Essa reflexão fará uma correlação entre a reunião mediúnica séria e a vigilância dos trabalhadores espíritas no combate às próprias imperfeições morais para afastar o assédio de forças inferiores nos campos de serviço íntimo e coletivo.
Allan Kardec, em “O Livro dos Médiuns”, no Capítulo XXIX, no item 327, esclarece: “Uma reunião só é verdadeiramente séria, quando cogita de coisas úteis, com exclusão de todas as demais. Se os que a formam aspiram a obter fenômenos extraordinários, por mera curiosidade, ou passatempo, talvez compareçam Espíritos que os produzam, mas os outros daí se afastarão. Numa palavra, qualquer que seja o caráter de uma reunião, haverá sempre Espíritos dispostos a secundar as tendências dos que a componham”.
No mesmo livro, no Capítulo XXI, no item 231, Kardec pergunta: “3ª Os Espíritos superiores procuram encaminhar para uma corrente de ideias sérias as reuniões fúteis?” A resposta é: “Os Espíritos superiores não vão às reuniões nas quais sabem que a presença deles é inútil. Nos meios pouco instruídos, mas onde há sinceridade, de boa mente vamos, ainda mesmo que aí só instrumentos medíocres encontremos. Não vamos, porém, aos meios instruídos onde domina a ironia. Em tais meios, é necessário se fale aos ouvidos e aos olhos: esse o papel dos Espíritos batedores e zombeteiros. Convém que aqueles que se orgulham da sua ciência sejam humilhados pelos Espíritos menos instruídos e menos adiantados”.
Isso porque, pela lei de afinidades, os bons Espíritos simpatizam com os homens de bem, ou suscetíveis de se melhorarem, e os Espíritos inferiores com os homens viciosos, ou que podem tornar-se tais. Importante destacar que o médium exerce significativa influência moral nas mensagens mediúnicas por ele recebidas, daí o cuidado de serem analisadas, com lucidez e isenção de ânimo, antes de serem divulgadas.
Ainda Kardec, no Capítulo XXV, no item 281, sobre a utilidade das evocações particulares, na 15ª pergunta, extraímos: “Não imaginais o que se pode obter numa reunião séria, de onde se haja banido todo sentimento de orgulho e de personalismo e onde reine perfeito o de mútua cordialidade”.
Desses esclarecimentos, verificamos que a natureza e as características das reuniões mediúnicas estão diretamente relacionadas ao nível de conhecimento e ao caráter moral dos seus integrantes, garantindo, ou não, a seriedade da reunião.
Todos os servidores da Casa Espírita são engrenagens importantes para movimentar os trabalhos fraternos e desenvolver as tarefas atribuídas sob as orientações de mentores e benfeitores espirituais, sendo que para obter bons resultados devem atuar como um todo coletivo e que as atividades sejam realizadas sob condições especiais de controle.
Lendo o livro “Perturbações espirituais”, do Espírito Manoel Philomeno de Miranda, na psicografia de Divaldo Pereira Franco, somos informados sobre os constantes ataques de Espíritos inferiores às instituições espíritas, em que esses agentes das trevas procuram causar desarmonia e conflitos entre os seus integrantes e desvio de rumo nos trabalhos desenvolvidos, aproveitando-se das vulnerabilidades e fragilidades de alguns espíritas invigilantes e os que possuem pouco conhecimento doutrinário do Espiritismo, deixando-se cair em tentações que provocam severas quedas morais.
Kardec, em “O Livro dos Médiuns”, no Capítulo XXIX, no item, 325, ensina que “As reuniões frívolas se compõem de pessoas que só veem o lado divertido das manifestações, que se divertem com as facécias dos Espíritos levianos, aos quais muito agrada essa espécie de assembleia, a que não faltam por gozarem nelas de toda a liberdade para se exibirem. É nessas reuniões que se perguntam banalidades de toda sorte, que se pede aos Espíritos a predição do futuro, que se lhes põe à prova a perspicácia em adivinhar as idades, ou o que cada um tem no bolso, em revelar segredinhos e mil outras coisas de igual importância”.
No mesmo contexto das reuniões frívolas, no livro “Perturbações espirituais”, uma mensageira da Estância superior descreve a ação dos Espíritos adversários da Verdade: “Atormentados pelas paixões servis, transformam os núcleos espíritas, que devem ser dedicados ao estudo, a oração, ao recolhimento dos sofredores, a santuário de comunhão com o Mundo Espiritual superior, em clubes de futilidades, de divertimentos, de comentários desairosos, de convívio para o prazer e de lancharias comuns…”.
Por tudo isso, avulta de importância manter a seriedade nas reuniões mediúnicas e intensificar a vigilância, como sentinela da própria consciência, para não descer dos planos de relativo entendimento que já foi conquistado para o campo de ações menos edificantes, as quais sujeitam ao assédio de forças mal intencionadas.
Nesse processo de descida, podemos manter sintonia com entidades perturbadoras que, tomando de assalto a nossa casa íntima, rouba a paz e nos fere profundamente. A descida de um padrão vibratório, de forma invigilante, sempre ocasiona prejuízos.
Mesmo como espíritas, ainda vivemos sob o impacto de recaídas quando, invigilantes, alimentamos indignidades e introduzimos desarmonias no psiquismo próprio e alheio. Daí, o imperativo de grande vigilância para que a nossa consciência não se contamine pelo mal.
Percebemos, assim, que em todos os acontecimentos infelizes e decorrentes da invigilância ou da insinuação de forças inferiores, o mal opera às escondidas. Instaurado o processo de desarmonia, o agente causador da perturbação retira-se, observando, à distância, os seus efeitos.
Assim, no momento de transição planetária, cresce de importância que os trabalhadores da última hora intensifiquem os seus estudos e convertam-se em um ser mais espiritualizado, como verdadeiro instrumento da divindade para o progresso da Humanidade, devendo melhorar-se para atingir a vanguarda ascensional e a plenitude do exercício de sua faculdade, e moralizado pela Palavra no íntimo do seu coração. Para tanto, destaca-se a vigilância necessária para que as atividades mediúnicas sejam orientadas de acordo com os padrões que se esperam delas.
Bibliografia:
KARDEC, Allan; tradução de Guillon Ribeiro. O Livro dos Médiuns. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.
MIRANDA, Manoel Philomeno de (Espírito), na psicografia de Divaldo Pereira Franco. Perturbações espirituais. 1ª Edição. Salvador/BA: LEAL, 2020.
MOURA, Marta Antunes de Oliveira de (Organizadora). Estudo aprofundado da doutrina espírita: Ensinos e parábolas de Jesus – Parte I: orientações espíritas e sugestões didático-pedagógicas direcionadas ao estudo do aspecto religioso do Espiritismo. 1ª Edição. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2016.
MOURA, Marta Antunes de Oliveira de (Organizadora). Mediunidade: estudo e prática. Programa I. 2ª Edição. Brasília/DF, Federação Espírita Brasileira, 2018.