por meio de instruções habilmente ministradas, em evocações particularmente feitas com o objetivo de dar-lhe educação moral.
O trabalho se torna mais fácil quando o obsidiado, compreendendo a sua situação, para ele concorre com a vontade e a prece. Outro tanto não sucede quando, seduzido pelo Espírito que o domina, se ilude com relação às qualidades deste último e se compraz no erro a que é conduzido, porque, então, longe de a secundar, o obsidiado repele toda assistência. É o caso da fascinação, infinitamente mais rebelde sempre, do que a mais violenta subjugação.
Em todos os casos de obsessão, a prece é o mais poderoso meio de que se dispõe para demover de seus propósitos maléficos o obsessor.
Bibliografia:
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